Brasil encerra uso da vacina oral contra poliomielite

O Brasil decidiu interromper o uso da vacina oral contra a poliomielite, um passo importante na estratégia nacional de erradicação da doença. O anúncio da medida sinaliza uma mudança significativa na política de imunização do país, que agora se concentrará no uso da vacina injetável.

A decisão acompanha diretrizes internacionais e visa reduzir o risco de efeitos adversos raros associados à vacina oral, que contém o vírus atenuado. Embora a poliomielite esteja controlada no Brasil, a ameaça de reintrodução da doença, causada principalmente por baixas taxas de vacinação, ainda preocupa as autoridades de saúde.

A poliomielite, também conhecida como paralisia infantil, é uma doença viral que pode causar paralisia permanente e, em casos graves, até a morte. O vírus da pólio ataca o sistema nervoso e afeta, principalmente, crianças menores de cinco anos. Nos anos 1980, a doença era responsável por milhares de casos de paralisia em todo o mundo, até que a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou a Iniciativa Global de Erradicação da Poliomielite, com o objetivo de eliminar a doença globalmente.

Graças à vacinação em massa, o Brasil conseguiu erradicar a poliomielite em 1989. Desde então, o país tem mantido um controle rigoroso sobre a doença, utilizando vacinas orais e injetáveis em campanhas de imunização. Contudo, a ameaça de reintrodução do vírus ainda existe, especialmente em regiões onde a taxa de vacinação é baixa. Por isso, a vacinação continua a ser uma prioridade, e o uso de estratégias eficazes é essencial para prevenir o retorno da poliomielite ao território brasileiro.

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A vacina oral contra a poliomielite, conhecida como VOP, é composta por um vírus atenuado, ou seja, uma forma enfraquecida do vírus. Essa versão da vacina é altamente eficaz e fácil de administrar, além de ser a responsável pela imunização em massa que permitiu a erradicação da poliomielite em várias partes do mundo. No entanto, há um risco pequeno, mas real, de que o vírus atenuado da vacina oral possa, em casos raros, sofrer mutação e causar a poliomielite vacinal.

Diante desse risco, a OMS recomenda que, em países onde a poliomielite foi erradicada e o vírus selvagem não circula mais, a vacina oral seja substituída pela vacina inativada, administrada por via injetável. A vacina injetável (VIP) contém o vírus morto, eliminando o risco de poliomielite vacinal. Seguindo essa recomendação, o Brasil optou por interromper o uso da VOP e adotar exclusivamente a vacina injetável no seu calendário de imunização contra a poliomielite.

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Com a interrupção da vacina oral, o calendário de vacinação contra a poliomielite passará a utilizar apenas a vacina inativada (VIP). A vacina injetável será administrada em três doses, aos 2, 4 e 6 meses de idade, com reforços aos 15 meses e aos 4 anos. Essa nova estratégia busca proteger as crianças com eficácia e segurança, eliminando o risco associado ao vírus atenuado da vacina oral.

A vacina injetável tem uma eficácia semelhante à da vacina oral, e a sua inclusão exclusiva no calendário reflete uma atualização importante para garantir que a imunização seja a mais segura possível. A expectativa é de que a transição para o novo esquema vacinal ocorra de forma gradual, permitindo que os pais e responsáveis se adaptem à nova rotina de vacinação.

Os benefícios e desafios da nova estratégia de vacinação

Benefícios

A principal vantagem da vacina injetável é a segurança. Com o uso exclusivo da VIP, elimina-se o risco de poliomielite associada à vacina, um efeito adverso raro, mas possível com a vacina oral. Além disso, a vacina injetável não apresenta o risco de reverter à forma virulenta, uma vantagem importante para garantir que o vírus da poliomielite não retorne ao Brasil.

Outro benefício é a possibilidade de alinhar o Brasil às diretrizes globais de erradicação da poliomielite, que têm incentivado o uso da vacina inativada em regiões onde a doença foi eliminada. Ao adotar essa medida, o Brasil reforça seu compromisso com a erradicação da poliomielite e se posiciona como um país alinhado com os padrões internacionais de segurança em vacinação.

Apesar dos benefícios, a mudança para a vacina injetável apresenta alguns desafios. Um deles é a logística. A aplicação da vacina injetável requer profissionais capacitados e equipamentos adequados, além de ser um processo mais demorado em comparação à vacina oral, que é administrada em poucos segundos. Esse desafio logístico pode ser mais acentuado em áreas remotas ou com infraestrutura limitada, onde a oferta de serviços de saúde é mais precária.

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Outro desafio é o custo. A vacina injetável é mais cara do que a vacina oral, o que representa um aumento de gastos para o governo. Esse investimento é considerado necessário para garantir a segurança das crianças, mas pode exigir um planejamento financeiro mais detalhado, especialmente em um contexto de orçamentos restritos para a saúde.

A interrupção da vacina oral contra a poliomielite e a transição para a vacina injetável representam um avanço importante para a saúde pública no Brasil. A medida reduz os riscos associados à vacinação e aumenta a segurança do processo, o que é um ponto positivo para as famílias e para a comunidade médica. Além disso, essa transição demonstra o compromisso do Brasil em seguir as melhores práticas recomendadas pela OMS e pelos especialistas internacionais.

Para os profissionais de saúde, a mudança representa uma adaptação, já que a aplicação da vacina injetável exige treinamento e atenção redobrada. Esse novo contexto também traz a necessidade de conscientização da população sobre os motivos da interrupção da vacina oral e os benefícios do novo esquema vacinal. É importante que os pais entendam que a mudança visa melhorar a proteção das crianças e que a vacina injetável é tão eficaz quanto a oral.

O apoio dos pais e responsáveis é essencial para o sucesso da nova estratégia de vacinação. Eles desempenham um papel importante ao garantir que as crianças estejam com as vacinas em dia e ao seguir o novo calendário. Para ajudar a aumentar a cobertura vacinal, os responsáveis podem:

  1. Estar atentos ao calendário: Com o novo esquema, é importante que os pais estejam cientes das datas de vacinação e dos intervalos entre as doses da vacina injetável.
  2. Buscar informações: Em caso de dúvidas sobre a vacina injetável, os pais devem procurar os profissionais de saúde para entender os benefícios da nova estratégia e a importância de seguir o calendário atualizado.
  3. Manter o cartão de vacinação atualizado: Manter o registro de todas as vacinas é fundamental para garantir a imunização completa e eficiente contra a poliomielite e outras doenças.
  4. Participar das campanhas de conscientização: O apoio das famílias nas campanhas de vacinação é um elemento crucial para o sucesso da erradicação da poliomielite e da promoção da saúde pública.