Em um cenário global marcado por eventos climáticos extremos, o estado do Paraná está tomando medidas proativas para enfrentar desastres ambientais com mais eficiência. O governo estadual está investindo em dois importantes projetos, Monitora Paraná e Monitora Litoral, que têm como objetivo modernizar o monitoramento e aprimorar as respostas a desastres naturais, como enchentes, deslizamentos e incêndios florestais.
A implementação dessas iniciativas busca não apenas reagir a esses eventos, mas antecipá-los, oferecendo uma estrutura mais robusta para proteger o meio ambiente e a população paranaense.
O Monitora Paraná é uma das grandes apostas do governo estadual para aprimorar a gestão e mitigação de desastres naturais em áreas estratégicas do estado. Este projeto foca em identificar vulnerabilidades em áreas de proteção ambiental, como Unidades de Conservação (UCs), Corredores Ecológicos e Áreas Estratégicas de Conservação e Restauração (AECR), que abrigam ecossistemas frágeis.
A iniciativa inclui a aquisição de novos equipamentos, como estações meteorológicas automáticas, radares e sistemas computacionais avançados, que permitirão a coleta e análise de dados em tempo real. Com isso, será possível monitorar padrões de precipitação, temperatura e outros fatores climáticos que aumentam os riscos de desastres, como os incêndios florestais que têm assolado a região.
Um dos objetivos principais do Monitora Paraná é criar planos de adaptação e mitigação para essas áreas vulneráveis. Ao entender melhor os riscos e como eles se desenvolvem, o governo pode alocar recursos e esforços de maneira mais eficiente, reduzindo os impactos dos eventos climáticos extremos e preservando o meio ambiente.
Enquanto o Monitora Paraná foca em áreas de proteção ambiental em todo o estado, o Monitora Litoral é voltado para a região costeira, composta por sete municípios: Antonina, Morretes, Paranaguá, Pontal do Paraná, Guaraqueçaba, Matinhos e Guaratuba. Essa região apresenta desafios específicos, como a vulnerabilidade a enchentes, marés altas e tempestades que podem impactar diretamente as comunidades e os ecossistemas locais.
O projeto Monitora Litoral prevê a instalação de equipamentos especializados para medir níveis do mar, altura de ondas e correntes marítimas. Essas informações serão utilizadas para criar uma modelagem oceanográfica detalhada do litoral paranaense, que permitirá prever com maior precisão eventos climáticos adversos e auxiliar na tomada de decisões para minimizar seus impactos.
Esse avanço no monitoramento é um grande salto para o Paraná, que passará a contar com dados detalhados sobre a dinâmica do litoral, melhorando a capacidade de resposta a enchentes e outras emergências marítimas. Além disso, o sistema de alerta aprimorado permitirá que as autoridades e a população local recebam avisos em tempo real sobre riscos iminentes, como tempestades e marés altas.
Com um investimento de R$ 140 milhões, sendo R$ 70 milhões destinados a cada projeto, o Monitora Paraná e o Monitora Litoral contam com parte dos recursos oriundos da compensação ambiental paga pela Petrobras após o acidente ambiental ocorrido em Araucária, em 2000. Esse montante foi liberado pela Justiça Federal recentemente e está sendo aplicado para modernizar o sistema de monitoramento ambiental do estado.
O Instituto Água e Terra (IAT) e o Simepar, vinculados à Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável (Sedest), são os órgãos responsáveis pela execução dos projetos. Ambas as instituições têm um histórico sólido de atuação na área ambiental e no monitoramento climático, sendo fundamentais para a implementação e operação das novas estruturas de coleta de dados e emissão de alertas.
Os projetos Monitora Paraná e Monitora Litoral se somam à já robusta estrutura de monitoramento do estado. Atualmente, o Simepar opera com 120 estações meteorológicas automáticas, três radares meteorológicos e cinco sensores de descargas elétricas, que fornecem dados valiosos para órgãos como a Defesa Civil e a Sedest.
Com a modernização trazida pelos novos projetos, essa infraestrutura será ampliada e aprimorada, permitindo um monitoramento mais preciso e eficiente. Além disso, serão adquiridos novos sistemas computacionais que integrarão diferentes tipos de dados, como informações hidrológicas e meteorológicas, para fornecer uma visão mais completa dos riscos ambientais em todo o Paraná.
O avanço trazido pelos programas Monitora Paraná e Monitora Litoral representa uma mudança significativa na abordagem do estado em relação aos desastres naturais. Tradicionalmente, o Brasil tem uma cultura reativa, ou seja, as medidas são tomadas após o ocorrido. No entanto, com esses projetos, o Paraná assume uma postura mais preventiva, investindo em tecnologia para antecipar eventos climáticos extremos e mitigar seus impactos.
Essa mudança de paradigma é essencial em um momento em que as mudanças climáticas aumentam a frequência e intensidade de eventos como enchentes, secas e incêndios florestais. Além de proteger vidas humanas, a prevenção de desastres também tem um impacto econômico positivo, evitando prejuízos financeiros relacionados à destruição de infraestruturas, perdas agrícolas e danos a propriedades.
Além do investimento em monitoramento, o estado do Paraná tem adotado medidas concretas para enfrentar as mudanças climáticas. O Programa Paranaense de Mudanças Climáticas (Paranaclima), liderado pela Coordenação de Ação Climática e Relações Internacionais, é um exemplo disso. Um dos principais resultados do programa é o Plano de Ação Climática, que tem como objetivo reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) e fortalecer a resiliência das comunidades frente aos desafios impostos pelas mudanças no clima.
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Entre as iniciativas do Plano de Ação Climática está a elaboração do Índice de Vulnerabilidade dos Municípios, que identifica os locais mais suscetíveis a eventos climáticos extremos. Com base nesses dados, o governo estadual pode direcionar esforços para mitigar os riscos em áreas críticas, desenvolvendo soluções inovadoras e adaptativas para proteger a população e o meio ambiente.