Rituais aborígenes de 12.000 anos são achados em caverna australiana

Em um feito arqueológico impressionante, uma equipe de pesquisadores descobriu evidências de rituais aborígenes datando de 12.000 anos na Caverna Cloggs, localizada no sopé dos Alpes australianos. A convite dos anciãos aborígenes Gunai Kurnai, os arqueólogos conduziram escavações que revelaram lareiras em miniatura enterradas e artefatos de madeira untados com gordura animal ou humana. Esta descoberta não apenas lança luz sobre práticas antigas, mas também destaca a continuidade cultural de um povo cuja herança resiste ao teste do tempo.

A descoberta na Caverna Cloggs remonta a um período entre 11.000 e 12.000 anos atrás, uma era que marca o final da última era glacial. Entre os achados estão lareiras em miniatura e artefatos de madeira Casuarina untados com gordura animal ou humana. Essas evidências correspondem à configuração das instalações rituais descritas na etnografia do século XIX sobre os Gunai Kurnai. A caverna, longe de ser um local de residência, servia como um espaço sagrado para rituais realizados por curandeiros conhecidos como “mulla-mullung”.

A Caverna Cloggs

A Caverna Cloggs exibe características arqueológicas que apontam para seu uso ritualístico ao longo de aproximadamente 23.000 anos. Entre essas características estão estalactites intencionalmente quebradas e um arranjo de pedras em uma alcova da caverna. A datação por urânio-tório dos filamentos de regeneração dessas estalactites sugere que a quebra ocorreu dentro do período de presença aborígene confirmado na caverna, começando por volta de 25.000 anos atrás.

Uma das descobertas mais intrigantes é um grande pedaço de calcita triturada encontrado no chão da caverna, ao lado de uma pedra de amolar portátil datada de 1.535 a 2.084 anos atrás. Outros achados incluem canudos de refrigerante quebrados e artefatos de quartzo de cristal, identificados como bulk (seixos) e groggin e kiin (cristais) pelos detentores do conhecimento Gunai Kurnai. Esses objetos, usados para fins mágicos e medicinais, revelam a profundidade das práticas rituais do povo Gunai Kurnai.

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O professor Bruno David, do Monash Indigenous Studies Centre, lidera uma iniciativa para preservar a herança cultural indígena em colaboração com a GunaiKurnai Land and Waters Aboriginal Corporation (GKLaWAC). Ele recebeu a bolsa Australian Research Council (ARC) Industry Laureate Fellowship para desenvolver métodos de previsão e monitoramento da suscetibilidade de sítios arqueológicos costeiros à erosão. Esse trabalho não só preserva a herança cultural, mas também capacita os Proprietários Tradicionais GunaiKurnai a gerenciar suas terras e mares.

A importância da descoberta

A descoberta na Caverna Cloggs é um testemunho da resiliência cultural dos Gunai Kurnai. A continuidade de práticas rituais por mais de 12.000 anos ilustra a profundidade e a persistência de suas tradições. As fogueiras em miniatura e os artefatos de madeira untados com gordura encontrados na caverna são evidências tangíveis da transmissão cultural que atravessou 500 gerações.

O povo Gunai Kurnai, Proprietário Tradicional de uma vasta área no sudeste da Austrália, possui uma rica tradição oral que inclui histórias, canções e cerimônias passadas de geração em geração. Apesar das interrupções causadas pela colonização europeia, que trouxe novas doenças, desapropriação de terras e conflitos violentos, a cultura Gunai Kurnai sobreviveu e continua a florescer.

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A descoberta arqueológica na Caverna Cloggs é mais do que uma simples coleção de artefatos antigos. Ela representa um elo vital na cadeia de continuidade cultural dos Gunai Kurnai, evidenciando a resiliência e a profundidade das tradições aborígenes australianas.

Conforme os estudiosos avançam nas escavações, espera-se que mais achados revelem novos detalhes sobre as práticas rituais e a vida espiritual do povo Gunai Kurnai. Esta descoberta não só enriquece nosso entendimento da história humana, mas também celebra a herança cultural duradoura de um povo que continua a inspirar e a ensinar.

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