O Paraná se prepara para se tornar o primeiro governo subnacional do mundo a instituir uma política de créditos de biodiversidade. Esta iniciativa pioneira visa compensar a pressão ambiental causada por empresas e indústrias, e está sendo desenvolvida em parceria com a Coalizão Life de Negócios e Biodiversidade. A apresentação do projeto está prevista para outubro, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade (COP 16), que será realizada em Cali, na Colômbia.
De acordo com Rafael Andreguetto, diretor de Políticas Ambientais da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável (Sedest), o objetivo do programa é criar um sistema que, em acordo com o setor privado, compense o impacto ambiental das operações empresariais. O foco inicial será um projeto-piloto que beneficiará 25 Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) paranaenses. Os créditos de biodiversidade gerados serão revertidos em ações e projetos dentro dessas Unidades de Conservação (UCs).
“Estamos criando algo amplo, uma política setorial que quantifica a pressão ambiental causada pela exploração de recursos naturais, consumo de água e energia, e impacto sobre o efeito estufa. Com base nessa quantificação, o crédito será revertido para o meio ambiente”, explicou Andreguetto.
O projeto-piloto deverá ser implementado em 2025, após a apresentação oficial na COP 16. As RPPNs inicialmente beneficiadas foram selecionadas com base em critérios técnicos rigorosos. Contudo, a intenção é expandir o alcance da política para incluir também parques municipais, estaduais e federais.
“As conversas estão avançando bem. Queremos ter tudo delineado e assinado para apresentar ao mundo em outubro, na COP 16, permitindo que a legislação entre em vigor no próximo ano”, destacou Andreguetto.
A Coalizão Life de Negócios e Biodiversidade, lançada em 15 de dezembro de 2022, durante a COP 15 da Biodiversidade em Montreal, no Canadá, é uma parceria de empresas comprometidas com a integração da biodiversidade em seus modelos de negócios. A coalizão busca promover ações concretas e soluções transformadoras para a conservação ambiental, lideradas pelo Instituto Life.
Entre as empresas que integram a Coalizão Life estão grandes nomes como Grupo Boticário, Itaipu Binacional, Klabin, Suzano e Permian Global. Essas organizações trabalham juntas para acelerar a inclusão da biodiversidade nas práticas empresariais, respondendo à emergência ambiental global e ajudando a mitigar os efeitos das mudanças climáticas.
A implementação da política de créditos de biodiversidade do Paraná tem o potencial de trazer inúmeros benefícios ambientais, econômicos e sociais. Entre os principais benefícios esperados estão a conservação de áreas naturais, a promoção de práticas empresariais sustentáveis e a melhoria da qualidade de vida das comunidades locais.
No entanto, a iniciativa também enfrenta desafios significativos. A quantificação precisa do impacto ambiental das empresas e a criação de um sistema eficaz de geração e monitoramento de créditos de biodiversidade exigem um esforço colaborativo entre o governo, o setor privado e organizações não governamentais.
A apresentação do projeto na COP 16 é um passo crucial para garantir a visibilidade e o apoio internacional à política de créditos de biodiversidade do Paraná. A conferência, que reúne líderes globais, cientistas e ativistas ambientais, é uma plataforma ideal para destacar as inovações brasileiras em sustentabilidade e conservação ambiental.
A participação do Paraná na COP 16 também reforça o compromisso do estado com os objetivos globais de conservação da biodiversidade e combate às mudanças climáticas. Através da apresentação de políticas inovadoras e eficazes, o Paraná pode servir de modelo para outras regiões e países que buscam equilibrar desenvolvimento econômico com responsabilidade ambiental.