O que é a lua de morango e porque só vai se repetir daqui 18 anos?

A Lua de Morango, apesar de ganhar este nome encantador, não fica vermelha igual a um morango. Seu apelido vem de tradições indígenas da América do Norte, que associavam a lua cheia de junho à época de colheita dos morangos silvestres. A cada ano, ela surge no céu anunciando o início do verão no Hemisfério Norte, e recebe diversos outros nomes, como Lua do Hidromel, Lua da Rosa ou Lua do Plantio, conforme a cultura local.

Mas o que torna a Lua de Morango de 2025 tão especial — e só repetirá sua beleza dessa forma em mais 18 anos — é um fenômeno astronômico chamado lunistício ou grande paralisação lunar, uma dança orbital que participante a cada 18,6 anos.

A cada lunistício, o Sol, a Terra e a Lua se alinham de forma que provoca uma pequena, mas perceptível, mudança na trajetória lunar. A Lua cheia aparece excepcionalmente baixa no céu do Hemisfério Norte (e inesperadamente alta para quem está no Sul), proporcionando vistas marcantes e um espetáculo que encanta tanto astrônomos quanto apreciadores do céu aberto. Por isso, a Lua de Morango fica limitada a um evento de magnitude quase mítica: só volta a se repetir em sua forma mais impressionante.

Um fenômeno poético e natural

As tribos indígenas, como os Algonquinos, Dakota e Ojibwa, deram ao astro esse nome para marcar a época ideal de colheita e plantio, usando a lua como marcador urbano de culturas em sintonia com a terra. No Hemisfério Sul, apesar de coincidir com o outono e um período diferente de safra, o nome foi adotado pelo imaginário popular, reforçando a universalidade dos mitos lunares.

O que é o lunistício: a razão dos 18 anos

O termo lunistício refere-se ao ciclo de 18,6 anos em que a oscilação nodal da órbita da Lua atinge seus extremos. Durante esse período acontece a chamada “paralisação lunar” — não porque a Lua para de se mover, mas porque sua inclinação faz com que ela pareça estar pairando ou subindo e descendo lentamente no céu .

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Essa variação provoca dois efeitos visuais:

  • Altura extrema: no Hemisfério Norte, a lua cheia aparece muito baixa no céu; no Hemisfério Sul, lá em cima.
  • Grandeza aparente: ao surgir próxima do horizonte, ela parece maior — efeito que se intensifica por passar por mais camadas do ar terrestre e refratar tons âmbar ou avermelhados, principalmente se houver névoa ou fumaça.

O impacto disso durante a Lua de Morango de 2025: a lua será a mais baixa visível no céu do Norte desde 2006 – e só voltará a repetir esse show visual em 2043.

Por que só daqui a 18 anos?

Porque o lunistício é um verdadeiro relógio cósmico que leva 18,6 anos para completar um ciclo. Quando chega ao ápice — o que aconteceu recentemente —, a lua cheia de junho ganha esses atributos únicos. Uma vez que o ciclo reinicia, a inclinação desaparece e a lua volta aos ângulos “normais” que já conhecemos, até o próximo pulo desse ciclo.

Como observar a Lua de Morango agora

A edição de 2025 brilhou entre 10 e 11 de junho. O auge da fase cheia ocorreu exatamente em 11 de junho, às 4h43 (Brasília) e 4h46, segundo diferentes medições . No Brasil, especialmente longe da poluição luminosa, foi possível observá-la com nitidez e, no Sul, encontrar o astro bem elevado — o inverso do que ocorria lá no Norte .

Dicas para não perder

  • Siga o horizonte leste no entardecer de 10 de junho: será o primeiro vislumbre.
  • Melhor visibilidade entre 22 h e 00 h no horário local, quando estará bem alta.
  • Use apps de astronomia para acompanhar sua trajetória ou tirar fotos comparativas nos próximos anos .
  • Um binóculo realça crateras e regiões montanhosas, embora a lua cheia esconda alguns detalhes por clarear demais áreas sombreadas.
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Qual o show para o Hemisfério Sul?

Quem está no Sul, como aqui no Brasil, viu a Lua de Morango “altíssima” — a outra face do ciclo: enquanto no Norte ela está baixa, no Sul o astro aparece próximo ao zênite com grande intensidade . Esse contraste entre hemisférios evidencia a simetria e a imprevisibilidade do lunistício, que favorece observações variadas conforme a latitude do observador.

Mais do que cor, cultura e clima

Muitos se enganam na expectativa de verdades visualmente óbvias: a Lua de Morango não fica rosa. Ela apenas pode parecer avermelhada ao nascer ou se pôr, porque assim passa por mais atmosfera . A graça está no efeito, no ambiente, e na inspiração que esse tênue brilho desperta — e não na cor literal.

Culturalmente, o fenômeno é um lembrete da conexão milenar da humanidade com o céu. Desde plantadores até civilizações indígenas, a lua cheia orientava a agricultura, a pesca e festividades. Hoje, ainda fascina, mas ganha também o olhar científico, tecnológico e poético de todos nós.

A Lua de Morango transcende o romantismo do nome. Ela é o ponto de encontro entre tradição e ciência: um astro que se veste de mitos indígenas, traz memórias da colheita, mas também carrega a precisão de ciclos astronômicos de 18,6 anos. A edição de 2025 foi única ao exibir a lua cheia mais baixa no Norte e mais alta no Sul desde 2006 — um espetáculo que não voltará a se repetir antes de 2043. Portanto, se você a viu neste ano, colecione esse momento: registrou luz, cultura e movimento — tudo junto em uma mesma lua.