O Brasil tem registrado um aumento preocupante de casos de mpox (anteriormente conhecida como monkeypox) ao longo de 2024. Até a primeira semana de setembro, o país confirmou 1.015 casos, número que já supera os 853 registros feitos em todo o ano passado. Além dos casos confirmados, há 426 suspeitas em investigação.
Os dados são do boletim semanal do Ministério da Saúde, que monitora a situação da doença em território nacional. Com foco no Sudeste, especialmente no estado de São Paulo, que concentra mais da metade dos casos, a mpox se mantém como um desafio de saúde pública que requer atenção contínua.
A mpox, doença infecciosa viral que se disseminou para além das regiões endêmicas na África, tem sido uma preocupação global desde que começou a se espalhar em outras partes do mundo. No Brasil, o número de casos confirmados e prováveis da doença em 2023 já supera os números registrados em 2022. Até o início de setembro, foram contabilizados 1.015 casos confirmados ou prováveis, o que representa um aumento significativo em relação ao ano anterior.
De acordo com o Ministério da Saúde, o Sudeste é a região mais afetada, com 80,9% dos casos, sendo o estado de São Paulo o principal foco, com 533 casos confirmados ou prováveis, o equivalente a 52,5% do total no país. O Rio de Janeiro aparece logo em seguida, com 224 casos (22,1%), seguido por Minas Gerais (56 ou 5,5%) e Bahia (40 ou 3,9%). Amapá e Piauí são as únicas unidades federativas que não registraram nenhum caso confirmado até o momento.
O boletim também destaca que, entre os 426 casos suspeitos em investigação, a maioria (39,7%) está concentrada em São Paulo, reforçando a importância do monitoramento contínuo e de medidas preventivas nessa região.
Os dados revelam uma concentração significativa de casos no Sudeste do Brasil, sendo São Paulo o estado mais afetado. Com 533 casos confirmados ou prováveis, o estado responde por mais da metade do total nacional. A capital paulista também lidera a lista de municípios com mais casos, somando 370 registros, o que representa 36,5% do total no país. O Rio de Janeiro segue como o segundo estado com mais casos confirmados (224 ou 22,1%), e sua capital ocupa o segundo lugar em número de casos entre as cidades, com 167 registros (16,5%).
Outras capitais, como Belo Horizonte (43 ou 4,2%) e Salvador (28 ou 2,8%), também aparecem entre os municípios com maiores números de casos, mas a distância para São Paulo e Rio de Janeiro ainda é considerável.
Essa concentração no Sudeste não surpreende, dada a densidade populacional da região e o intenso fluxo de pessoas nas grandes cidades, fatores que facilitam a disseminação do vírus. No entanto, essa realidade também exige que as autoridades locais intensifiquem os esforços de prevenção e controle para evitar que o surto se expanda ainda mais.
O perfil dos casos confirmados e prováveis de mpox no Brasil em 2023 segue um padrão observado desde o início do surto global. A maioria dos infectados é composta por homens, que representam 94,2% dos casos (956 pessoas). Além disso, a faixa etária mais afetada é de adultos jovens, entre 18 e 39 anos, com 718 casos (70,7%).
Apesar da predominância de casos em homens jovens, o Ministério da Saúde também monitora a presença da doença em outras faixas etárias e em populações vulneráveis. Até agora, foi registrado apenas um caso em uma criança com menos de 4 anos e nenhum caso em gestantes, grupos que geralmente requerem atenção especial em surtos de doenças infecciosas.
Embora a maioria dos casos de mpox no Brasil seja leve, alguns pacientes necessitaram de internação hospitalar para tratamento mais intensivo. De acordo com o boletim do Ministério da Saúde, até o momento, foram registradas 71 hospitalizações (7% do total de casos). Desses, 36 internações ocorreram para manejo clínico, enquanto 8 pacientes foram hospitalizados para isolamento devido à gravidade dos sintomas. Outros 27 casos não tiveram o motivo da hospitalização especificado.
Entre os pacientes hospitalizados, cinco casos (0,5%) evoluíram para um quadro mais grave, necessitando de internação em unidades de terapia intensiva (UTI). Apesar dessas complicações, não houve registro de óbitos por mpox no Brasil em 2023, o que demonstra a eficácia das intervenções médicas e do tratamento precoce.
O Ministério da Saúde tem mantido vigilância constante sobre a situação da mpox no país, atualizando semanalmente os dados e emitindo orientações para as autoridades estaduais e municipais. Entre as principais estratégias de controle estão o monitoramento dos casos suspeitos, a identificação precoce de novos surtos e o isolamento dos pacientes para evitar a propagação do vírus.
Além disso, o governo federal tem promovido campanhas de conscientização sobre a doença, enfatizando a importância de buscar atendimento médico ao primeiro sinal de sintomas. Os sintomas mais comuns de mpox incluem febre, dores no corpo, erupções cutâneas e lesões na pele, que podem evoluir para crostas. A transmissão ocorre principalmente por contato direto com as lesões, fluidos corporais ou materiais contaminados, como roupas e lençóis.
A preocupação com a mpox não é exclusiva do Brasil. O surto global da doença começou em 2022, com a disseminação de casos para fora das áreas endêmicas na África. Desde então, a Organização Mundial da Saúde (OMS) tem alertado para a necessidade de vigilância global e medidas de contenção para evitar uma propagação ainda maior.
Em setembro de 2022, uma nova variante da mpox, conhecida como 1b, foi identificada na República Democrática do Congo. Embora essa cepa tenha causado surtos significativos no país africano, até o momento, o Brasil não registrou nenhum caso relacionado a essa nova variante.
A OMS também reforça a importância da cooperação internacional no combate à mpox, especialmente em países com sistemas de saúde mais vulneráveis. O acesso a vacinas e tratamentos eficazes é crucial para evitar que a doença se torne uma emergência de saúde pública de interesse internacional.
Embora os números de 2023 sejam preocupantes, o Brasil tem demonstrado capacidade de resposta ao surto de mpox. A vigilância ativa, aliada ao acompanhamento próximo dos casos suspeitos e confirmados, permite que as autoridades de saúde identifiquem rapidamente novos focos da doença e implementem medidas de contenção adequadas.
Entretanto, é necessário que as ações preventivas sejam intensificadas, especialmente nas regiões mais afetadas, como o Sudeste. O governo precisa continuar promovendo campanhas de conscientização para a população, garantindo que todos conheçam os sintomas da mpox e saibam como se proteger.
Além disso, o reforço nos sistemas de saúde locais, especialmente nas áreas mais vulneráveis, será fundamental para evitar a sobrecarga hospitalar e garantir o tratamento adequado para todos os pacientes. O investimento em pesquisa e desenvolvimento de vacinas também pode ser uma solução a longo prazo para controlar a disseminação da mpox no Brasil e no mundo.