Nona Irene chegou ao município de Barracão em 1960, quando a cidade ainda dava seus primeiros passos. De origem humilde, ela e seu marido enfrentaram inúmeros desafios ao deixar o Rio Grande do Sul, em busca de melhores oportunidades. A mudança não foi fácil.
Inicialmente, a família se estabeleceu em São José do Cedro, onde o marido de Irene tentava erguer um negócio em sociedade com seu tio, mas os planos não saíram como esperado.
Após enfrentar dificuldades financeiras e de saúde — o marido de Irene havia perdido parte dos dedos em um acidente — eles decidiram se mudar para Barracão, onde novas oportunidades surgiram.
Em Barracão, a vida também não foi fácil. Irene lembra com detalhes as dificuldades enfrentadas para sustentar a família. Com três filhos pequenos e um marido que lutava para manter o negócio da família, Irene não se permitiu desanimar.
“Enquanto meu marido trabalhava na serraria e depois na oficina mecânica, eu me desdobrava entre os afazeres domésticos e o trabalho no campo. Eu trabalhava na roça, cuidava das crianças, e ainda ajudava na fábrica quando precisava”, conta.
A produção da família era diversificada: criavam porcos, galinhas, vacas, e até plantavam mandioca para vender. Tudo era aproveitado para garantir que nada faltasse em casa.
Mesmo com tantas dificuldades, Irene e sua família conseguiram se estabelecer, comprando uma casa e, mais tarde, investindo na fábrica que se tornou o sustento da família.
“A minha Fé foi crucial para superar os momentos mais difíceis da minha vida. Sempre coloquei Deus em primeiro lugar. Mesmo diante das adversidades, nunca deixei de acreditar que com a ajuda divina, tudo seria resolvido”, afirma.
Essa Fé se refletiu em sua vida pessoal e comunitária. Irene foi catequista por 30 anos e também atuou como ministra na igreja matriz de Barracão. Ela ajudou na construção da comunidade, seja através de suas orações ou de suas ações concretas, como na organização de eventos para arrecadar fundos para a igreja.
“Sempre ajudei no que pude, porque acredito que devemos fazer o bem sem olhar a quem”, destaca.
Irene ainda se lembra dos tempos em que fabricavam carrocerias, janelas e até caixões para a comunidade, demonstrando que o espírito empreendedor e o desejo de ajudar o próximo sempre estiveram presentes.
Com cinco filhos, vários netos e bisnetos, Nona Irene não esconde o orgulho que sente da família que construiu.
“Mesmo que a maioria dos filhos não siga religião com o mesmo fervor que eu, acredito que o exemplo ao longo dos anos é um legado muito importante”, destaca.
A família Reineri, hoje, é parte da história de Barracão. A antiga fábrica, que por anos foi o sustento da família, deu lugar a uma academia administrada por sua neta Jéssica.