Nova descoberta pode revelar a cidade perdida de Tu’am

Recentes escavações na Ilha Al Sinniyah, em Umm Al Quwain, nos Emirados Árabes Unidos, têm capturado a atenção de arqueólogos e historiadores em todo o mundo. A descoberta de ruínas que datam do século VI poderia indicar a localização da antiga cidade de Tu’am, um assentamento historicamente significativo na região do Golfo Pérsico.

Localizada no lado ocidental da península de Khor Al Bidiyah, a Ilha Al Sinniyah já havia sido objeto de pesquisas arqueológicas que revelaram uma vila e um mosteiro de pérolas. No entanto, as recentes escavações conduzidas pelo Departamento de Turismo e Arqueologia de Umm Al Quwain, liderado por Sheikh Majid bin Saud Al Mualla, em colaboração com parceiros locais e internacionais, trouxeram à tona evidências de um assentamento muito maior e mais antigo do que se imaginava.

Acredita-se que a cidade de Tu’am, mencionada em antigos textos árabes, tenha sido um importante centro de pesca de pérolas e comércio de pedras preciosas na costa do Golfo. Seu nome, derivado do aramaico “To’me” e do árabe “Tu’am”, significa “gêmeos” e faz referência à dualidade de suas influências culturais e econômicas. No entanto, a cidade foi abandonada após a devastadora Peste de Justiniano, que atingiu a região no século VI.

As escavações na Ilha Al Sinniyah descobriram grandes edifícios residenciais semiurbanos, organizados ao longo de passarelas estreitas. Segundo o professor Tim Power, da Universidade dos Emirados Árabes Unidos, estas estruturas correspondem à descrição de Tu’am nas primeiras fontes geográficas islâmicas. “É claramente um lugar muito importante. Ninguém nunca o encontrou”, afirmou Power, destacando a importância desta descoberta.

Entre as ruínas, os arqueólogos encontraram valas comuns com esqueletos que não mostram sinais de trauma, indicando que a população foi dizimada pela Peste de Justiniano. Esta pandemia bubônica, que se espalhou pela região do Mediterrâneo, é um fator crucial na história do declínio de Tu’am. A descoberta desses restos mortais não apenas reforça a identificação do local como Tu’am, mas também fornece uma visão trágica das condições de vida na cidade durante sua fase final.

Dr. Michele Degli Esposti, chefe da Missão Arqueológica Italiana em Umm Al Quwain, destacou que as descobertas terão um impacto significativo em toda a região. A possibilidade de os visitantes vivenciarem as ruas de uma cidade antiga traz uma nova dimensão ao turismo histórico e cultural nos Emirados Árabes Unidos. “Nosso trabalho arqueológico descobriu, de longe, o maior assentamento alguma vez encontrado na costa do Golfo dos Emirados”, comentou Esposti.

A descoberta de Tu’am não é apenas um marco na arqueologia, mas também uma oportunidade para revisitar e celebrar a rica história pré-islâmica da região. A cidade, que pode ter sido nomeada em homenagem a São Tomás, representa um elo perdido entre as antigas rotas comerciais do Golfo e as influências culturais do Oriente Médio. Esta conexão histórica ajuda a compreender melhor a evolução das sociedades na Península Arábica.

As escavações na Ilha Al Sinniyah, em Umm Al Quwain, revelaram um tesouro arqueológico que pode reescrever a história da região. A possível identificação das ruínas como a antiga cidade de Tu’am oferece uma visão fascinante da vida e das condições durante os séculos IV a VI.

À medida que os arqueólogos continuam a escavar e estudar o local, espera-se que novas descobertas venham à luz, aprofundando nosso entendimento sobre este período crucial da história. A descoberta de Tu’am é um testemunho poderoso da riqueza histórica escondida sob as areias dos Emirados Árabes Unidos e uma promessa de que ainda há muito a ser revelado sobre o passado misterioso da região.

LEIA MAIS:

– O mistério das ruas antigas com mais de 2 mil anos que se iluminam por conta própria

– As evidências surpreendentes de civilizações antigas nas selvas brasileiras

– Mapeados 2 mil sítios arqueológicos indígenas no Estado de São Paulo