A ciência acaba de ganhar mais um enigma cósmico para decifrar. Um exoplaneta recém-identificado, batizado de TOI-1846 b, tem chamado atenção da NASA por emitir sinais incomuns de luz intermitente, observados em março de 2025. Localizado a 154 anos-luz da Terra, na constelação de Lyra, o planeta faz parte de uma classe conhecida como “Super Terras”, por possuir massa superior à do nosso planeta, mas sem chegar às proporções de um gigante gasoso.
Desde que os satélites captaram os primeiros sinais, astrônomos ao redor do mundo têm se dedicado a entender o que pode estar por trás desses padrões luminosos fora do comum. A descoberta reacende debates sobre a composição e o comportamento atmosférico de mundos distantes – e, claro, sobre a possibilidade de vida em outros cantos do cosmos.
O que sabemos sobre o TOI-1846 b
O planeta foi detectado pelo satélite TESS (Transiting Exoplanet Survey Satellite), uma das principais ferramentas da NASA na busca por exoplanetas. Os sinais registrados chamaram atenção por apresentarem um padrão rítmico e oscilante, semelhante a pulsações. Ainda não se sabe ao certo se essas luzes têm origem natural, como tempestades ou processos geológicos, ou se podem indicar um fenômeno ainda desconhecido pela ciência.
De acordo com a equipe liderada por Abderahmane Soubkiou, do Observatório Oukaimeden no Marrocos, o TOI-1846 b foi confirmado com auxílio de diversos instrumentos terrestres e espaciais. A órbita do planeta se dá em torno de uma estrela anã vermelha, e ele se encontra dentro da chamada “lacuna de raio”, uma zona onde os planetas tendem a perder suas atmosferas originais por causa da intensa radiação estelar.
Ambiente hostil, mas não inabitável?
O TOI-1846 b apresenta características bastante peculiares. Um de seus lados está eternamente voltado para a estrela que orbita, onde as temperaturas atingem até 295°C, enquanto o lado oposto permanece na escuridão. Acredita-se que sua superfície combine vastos oceanos líquidos, camadas subterrâneas de gelo e uma atmosfera fina, o que contribui para a complexidade de sua análise.
Mesmo com essas condições severas, os astrônomos não descartam que outros planetas no mesmo sistema solar do TOI-1846 b possam conter elementos propícios à vida. Isso porque, em muitos sistemas planetários, nem sempre o planeta mais próximo da estrela é o mais interessante do ponto de vista biológico.
Técnicas de monitoramento e investigação continuam
A pesquisa sobre o TOI-1846 b segue em ritmo acelerado. Entre os métodos mais eficazes usados pela comunidade científica estão o monitoramento de trânsito – que observa o bloqueio de luz estelar causado pela passagem do planeta – e a velocidade radial, técnica que analisa as pequenas oscilações na órbita da estrela provocadas pela gravidade dos planetas ao seu redor.
Essas abordagens já permitiram a detecção de mais de 630 exoplanetas e continuam sendo cruciais para verificar a viabilidade de vida fora do Sistema Solar. De acordo com os dados mais recentes da NASA, até junho de 2025, já são 5.926 exoplanetas confirmados, distribuídos por 4.419 sistemas planetários – um número que cresce quase diariamente.
O mistério da luz intermitente
A emissão de luz intermitente ainda é um dos grandes pontos de interrogação. Embora existam hipóteses físicas e atmosféricas sendo consideradas, o sinal intrigante captado pelo TESS alimenta teorias que vão do incomum ao quase fantástico – inclusive entre aqueles que sonham com a possibilidade de inteligência extraterrestre.
Por ora, a explicação mais provável envolve flutuações na atmosfera do planeta, como tempestades elétricas, nuvens altamente refletivas ou interações com campos magnéticos desconhecidos. Mas o fato de a luz ter um padrão relativamente constante, como uma espécie de “pulso”, levanta mais dúvidas do que respostas.
Estamos vivendo uma nova era na astronomia
A quantidade de dados coletados nos últimos anos revolucionou nosso entendimento sobre o Universo. A pergunta “estamos sozinhos?” já deixou de ser um debate filosófico e passou a ser um campo de pesquisa concreto, com sondas, telescópios e satélites reunindo pistas diariamente.
A descoberta do TOI-1846 b, com suas particularidades e sinais luminosos misteriosos, é mais um capítulo nessa epopeia científica. O que antes parecia ficção científica hoje habita as páginas dos relatórios da NASA e levanta possibilidades fascinantes para o futuro da astrobiologia.
Conclusão
O TOI-1846 b ainda está envolto em incertezas, mas sua descoberta já representa um avanço monumental para a ciência espacial. Os sinais luminosos e as condições geológicas extremas do planeta revelam não apenas os mistérios daquele mundo distante, mas também o quanto ainda temos a aprender sobre os milhares de planetas que orbitam além do nosso céu.
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Apaixonada pela literatura brasileira e internacional, Heloísa Montagner Veroneze é especialista na produção de conteúdo local e regional, com ênfase em artigos sobre livros, arqueologia e curiosidades.