Ao longo da história, a bruxaria sempre despertou fascínio e medo, sendo um tema recorrente em diversas culturas.
Muitos livros antigos que tratam de bruxaria, magia e ocultismo são hoje considerados verdadeiras obras-primas, não apenas por seu conteúdo misterioso, mas também por sua importância histórica e cultural. Estes livros, guardados em museus ao redor do mundo, oferecem um vislumbre do passado e das crenças antigas.
Relacionamos neste artigo alguns dos mais notáveis livros antigos de bruxaria preservados em museus, revelando suas histórias e significados.
Malleus Maleficarum
Museu: Biblioteca do Vaticano, Itália
O “Malleus Maleficarum” (Martelo das Bruxas) é talvez o livro mais famoso sobre bruxaria, escrito por Heinrich Kramer e James Sprenger em 1487. Este tratado detalha a identificação, julgamento e punição de bruxas, e foi amplamente utilizado durante a Inquisição. O “Malleus Maleficarum” é uma obra fundamental para entender o pensamento europeu sobre bruxaria na Idade Média e na Renascença. Um dos exemplares mais bem preservados está na Biblioteca do Vaticano, onde pode ser estudado por historiadores e pesquisadores. Este livro teve um impacto profundo nas perseguições às bruxas, influenciando julgamentos e execuções em toda a Europa.
The Book of Shadows
Museu: Museu Britânico, Reino Unido
O “Book of Shadows” é um livro usado na Wicca, uma religião neopagã moderna. Embora existam muitas versões contemporâneas, algumas das cópias mais antigas e significativas estão preservadas no Museu Britânico. Estes livros contêm rituais, invocações e feitiços, refletindo a prática da bruxaria moderna e a continuidade de tradições esotéricas antigas. Gerald Gardner, considerado o fundador da Wicca moderna, contribuiu para a criação do “Book of Shadows” original, que está em exposição no museu. A coleção apresenta um rico panorama da evolução da Wicca e sua influência na espiritualidade contemporânea.
Picatrix
Museu: Biblioteca Nacional da França, França
O “Picatrix” é um grimório de magia astrológica e alquimia, traduzido do árabe para o latim no século XII. Esta obra é um compêndio de sabedoria esotérica, cobrindo diversos tópicos, desde astrologia até práticas mágicas. A Biblioteca Nacional da França possui uma das cópias mais antigas do “Picatrix”, oferecendo uma visão detalhada das práticas ocultas medievais e da interação entre culturas árabe e europeia na Idade Média. Este livro é essencial para quem estuda a história da magia e da alquimia, destacando a riqueza do conhecimento esotérico preservado ao longo dos séculos.
The Lesser Key of Solomon
Museu: Biblioteca Bodleiana, Reino Unido
“The Lesser Key of Solomon”, ou “Lemegeton”, é um dos grimórios mais influentes da tradição ocidental de magia. Dividido em cinco partes, ele descreve detalhadamente como invocar e controlar demônios, anjos e outros espíritos. A Biblioteca Bodleiana, em Oxford, possui uma cópia excepcionalmente bem preservada deste grimório, datada do século XVII. Este livro é uma fonte crucial para entender a magia cerimonial e suas práticas associadas. Os detalhes meticulosos sobre rituais e invocações presentes no grimório oferecem uma janela para o mundo das práticas mágicas da época.
Codex Gigas
Museu: Biblioteca Nacional da Suécia, Suécia
Conhecido como a “Bíblia do Diabo”, o “Codex Gigas” é um dos manuscritos medievais mais enigmáticos e maiores do mundo. Datado do início do século XIII, este livro contém não apenas textos religiosos, mas também tratados de medicina, história e magia. A Biblioteca Nacional da Suécia, em Estocolmo, guarda este impressionante manuscrito, famoso por sua ilustração do Diabo e pelas lendas que cercam sua criação. Com mais de 75 kg, o “Codex Gigas” é uma obra monumental que fascina estudiosos e visitantes com sua história misteriosa e conteúdo diversificado.
Munich Manual of Demonic Magic
Museu: Biblioteca Estadual da Baviera, Alemanha
O “Munich Manual of Demonic Magic”, também conhecido como “Clavis Inferni”, é um grimório do século XV focado em magia demoníaca. Este livro detalha rituais e invocações para controlar demônios, refletindo as práticas esotéricas da época. A Biblioteca Estadual da Baviera, em Munique, possui uma das cópias mais completas deste grimório, oferecendo uma visão rara das crenças e práticas ocultas medievais. O manual é uma peça crucial para entender a visão medieval sobre o sobrenatural e o esforço humano para dominar forças ocultas.
Grimorium Verum
Museu: Museu Metropolitano de Arte, Estados Unidos
O “Grimorium Verum” é um dos mais famosos grimórios de magia negra, supostamente escrito em 1517. Ele descreve diversos rituais e feitiços, incluindo instruções para invocar demônios. Uma cópia rara deste livro está preservada no Museu Metropolitano de Arte, em Nova York, onde é exibida como parte de sua coleção de manuscritos antigos. Este grimório é essencial para entender as tradições de magia negra na Europa, oferecendo uma visão detalhada dos rituais sombrios e práticas ocultas.
The Sworn Book of Honorius
Museu: Biblioteca Huntington, Estados Unidos
“The Sworn Book of Honorius”, ou “Liber Juratus”, é um grimório medieval atribuído ao mago Honorius de Tebas. Este livro é um dos mais antigos grimórios sobreviventes e contém instruções detalhadas para invocar anjos e obter visões divinas. A Biblioteca Huntington, na Califórnia, possui uma cópia valiosa deste livro, proporcionando uma visão profunda das práticas de magia angelical e teúrgica. As instruções e rituais contidos no grimório são um testemunho da busca humana pelo contato com o divino e o sobrenatural.
Clavicula Salomonis
Museu: Biblioteca Britânica, Reino Unido
A “Clavicula Salomonis”, ou “A Chave de Salomão”, é um dos mais famosos grimórios atribuídos ao Rei Salomão. Este livro de magia, datado do século XV, contém diversos rituais e fórmulas para invocar e controlar espíritos. A Biblioteca Britânica possui uma das cópias mais completas deste grimório, que continua a fascinar estudiosos e entusiastas do ocultismo. O conteúdo do livro abrange uma vasta gama de práticas mágicas, desde a invocação de anjos até a criação de talismãs.
De Occulta Philosophia
Museu: Biblioteca Ambrosiana, Itália
“De Occulta Philosophia” (A Filosofia Oculta) é uma obra monumental de Heinrich Cornelius Agrippa, publicada em três volumes no início do século XVI. Este livro abrange todos os aspectos da magia renascentista, desde a cabala até a astrologia e a alquimia. A Biblioteca Ambrosiana, em Milão, guarda uma edição original deste livro, que é uma peça fundamental para entender o pensamento esotérico da Renascença. Agrippa combina erudição e prática mágica, oferecendo um panorama abrangente das crenças e técnicas mágicas da época.
Os livros antigos de bruxaria preservados em museus ao redor do mundo são mais do que meros relicários do passado; eles são testemunhos vivos das crenças, medos e aspirações de épocas anteriores. Estas obras-primas oferecem um olhar profundo sobre a evolução da magia, do ocultismo e da ciência esotérica, além de serem fascinantes peças de história cultural. Estudar e preservar esses livros nos ajuda a compreender melhor a rica tapeçaria de tradições e conhecimentos que moldaram nossa civilização.
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