Setembro Verde é um mês dedicado à conscientização sobre a importância da doação de órgãos, uma ação que salva vidas e simboliza um verdadeiro ato de solidariedade e amor ao próximo. Neste cenário, Santa Catarina se sobressai como uma referência no Brasil e na América Latina, com uma das maiores taxas de doação de órgãos do país.
Segundo dados da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), o estado atingiu a impressionante marca de 40,7 doadores por milhão de população (pmp) no primeiro semestre de 2024, quase o dobro da média nacional de 19,5 pmp.
Além das altas taxas de doação, o estado também apresenta uma das menores taxas de negativa familiar, com 35%, o que demonstra a conscientização e o comprometimento da população catarinense. Este artigo irá explorar os avanços, os desafios e a importância do Setembro Verde para a doação de órgãos em Santa Catarina, abordando desde os índices alcançados até o processo de doação e as ações do governo.
O Setembro Verde é um período dedicado à sensibilização da sociedade sobre a importância da doação de órgãos e tecidos. A campanha busca incentivar a conversa sobre o tema dentro das famílias, uma vez que a autorização familiar é essencial para que a doação aconteça. No Brasil, apesar de avanços significativos, muitos potenciais doadores não têm seus órgãos utilizados devido à recusa das famílias, o que torna o trabalho de conscientização ainda mais crucial.
Em Santa Catarina, o movimento pelo Setembro Verde ganhou força, impulsionado pelos excelentes resultados que o estado tem alcançado ao longo dos anos. Desde o início de 2024, a SC Transplantes, órgão vinculado à Secretaria de Estado da Saúde (SES), já registrou 504 notificações de potenciais doadores, dos quais 215 se tornaram doadores efetivos, resultando em uma taxa de 42,3 pmp em casos de morte encefálica.
Santa Catarina tem se destacado como um dos estados líderes na doação de órgãos no Brasil. Esse resultado é fruto de um trabalho contínuo de capacitação e estruturação das Comissões Hospitalares de Transplantes, que atuam em parceria com 69 instituições hospitalares no estado. Além disso, o Governo de Santa Catarina tem investido em uma logística eficiente, garantindo que os órgãos doados cheguem aos receptores de forma rápida e segura, independentemente da localização.
A eficiência na doação de órgãos catarinense não é apenas um exemplo para o Brasil, mas também para a América Latina, onde o estado é reconhecido por suas altas taxas de doação e pelo envolvimento de toda a comunidade de saúde. A estrutura estadual conta com o apoio de aeronaves, tanto da Secretaria de Estado da Saúde quanto de outros órgãos como a Polícia Militar e o SAMU, permitindo o transporte ágil dos órgãos para transplante.
O processo de doação de órgãos envolve muito mais do que a simples retirada e transplante dos órgãos. É uma operação complexa e coordenada que envolve dezenas de profissionais, desde a notificação de um potencial doador até a entrega dos órgãos ao receptor.
A logística desempenha um papel fundamental, especialmente quando se trata de órgãos como coração e pulmões, que têm uma janela de tempo extremamente limitada para o transplante – geralmente de quatro horas após a retirada. Em Santa Catarina, o sucesso dessa logística é garantido pela utilização de aeronaves da Polícia Militar, SAMU, Corpo de Bombeiros, voos comerciais e táxi aéreo, garantindo que os órgãos cheguem rapidamente ao destino, independentemente da localização do receptor.
Além da agilidade, a segurança no transporte também é uma prioridade. Isso é feito com cuidados extremos para garantir que os órgãos cheguem em perfeitas condições, aumentando as chances de sucesso nos transplantes. O apoio do Governo do Estado nesse processo é essencial para manter o fluxo contínuo de doações e transplantes, proporcionando um serviço de saúde que beneficia tanto os catarinenses quanto pacientes de outros estados.
No Brasil, a doação de órgãos só é possível com a autorização dos familiares do doador, um fator que torna a conscientização sobre o tema ainda mais importante. Apesar do avanço da campanha Setembro Verde, muitos brasileiros ainda não discutem a questão da doação de órgãos com seus familiares, o que pode gerar incertezas e até recusa na hora da decisão.
Em Santa Catarina, a taxa de não autorização familiar é uma das menores do país, com 35%, enquanto a média nacional está em 45%. Esse dado reflete o sucesso das campanhas de conscientização e da atuação das equipes de transplantes, que trabalham de forma próxima com as famílias no momento delicado da tomada de decisão.
O coordenador da SC Transplantes, Joel de Andrade, destaca a importância de comunicar o desejo de ser doador à família. “Estamos trabalhando para que esses números cresçam e que possamos entregar, ao final desse ano, um resultado ainda melhor. E não se esqueça, se você é um doador de órgãos, comunique sua família!”, reforça Andrade.
O Dia Nacional da Doação de Órgãos, celebrado em 27 de setembro, é uma data simbólica para destacar a importância da doação como um ato de solidariedade. É uma oportunidade para sensibilizar a sociedade e promover conversas sobre o tema. Uma única pessoa pode salvar até dez vidas, doando órgãos como coração, rins, pulmões, fígado e pâncreas, além de tecidos como córneas.
As campanhas realizadas nesse dia buscam não apenas aumentar o número de doações, mas também informar a população sobre o processo de doação e os mitos que ainda cercam o tema. A informação correta e acessível é essencial para reduzir o medo e a desconfiança, e muitas vezes é o que leva as famílias a tomarem a decisão de autorizar a doação.
Após a confirmação da morte encefálica e a autorização da família, inicia-se o complexo processo de transplante. A remoção dos órgãos é realizada em ambiente hospitalar por uma equipe especializada, que segue protocolos rigorosos para garantir que os órgãos estejam em perfeitas condições.
O próximo passo é a seleção dos receptores. Os órgãos são distribuídos com base em uma série de critérios, como a compatibilidade sanguínea e a gravidade do estado de saúde do paciente que aguarda o transplante. Quanto mais jovem e saudável o doador, maior a complexidade do processo, pois mais órgãos podem ser aproveitados, aumentando as chances de salvar diversas vidas.
A rapidez com que o órgão chega ao receptor é essencial para o sucesso do transplante, especialmente para órgãos como coração e pulmões. Já para outros órgãos, como rins e fígado, o tempo de transporte pode ser um pouco maior, mas ainda assim é necessário agir com rapidez.
Qualquer pessoa pode se tornar um doador de órgãos. Não é necessário deixar nenhum documento por escrito, basta informar o desejo à sua família. Após a confirmação da morte encefálica, a equipe médica entra em contato com os familiares para obter a autorização necessária. Uma vez obtida, o processo de remoção dos órgãos e tecidos é iniciado, seguido pela seleção dos receptores e o transplante.
O Governo de Santa Catarina e a SC Transplantes trabalham em conjunto com as Comissões Hospitalares de Transplantes para garantir que o processo seja realizado com eficiência e respeito. A conscientização sobre a importância da doação e a comunicação clara com a família são fundamentais para que mais vidas sejam salvas.