Um fazendeiro da pequena vila de Tecacahuaco, localizada em Hidalgo, no centro-leste do México, fez uma descoberta que rapidamente chamou a atenção de historiadores e arqueólogos. Enquanto explorava suas terras, ele encontrou uma estrutura circular de pedra, parcialmente coberta por solo e vegetação, mas ainda reconhecível como uma construção humana.
A descoberta da estrutura foi um momento de grande excitação para o fazendeiro e sua comunidade de 1.250 habitantes. Quando ele compartilhou a notícia com amigos e vizinhos, muitos foram ao local para ver a estrutura por si mesmos. A curiosidade inicial deu lugar a uma série de histórias e lendas que começaram a surgir, muitas delas sugerindo que a estrutura havia sido usada por curandeiros locais para cerimônias de cura e oferendas aos deuses. Essas narrativas, passadas de geração em geração, indicavam que o local tinha uma importância espiritual significativa.
Uma história particularmente interessante contada pelos moradores de Tecacahuaco envolvia um padre local que, anos atrás, encontrou monumentos de pedra perto da estrutura. Segundo relatos, ele teria ordenado a destruição desses monumentos para encobrir qualquer ligação com práticas espirituais pré-colombianas ou pré-hispânicas. Essa ação, supostamente motivada pelo desejo de erradicar vestígios de antigas crenças, adiciona uma camada de mistério e conflito à história do local.
Reconhecendo a importância potencial da descoberta, os cidadãos de Tecacahuaco informaram as autoridades da cidade de Atlapexco, responsáveis por investigar achados culturais na área. Em maio de 2024, o INAH foi contatado e enviou equipes de arqueólogos ao local em três ocasiões distintas para examinar e analisar a estrutura de pedra. Recentemente, o INAH emitiu um comunicado detalhando suas descobertas, confirmando a importância arqueológica do achado.
A estrutura circular de Tecacahuaco, feita de tijolos de gesso cuidadosamente dispostos, tem aproximadamente 3,5 metros de altura. Ela apresenta uma escadaria de pedra bem preservada que permitia aos visitantes antigos subir até o topo. A seção inferior é circular, curvando-se para cima e fundindo-se com paredes verticais em forma de V na metade superior do monumento. Apesar de algumas porções da parte superior terem se desintegrado, a maior parte da estrutura permanece intacta, especialmente a seção inferior curva.
Embora não haja um método direto para datar a estrutura, os arqueólogos encontraram fragmentos de obsidiana ao redor do local. Essa rocha vulcânica, usada para fabricar ferramentas e outros objetos, foi encontrada em outros sítios mexicanos ligados a povos pré-hispânicos que viveram durante o período pós-clássico da Mesoamérica (900 a 1521 d.C.). Esses fragmentos sugerem que a estrutura circular de Tecacahuaco provavelmente foi construída nessa era.
A descoberta da estrutura circular e as histórias associadas indicam que o local era reconhecido como sagrado, tanto no passado quanto nos tempos modernos. Esse reconhecimento sugere que o conhecimento da importância espiritual do local foi transmitido através das gerações. Se Tecacahuaco fosse um assentamento ocupado durante o período pós-clássico, teria sido governado pelo senhorio de Metztitlan, uma entidade política independente que sobreviveu mesmo após o surgimento do Império Asteca no México central.
A descoberta da estrutura circular em Tecacahuaco oferece uma nova perspectiva sobre as práticas culturais e espirituais dos povos pré-hispânicos na região. Além de ampliar nosso conhecimento sobre a história local, ela destaca a continuidade de tradições espirituais que sobreviveram à colonização e às mudanças socioculturais ao longo dos séculos. Esta estrutura não é apenas um artefato arqueológico, mas também um testemunho vivo da resiliência cultural e espiritual das comunidades locais.
A descoberta da estrutura circular em Tecacahuaco é um marco significativo na arqueologia mexicana, revelando aspectos pouco conhecidos das culturas pré-hispânicas e sua continuidade através das gerações.
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