Granizo cobre deserto da Arábia Saudita e impressiona o mundo

Um fenômeno raro e surpreendente chamou a atenção mundial ao cobrir o deserto de Al-Nafud, na região de Al-Jawf, na Arábia Saudita, com uma camada branca de gelo. Imagens compartilhadas nas redes sociais mostram um cenário atípico para o local, onde as temperaturas costumam ser extremamente altas e as chuvas, escassas.

Embora muitos tenham se apressado em afirmar que nevou no deserto, cientistas esclareceram que o manto branco foi, na verdade, resultado de uma intensa tempestade de granizo.

Esse fenômeno desperta reflexões sobre as mudanças climáticas e sobre como regiões desérticas, normalmente secas e quentes, podem experimentar condições climáticas extremas e inesperadas. Neste artigo, vamos explorar como o granizo tomou conta do deserto saudita, as condições que favoreceram sua formação e o que cientistas têm a dizer sobre o impacto das mudanças climáticas na região.

O deserto de Al-Nafud, localizado no norte da Arábia Saudita, tem um clima árido, caracterizado por temperaturas que ultrapassam os 55ºC nos meses mais quentes e por precipitações mínimas, que ocorrem geralmente uma ou duas vezes ao ano. No entanto, no dia 2 de novembro, imagens registradas na região mostraram o solo desértico coberto por uma camada branca de gelo. Este fenômeno foi rapidamente associado a neve, mas cientistas explicaram que se tratava, na realidade, de granizo.

A Agência de Imprensa da Arábia Saudita informou que a área foi atingida por fortes tempestades, que trouxeram grande quantidade de chuva e granizo, gerando enchentes em algumas áreas. A tempestade se formou devido a uma área de baixa pressão no Mar Arábico, que levou uma massa de ar úmido ao encontro do calor do deserto, criando condições ideais para a formação de granizo.

A semelhança visual entre granizo e neve causou confusão, mas cientistas explicaram que ambos os fenômenos têm origens bem distintas. A neve é formada por partículas de gelo em formato de flocos, criados quando o vapor d’água se congela em temperaturas extremamente baixas. O granizo, por sua vez, é composto por pedras de gelo que se formam dentro de nuvens de tempestade, onde as gotas de água são carregadas para cima em correntes de ar fortes, congelando e crescendo em camadas até que seu peso seja grande o suficiente para cair.

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Para os habitantes locais e para os que observaram as imagens, o acúmulo de granizo no deserto pode parecer neve devido à aparência branca e uniforme que toma a paisagem, especialmente em uma área tipicamente seca. No entanto, o granizo costuma vir acompanhado de chuva em estado líquido, o que contribui para o fenômeno das enchentes que também foram observadas na região de Al-Jawf.

O deserto de Al-Nafud, com 290 km de comprimento e 225 km de largura, cobre uma área de aproximadamente 103.600 km², e as chuvas ali são escassas. O clima árido e seco do deserto faz com que o local raramente receba precipitações de grande intensidade. Porém, a formação de uma área de baixa pressão no Mar Arábico alterou essa dinâmica, trazendo uma massa de ar úmido que, ao se encontrar com o calor extremo da região, desencadeou uma tempestade.

Esse tipo de evento é raro, mas não inédito. Durante o outono e a primavera, condições semelhantes podem ocorrer esporadicamente, especialmente quando áreas de baixa pressão no Mar Arábico ou no Mediterrâneo carregam umidade para o interior da Península Arábica. Essas massas de ar úmido, ao interagirem com o ar seco e quente do deserto, produzem condições para tempestades de granizo, como as que foram observadas recentemente.

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O fenômeno no deserto de Al-Nafud reacendeu o debate sobre os efeitos das mudanças climáticas e sua influência em eventos climáticos extremos. Cientistas vêm alertando que o aquecimento global pode intensificar a frequência e a intensidade de eventos climáticos incomuns, como ondas de calor, tempestades intensas e inundações, mesmo em áreas tradicionalmente áridas e secas.

Para muitas regiões desérticas, onde as chuvas são raras, as mudanças climáticas podem significar uma maior ocorrência de tempestades abruptas e até mesmo episódios de granizo ou neve em condições extremas. Embora o granizo no deserto de Al-Nafud não seja necessariamente um evento exclusivo das mudanças climáticas, o aumento das temperaturas globais e as alterações nos padrões climáticos podem estar intensificando fenômenos dessa natureza.

Diante de um cenário de mudanças climáticas globais, o monitoramento de eventos climáticos incomuns se torna essencial para entender como esses fenômenos impactam o meio ambiente e as populações locais. Para a Arábia Saudita, registrar e monitorar tempestades de granizo, enchentes e outras mudanças é crucial para adaptar as estratégias de manejo ambiental e de infraestrutura, principalmente em regiões que não estão preparadas para lidar com volumes elevados de precipitação.

O Serviço Meteorológico Saudita tem desempenhado um papel importante ao alertar a população sobre possíveis tempestades, além de monitorar as condições de umidade e temperatura que podem desencadear eventos extremos. Esse acompanhamento é vital não apenas para a proteção das comunidades locais, mas também para a preservação das áreas naturais e das espécies que habitam o deserto, que podem ser diretamente afetadas pelas mudanças bruscas no clima.

O deserto de Al-Nafud é conhecido por seu clima extremo, com temperaturas que oscilam entre o calor escaldante durante o dia e o frio intenso à noite. Essas variações são características dos desertos, onde a falta de umidade no solo e no ar impede que o calor seja retido. Em termos de vegetação, Al-Nafud é uma região árida e desértica, com algumas áreas esparsas de plantas resistentes ao calor e à seca.

O evento de granizo registrado recentemente reforça a imprevisibilidade das condições climáticas no deserto. Embora muitos associem desertos apenas ao calor, temperaturas frias e fenômenos como o granizo também podem ocorrer, especialmente em altitudes mais elevadas e em condições climáticas extremas. A ocorrência de granizo em desertos não é frequente, mas pode ser observada em várias regiões áridas ao redor do mundo, incluindo áreas dos Estados Unidos e do México, durante condições climáticas específicas.