Tirzepatida mostra eficácia contra insuficiência cardíaca em pacientes obesos

A tirzepatida, comercializada como Mounjaro, é um medicamento inicialmente desenvolvido pela Eli Lilly para tratar diabetes tipo 2. Recentemente, ela demonstrou eficácia significativa contra um tipo de insuficiência cardíaca altamente prevalente e frequentemente associada à obesidade.

O estudo de fase 3 Summit, realizado em diversos centros ao redor do mundo, incluindo o Brasil, trouxe à luz dados promissores sobre os benefícios da tirzepatida para pacientes com insuficiência cardíaca de fração de ejeção preservada.

A tirzepatida foi aprovada no Brasil em setembro de 2023 para o tratamento de diabetes tipo 2. Nos Estados Unidos, além da indicação para diabetes, a droga também recebeu autorização para o tratamento da obesidade.

De acordo com dados preliminares apresentados pela Eli Lilly, o uso do medicamento em pessoas com insuficiência cardíaca de fração de ejeção preservada e com índice de massa corpórea (IMC) maior ou igual a 30 resultou em uma redução de 38% no risco de mortalidade em até um ano, além de diminuir o agravamento da condição.

Insuficiência Cardíaca de Fração de Ejeção Preservada

Esse tipo de insuficiência cardíaca ocorre quando a parede da câmara de bombeamento do coração se torna rígida, dificultando a capacidade do órgão de bombear sangue adequadamente. Entre os sintomas estão fadiga, falta de ar, redução da capacidade de se exercitar e edemas nos pulmões.

O estudo de fase 3 Summit foi conduzido em 146 centros em dez países, incluindo o Brasil, com a participação de 731 pacientes divididos em dois grupos: um recebeu a tirzepatida e o outro, um placebo. A dose da tirzepatida variou conforme a tolerância dos pacientes, começando em 2,5 mg e aumentando até um máximo de 15 mg por semana. Os voluntários foram acompanhados por 52 semanas para avaliar a eficácia do medicamento na redução do risco de morte cardiovascular ou insuficiência cardíaca.

O estudo atingiu seu objetivo primário, demonstrando uma redução significativa no risco de morte cardiovascular ou insuficiência cardíaca. Além disso, houve uma melhora nos sintomas de insuficiência cardíaca, medida pelo índice Kansas City, que avalia a função física dos pacientes com essa condição. Apenas participantes com escores abaixo de 80 foram incluídos no estudo.

A tirzepatida também se mostrou segura, com os principais eventos adversos sendo de grau leve a moderado, como náuseas, diarreia, diminuição do apetite, constipação e perda de peso. “Nós temos estudos da tirzepatida que estão sendo avaliados para redução de risco de morte cardiovascular, mas eles são mais longos, de quatro, cinco anos.

Aqui estamos falando de pacientes que em apenas um ano de acompanhamento já tiveram uma diminuição na mortalidade por insuficiência cardíaca”, avaliou Luiz Magno, diretor sênior da área médica da Lilly Brasil.

A insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada apresenta desafios tanto no diagnóstico quanto no tratamento. A condição pode ser mascarada por outras doenças cardiovasculares associadas, tornando o diagnóstico precoce difícil. Além disso, modificar as doenças associadas, como hipertensão, doença coronariana e obesidade, é crucial para o manejo efetivo da insuficiência cardíaca.

Um dos principais problemas enfrentados pelos pacientes é a dificuldade em identificar a doença precocemente. Muitos pacientes não reconhecem os sintomas ou os confundem com outras condições, levando a diagnósticos tardios e complicações graves. “A pessoa quando infarta, tem a doença coronariana há dez anos, ela nunca identificou. É a mesma coisa com a insuficiência cardíaca, a morte é o evento final”, afirma Magno.

No Brasil, a prevalência de insuficiência cardíaca é de aproximadamente 2 milhões de pacientes, com uma taxa de 240 mil novos casos por ano. As doenças cardiovasculares continuam sendo a principal causa de morte no país e no mundo, associadas a altos custos com saúde e uso significativo de recursos médicos.

Impacto da tirzepatida

Os resultados promissores do estudo com a tirzepatida podem representar uma mudança significativa no tratamento da insuficiência cardíaca associada à obesidade. A redução de 38% no risco de mortalidade e a melhora nos sintomas dos pacientes são indicadores fortes da eficácia do medicamento.

A Eli Lilly planeja enviar um pedido à FDA (Food and Drug Administration) para incluir na bula do medicamento o tratamento contra insuficiência cardíaca. A empresa também aguarda a publicação final e divulgação do estudo para apresentar os dados à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Com os resultados positivos do estudo de fase 3, a tirzepatida pode se tornar uma ferramenta valiosa no combate à insuficiência cardíaca, especialmente em pacientes obesos. O desenvolvimento de tratamentos mais eficazes e específicos para condições associadas à obesidade é crucial, considerando o aumento global da prevalência de obesidade e suas complicações associadas.

A Eli Lilly continua a conduzir estudos de longo prazo para avaliar a eficácia da tirzepatida na redução do risco de morte cardiovascular. Esses estudos, com duração de quatro a cinco anos, fornecerão dados adicionais sobre os benefícios a longo prazo do medicamento. A pesquisa contínua é essencial para entender completamente os impactos da tirzepatida e desenvolver estratégias de tratamento mais eficazes.

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