No coração do Peru, escondido entre as montanhas e vales, encontra-se Huaycán de Pariachi, um sítio arqueológico que testemunha a rica tapeçaria cultural e histórica das antigas civilizações andinas. Com uma história que remonta ao período pré-cerâmico, Huaycán de Pariachi serviu como um centro administrativo vital durante o Período Intermediário Tardio e o Horizonte Tardio, abrigando sucessivamente os Ichma e os Incas.
Este local, que cobre aproximadamente 60 hectares, foi declarado Patrimônio Cultural da Nação em 2000 e continua a fascinar arqueólogos e visitantes com suas ruínas bem preservadas e suas histórias intrigantes.
Antes da chegada dos conquistadores espanhóis, Huaycán de Pariachi era o principal centro administrativo do médio Vale do Rímac. Durante o Período Intermediário Tardio (900 – 1450 DC), os Ichma estabeleceram uma presença significativa na região, que durou até o Horizonte Tardio (1450 – 1532 DC), quando os Incas chegaram e assimilaram os habitantes locais. A cidade foi um centro de poder e cultura, refletindo a complexidade e a riqueza das civilizações que a habitaram.
Huaycán de Pariachi é dividido em três setores principais, cada um com suas características únicas e importância histórica:
O Setor 1 é o maior e mais visitado, abrigando os restos de uma antiga população ou llaqta. Este setor é composto por duas zonas: as residências de elite, conhecidas como Palácios, e áreas destinadas a fins domésticos, industriais e rituais. O Palácio restaurado utiliza duas técnicas de construção: paredes de taipa e paredes de pedra e barro. Inclui pátios, áreas abertas com bancos, rampas e nichos, alguns dos quais serviram a fins funerários durante as épocas colonial e republicana. Numerosos colqas, ou depósitos de armazenamento circulares profundos, eram usados para armazenar alimentos, demonstrando a importância econômica e logística do local.
O Setor 2 está localizado em frente à entrada principal e apresenta um troço de estrada elevada murada. Esta estrada fazia parte da rede Qhapaq Ñan durante o Horizonte Tardio, conectando Pariacha a outros centros administrativos do vale, como San Juan de Pariachi, Huanchihuaylas (hoje Santa Clara) e Mama (hoje Ricardo Palma). A estrada também conectava através da passagem da ravina Molle com Huaycán de Cieneguilla e a estrada principal Qhapaq Ñan de Hatun Xauxa a Pachacamac no Vale Lurín, evidenciando a importância estratégica de Huaycán de Pariachi nas rotas de comunicação e comércio.
O Setor 3, separado dos outros dois setores, está localizado a 1 km a oeste da entrada do Setor 1 e cobre uma área de 18 hectares. Este setor, embora em mau estado de conservação, oferece pistas valiosas sobre a vida cotidiana e as práticas construtivas dos antigos habitantes. As estruturas aqui têm paredes de taipa, refletindo uma técnica de construção comum na região.
Huaycán de Pariachi não foi totalmente investigado, mas várias iniciativas de pesquisa e restauração ao longo dos anos têm ajudado a revelar sua importância. Na década de 1940, o Dr. Julio C. Tello, considerado o pai da arqueologia peruana, visitou o local. Nas décadas de 1970, Arturo Jiménez Borja realizou trabalhos de restauração e conservação. Em 1985, explorações arqueológicas solicitadas pela cidade de Huaycán ao Instituto Nacional de Cultura (INC) ajudaram a delimitar a área do sítio. Mais recentemente, em 2015, o Ministério da Cultura do Peru conduziu o Projeto de Pesquisa Arqueológica, que continua a desenterrar e documentar a rica história do local.
Huaycán de Pariachi é mais do que um sítio arqueológico; é um testemunho vivo da adaptabilidade e engenhosidade das antigas civilizações andinas. As inscrições e estruturas encontradas ali oferecem insights sobre as práticas religiosas, econômicas e sociais dos Ichma e dos Incas. O Templo de Stratius Zeus, com suas características arquitetônicas e históricas, destaca a importância de Huaycán de Pariachi como um centro de poder e cultura na região.
Huaycán de Pariachi continua sendo um sítio arqueológico significativo no Peru, oferecendo uma janela para o passado que revela a riqueza e a complexidade das culturas Ichma e Inca. Os esforços contínuos de pesquisa e restauração são cruciais para preservar e entender melhor este tesouro histórico.
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