A raça de gado de corte Purunã, genuinamente paranaense, está ganhando reconhecimento nacional e atraindo criadores de diversas regiões do Brasil. Desenvolvida por pesquisadores do antigo Iapar (Instituto Agronômico do Paraná), atual IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná — Iapar-Emater), a Purunã foi oficialmente reconhecida há apenas oito anos, mas já mostra resultados impressionantes em termos de produtividade e adaptabilidade. Este artigo explora as características e vantagens da raça Purunã, destacando seu impacto na pecuária brasileira.
A Purunã é a primeira raça de bovino para corte desenvolvida no Paraná e a única criada por um centro estadual de pesquisa no Brasil. O nome homenageia a Serra do Purunã, que separa o Primeiro do Segundo Planalto do Paraná, próximo à Estação de Pesquisa Fazenda-Modelo em Ponta Grossa, onde todos os estudos, cruzamentos e seleções foram realizados. Oficialmente reconhecida pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) em 2016, a raça Purunã é resultado de quase quatro décadas de cruzamentos controlados entre as raças Charolês, Aberdeen Angus, Caracu e Canchim.
A raça Purunã combina os melhores atributos das raças que a compõem. Caracu e Canchim proporcionaram rusticidade, tolerância ao calor e resistência a carrapatos. Charolês contribuiu com rápido ganho de peso, carcaça de grande rendimento e alto percentual de carnes nobres, enquanto o Angus trouxe precocidade, temperamento dócil e alta qualidade do marmoreio na carne. Além disso, as vacas Purunã possuem habilidade materna e boa produção de leite, características importantes para o manejo dos rebanhos.
A adaptabilidade da raça Purunã a diferentes regiões do Brasil é um dos seus principais atrativos. O pecuarista Marcos Ottoni Almeida, de Guaratinguetá, São Paulo, adquiriu um touro Purunã no final de 2022 após conhecê-la em um dia de campo em Ponta Grossa. Impressionado com os animais, Almeida relata que as primeiras 33 crias resultantes do touro estão agora em fase de desmame e mostram um desenvolvimento muito rápido.
Erlon Pilati, atual presidente da Associação dos Criadores de Purunã (ACP), também destaca o desenvolvimento acelerado dos animais. Segundo ele, um bezerro com sangue Purunã alcança a desmama com 20% a 25% mais peso que uma cria de rebanho convencional, resultando em mais dinheiro no bolso do pecuarista com o mesmo custo de produção. A precocidade, adaptabilidade, rusticidade, habilidade materna e carne de alta qualidade são algumas das características que fazem da Purunã uma escolha atraente para os criadores.
A ACP está promovendo um amplo recadastramento dos animais Purunã, puros ou cruzados, para uma detalhada avaliação genética. Esta estratégia, discutida com o diretor-presidente do IDR-Paraná, Richard Golba, visa assegurar maior assertividade na realização de cruzamentos e na transmissão de características desejáveis aos descendentes. Atualmente, a ACP conta com 32 associados em diferentes estados do Brasil, com aproximadamente 12 mil animais registrados. O Paraná ainda concentra cerca de 40% dos exemplares da raça, mas a expansão continua sólida e crescente.
A identificação genética é uma ferramenta crucial para o avanço da raça Purunã. Segundo Richard Golba, a identificação genética permitirá uma evolução de 10 anos em apenas dois, garantindo cruzamentos mais assertivos e a transmissão de características desejáveis aos descendentes. Além disso, a sustentabilidade é uma preocupação constante, com práticas de manejo que visam minimizar impactos ambientais e maximizar a eficiência produtiva.
O impacto econômico da raça Purunã na pecuária brasileira é significativo. O Brasil é o maior produtor e exportador mundial de celulose e carne bovina, e a introdução de raças produtivas como a Purunã contribui diretamente para o crescimento do PIB e a geração de empregos. A adaptabilidade da Purunã a diferentes regiões do país também permite uma diversificação produtiva, beneficiando pecuaristas de várias localidades.