Em 2001, uma descoberta submersa na costa oeste de Cuba trouxe à tona uma série de estruturas enigmáticas que continuam a intrigar exploradores, cientistas e entusiastas da história. O que parecia ser um achado extraordinário, com blocos de pedra organizados simetricamente, despertou comparações imediatas com a lendária cidade perdida de Atlântida.
No entanto, com o passar dos anos, a história que uma vez capturou a imaginação da mídia e do público, mergulhou na obscuridade. O que aconteceu com as “ruínas” submersas de Cuba? Foram elas investigadas a fundo? E por que esse mistério permanece, até hoje, envolto em silêncio?
Tudo começou em uma missão de exploração e levantamento, liderada por Pauline Zalitzki, uma engenheira marinha, e seu marido Paul Weinzweig. Eles estavam trabalhando em parceria com o governo cubano na ponta da Península de Guanahacabibes, na província de Pinar del Río.
A missão, que inicialmente tinha como foco a busca por navios carregados de tesouros da era colonial espanhola, tomou um rumo inesperado quando o sonar de alta tecnologia da equipe capturou imagens intrigantes do fundo do mar.
As estruturas detectadas pelo sonar se destacavam no árido leito oceânico, apresentando formas simétricas e geométricas que lembravam um complexo urbano. Para Zalitzki e Weinzweig, o achado sugeria a possibilidade de uma civilização antiga perdida sob as águas.
No entanto, em vez de celebrarem a descoberta como uma evidência de Atlântida, os exploradores mantiveram a cautela. Eles sabiam que, sem uma investigação mais aprofundada, qualquer conclusão seria prematura.
As imagens iniciais obtidas pelo sonar revelaram blocos lisos e bem definidos, que pareciam ter sido organizados de maneira deliberada. Alguns deles se assemelhavam a pirâmides, enquanto outros apresentavam formas circulares. No entanto, a falta de clareza das imagens deixou espaço para especulações e teorias que rapidamente se espalharam pela mídia.
Em julho de 2001, a equipe retornou ao local, desta vez acompanhada pelo geólogo Manuel Iturralde, um pesquisador sênior do Museu de História Natural de Cuba. Equipados com um Veículo Operado Remotamente (ROV), eles conseguiram capturar imagens mais detalhadas das estruturas. O que viram foi ainda mais surpreendente: blocos de pedra semelhantes a granito talhado, medindo cerca de 8 pés por 10 pés, alguns empilhados, outros isolados.
Zalitzki, embora impressionada, evitou fazer comparações diretas com a lendária Atlântida. Para ela, as formações podiam ser os restos de uma antiga cultura local, possivelmente situada em uma ponte de terra que unia a Península de Yucatán, no México, a Cuba. Essa teoria parecia ecoar lendas maias e iucatecas que falavam de uma ilha habitada por ancestrais que foi tragada pelo mar.
À medida que a descoberta ganhou notoriedade, muitos se perguntaram se aquelas estruturas poderiam realmente ser os restos da mítica Atlântida, descrita por Platão como uma avançada civilização que desapareceu “por violentos terremotos e inundações”. No entanto, a profundidade em que as estruturas foram encontradas — cerca de 650 metros abaixo da superfície — levantou dúvidas entre especialistas.
Keith Fitzpatrick-Matthews, do site de desmascaramento Bad Archaeology, foi um dos críticos mais vocais, argumentando que, durante o Pleistoceno, quando os níveis do mar eram significativamente mais baixos, a máxima redução registrada foi de cerca de 100 metros. Para ele, a ideia de que uma cidade poderia ter afundado a uma profundidade tão grande era altamente improvável, a menos que um evento catastrófico e sem precedentes tivesse ocorrido.
Fitzpatrick-Matthews e outros céticos acreditam que as formações são mais provavelmente o resultado de processos naturais, talvez fenômenos geológicos ainda não completamente compreendidos. No entanto, a ausência de investigações subsequentes e o silêncio da mídia sobre o assunto levantaram suspeitas de que algo mais poderia estar em jogo.
Após a agitação inicial, a história das ruínas submersas de Cuba gradualmente desapareceu dos holofotes. As promessas de investigações adicionais feitas pelo governo cubano, pelo Museu Nacional e pela National Geographic nunca se materializaram de forma significativa. Isso levou alguns a questionar se houve uma supressão intencional de informações, talvez para evitar agitar teorias da conspiração ou expectativas infundadas.
Por outro lado, é possível que a falta de novas descobertas tenha simplesmente esfriado o interesse no caso. Afinal, sem provas concretas de que as estruturas são de origem humana, a hipótese de que são formações naturais pode ter prevalecido entre os especialistas.
Embora a história das ruínas submersas de Cuba não tenha levado à descoberta de uma nova Atlântida, ela serviu para nos lembrar do quanto ainda há para ser explorado nos oceanos do mundo. O fundo do mar permanece, em grande parte, um território desconhecido, onde mistérios como o das estruturas cubanas podem estar esperando para ser revelados.
O enigma das estruturas submersas continua a capturar a imaginação de muitos, servindo de inspiração para teorias, histórias e especulações. Até que novas investigações sejam realizadas, se é que algum dia serão, o mistério permanecerá, desafiando nossa compreensão do passado e da capacidade da natureza de criar formas que, à primeira vista, parecem obra de mãos humanas.
A história das ruínas submersas de Cuba é um lembrete fascinante de como o encontro entre a ciência e a imaginação pode gerar mistérios que persistem por décadas. Enquanto alguns veem nas estruturas evidências de uma civilização perdida, outros acreditam que elas são simplesmente o produto da natureza em sua forma mais enigmática.
Sem novas evidências ou investigações, a verdade sobre essas formações permanecerá tão oculta quanto as próprias ruínas, guardada pelas profundezas do oceano.
O que quer que essas estruturas sejam, elas nos convidam a olhar mais de perto, a explorar mais fundo e a questionar as narrativas que aceitamos como verdadeiras.
Afinal, o que está escondido sob as ondas pode ser tão revelador quanto o que se encontra em terra firme, esperando apenas o momento certo para emergir e desafiar nossas crenças sobre a história e a natureza.
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