Santa Catarina tem enfrentado, nos últimos dias, uma piora significativa na qualidade do ar devido ao transporte de fumaça das queimadas que ocorrem nas regiões centro-norte do Brasil, Bolívia e Paraguai. A combinação de fumaça com a intensa massa de ar seco tem atingido principalmente as regiões Oeste e Extremo Oeste catarinense, desencadeando uma série de alertas das autoridades de saúde e meio ambiente.
As queimadas, que ocorrem em grande escala na região centro-norte do Brasil, bem como na Bolívia e Paraguai, têm gerado impactos além das fronteiras dessas áreas. Nos últimos dias, o estado de Santa Catarina sentiu os efeitos desse fenômeno, com a fumaça densa sendo transportada por correntes de ar e agravando as condições atmosféricas locais.
A Secretaria de Estado da Proteção e Defesa Civil (SDC), o Instituto do Meio Ambiente (IMA), a Secretaria de Estado da Saúde (SES) e a Secretaria do Meio Ambiente e Economia Verde (Semae) emitiram uma nota conjunta, alertando a população sobre os riscos à saúde causados pela poluição do ar e a baixa umidade.
A fumaça originada das queimadas é composta por diversos poluentes, entre eles as chamadas partículas inaláveis, ou MP10, que podem causar sérios problemas respiratórios. Santa Catarina, apesar de não ser a área de origem dos incêndios, sofre com o transporte dessas partículas para seu território, o que prejudica diretamente a qualidade do ar. As estações de monitoramento do IMA, localizadas nos municípios de Tubarão e Capivari de Baixo, registraram níveis alarmantes, com concentrações de partículas inaláveis variando entre 80 e 130 μg/m³, o que representa um Índice de Qualidade do Ar (IQA) entre moderado e ruim.
Segundo o Instituto do Meio Ambiente (IMA), além da fumaça das queimadas, outros fatores como a direção dos ventos e as condições atmosféricas contribuem para esse cenário. “A baixa umidade e o tempo seco favorecem a permanência dessas partículas em suspensão, o que aumenta a poluição atmosférica e piora a qualidade do ar que respiramos”, explica o diretor de Controle e Passivos Ambientais do IMA, Diego Hemkemeier Silva.
A baixa qualidade do ar em Santa Catarina tem levantado preocupações sobre os efeitos na saúde pública. Crianças, idosos e pessoas com doenças respiratórias ou cardiovasculares são os mais vulneráveis, embora toda a população possa sentir os efeitos da exposição prolongada à fumaça. A Secretaria de Estado da Saúde (SES) tem alertado para sintomas como irritação nos olhos, nariz e garganta, além de cansaço, tosse seca e dificuldade para respirar.
Em casos mais graves, a exposição contínua a altos níveis de poluição pode agravar doenças respiratórias preexistentes, como asma e bronquite, além de causar desidratação e problemas cardiovasculares. Segundo o gerente de monitoramento e alerta da Defesa Civil de Santa Catarina, Frederico Rudorff, “a situação requer atenção redobrada, principalmente nas regiões mais afetadas, e a população deve seguir as recomendações para se proteger”.
Diante da gravidade da situação, as autoridades emitiram uma série de recomendações para ajudar a população a lidar com os efeitos da fumaça e da baixa umidade:
- Hidratação constante: Manter-se hidratado é fundamental para combater os efeitos do ar seco. Beba água regularmente, mesmo que não sinta sede.
- Ambientes internos: Utilize umidificadores de ar ou recipientes com água para aumentar a umidade dos ambientes internos, o que pode ajudar a aliviar os sintomas de irritação nas vias respiratórias.
- Evitar atividades ao ar livre: Durante os períodos de maior concentração de poluentes, evite praticar atividades físicas ao ar livre, especialmente nos horários mais críticos do dia.
- Manter ambientes ventilados: Sempre que possível, mantenha os ambientes ventilados, mas evite a entrada de ar externo em momentos de maior poluição.
- Buscar atendimento médico: Se os sintomas de irritação persistirem ou se houver agravamento de doenças respiratórias, procure orientação médica imediatamente.
Além da fumaça e do tempo seco, outra preocupação das autoridades é o possível fenômeno da “chuva preta”, que pode ocorrer nos próximos dias. Esse fenômeno acontece quando a fuligem e outras partículas em suspensão na atmosfera são carregadas para a superfície pela precipitação, fazendo com que a chuva apresente uma coloração escura. A previsão é que uma frente fria chegue a Santa Catarina na sexta-feira, 13, trazendo chuvas, o que pode limpar parcialmente o ar, mas também causar esse efeito incomum.
A Defesa Civil e o Instituto do Meio Ambiente seguem monitorando a situação em tempo real e alertam para a possibilidade de mais eventos desse tipo, dependendo da intensidade das chuvas e das condições atmosféricas nos próximos dias.
A chegada de uma frente fria no estado de Santa Catarina trará alguma alívio para a qualidade do ar. Contudo, as autoridades meteorológicas alertam que, devido à alta concentração de partículas em suspensão, as primeiras chuvas podem ser acompanhadas do fenômeno da “chuva preta”. Isso não deve ser motivo de alarme, mas serve como mais um lembrete dos impactos severos que as queimadas e a poluição atmosférica têm sobre o meio ambiente e a saúde pública.
Após a chuva, espera-se uma melhora gradual na qualidade do ar, embora as condições climáticas no Brasil central e em países vizinhos continuem a influenciar a situação em Santa Catarina. As autoridades reforçam a necessidade de seguir as recomendações de prevenção e proteção até que os níveis de poluição estejam controlados.
O monitoramento da situação atmosférica em Santa Catarina é feito em tempo real pela Central de Monitoramento da Defesa Civil, que conta com o apoio do IMA e da Secretaria de Estado da Saúde. Novas atualizações serão divulgadas conforme o avanço das condições meteorológicas e do transporte de fumaça pelo estado.
Além do monitoramento contínuo, há esforços conjuntos para mitigar os impactos das queimadas em longo prazo, como campanhas de conscientização ambiental, reforço na fiscalização de práticas ilegais de queimadas e incentivo ao reflorestamento de áreas afetadas. Essas ações visam não apenas proteger a saúde pública, mas também preservar o meio ambiente e reduzir a incidência de queimadas nos anos seguintes.