Com a chegada da primavera, muitos celebram o desabrochar das flores e as temperaturas mais amenas. No entanto, para um grande número de pessoas, essa estação também traz uma série de desconfortos respiratórios.
Coceira, obstrução nasal, espirros e coriza são sintomas comuns de alergias sazonais, que afetam principalmente crianças, idosos e pessoas com doenças crônicas como asma, rinite e sinusite. Esses sintomas são desencadeados por fatores como pólens e partículas no ar, que aumentam significativamente durante a primavera.
As alergias sazonais são um problema de saúde comum que merece atenção especial, já que, se não tratadas adequadamente, podem evoluir para crises respiratórias mais graves. A seguir, exploraremos as causas, os sintomas, as opções de tratamento e as principais medidas de prevenção para manter a qualidade de vida durante a primavera.
A primavera é conhecida por aumentar os níveis de pólen no ar, que é uma das principais causas das alergias sazonais. As plantas em floração liberam pólens que se espalham pelo vento, entrando em contato com as vias respiratórias e provocando reações alérgicas. Outro fator que contribui para o aumento das alergias nesta época do ano é a umidade excessiva, que favorece a proliferação de ácaros e fungos, agravando os sintomas respiratórios.
O clima seco, que também pode ocorrer durante a primavera, piora ainda mais a situação, pois facilita a suspensão de partículas de poeira e poluição no ar. Estas substâncias podem causar inflamação nas vias respiratórias e agravar condições crônicas, como a asma.
Além disso, crianças e idosos estão entre os grupos mais vulneráveis, já que o sistema imunológico nessas faixas etárias é mais sensível a fatores externos. Pessoas que já sofrem de doenças respiratórias crônicas, como rinite alérgica e sinusite, também estão mais propensas a crises nesta época do ano.
Os dados fornecidos pelo Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (Sisab) mostram um aumento expressivo nos atendimentos relacionados a alergias no Paraná. De janeiro a agosto deste ano, foram realizados 56.065 atendimentos nas Unidades de Saúde do estado para tratamento de alergias ou reações alérgicas, um aumento de 6.045 em relação ao mesmo período de 2023.
Essa alta na demanda por tratamentos mostra como as alergias sazonais afetam a população de maneira significativa, sobretudo na primavera. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece suporte por meio das Unidades Básicas de Saúde (UBS), onde os pacientes podem ser avaliados e, se necessário, encaminhados para atendimento especializado com alergologistas, pneumologistas ou dermatologistas.
Os sintomas mais comuns das alergias sazonais incluem coceira nos olhos e nariz, espirros constantes, coriza e sensação de nariz entupido. Em casos mais graves, pode haver dificuldade para respirar, dor de cabeça intensa e irritação na garganta. Esses sintomas são causados pela reação do organismo ao entrar em contato com alérgenos, como pólen, poeira ou mofo.
De acordo com Acácia Nasr, coordenadora de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), é fundamental que as pessoas que apresentam esses sintomas busquem atendimento médico para obter um diagnóstico preciso. Ela destaca que a história clínica do paciente deve ser considerada durante a consulta, incluindo informações sobre o ambiente em que a pessoa vive, possíveis contatos com animais, histórico familiar de alergias e fatores desencadeantes dos sintomas.
O tratamento para as alergias sazonais pode incluir medidas simples, como evitar o contato com os alérgenos, e o uso de medicamentos prescritos por um profissional de saúde, como antialérgicos e corticosteroides, que ajudam a controlar os sintomas. Em casos mais graves, o paciente pode ser encaminhado a um especialista para tratamentos mais específicos, como imunoterapia.
A prevenção é um dos fatores mais importantes para evitar crises alérgicas durante a primavera. Alguns cuidados simples com o ambiente podem fazer uma grande diferença no controle dos sintomas. Acácia Nasr recomenda uma série de medidas para tornar o ambiente doméstico mais saudável e minimizar o contato com alérgenos. Entre as principais orientações estão:
- Manter a casa limpa e arejada: A higienização frequente dos ambientes é fundamental para reduzir a presença de poeira e ácaros. É importante usar aspiradores de pó com filtros adequados e evitar o acúmulo de objetos que possam reter poeira.
- Lavar roupas e lençóis com sabão neutro: Roupas de cama devem ser trocadas com frequência, lavadas com produtos neutros e expostas ao sol sempre que possível, pois a luz solar ajuda a eliminar ácaros e fungos.
- Evitar o uso de carpetes e cortinas pesadas: Esses itens acumulam muita poeira e dificultam a limpeza. Prefira pisos laváveis e cortinas leves, que possam ser lavadas com facilidade.
- Garantir uma boa ventilação na casa: Ambientes fechados facilitam a proliferação de mofo e ácaros. Abrir janelas regularmente para permitir a circulação do ar é essencial para manter o ambiente saudável.
- Manter a hidratação adequada: Beber bastante água é importante para manter as vias respiratórias hidratadas e facilitar a eliminação de agentes irritantes.
Essas medidas são especialmente importantes para quem tem crianças pequenas ou idosos em casa, já que esses grupos são mais suscetíveis aos problemas respiratórios causados por alérgenos.
A alimentação também desempenha um papel importante no fortalecimento do sistema imunológico e no controle das alergias. Uma dieta rica em vitaminas, minerais e antioxidantes ajuda a fortalecer as defesas do corpo e a reduzir os efeitos dos alérgenos. Frutas ricas em vitamina C, como laranja, acerola e kiwi, são excelentes opções, pois ajudam a melhorar a resposta imunológica e a reduzir os sintomas alérgicos.
Além disso, é importante evitar alimentos que possam desencadear reações alérgicas cruzadas, como certos tipos de frutas, vegetais e nozes, que podem piorar os sintomas em pessoas sensíveis a pólen. O ideal é que pessoas com histórico de alergias sazonais consultem um nutricionista para receber orientações personalizadas sobre como ajustar a alimentação para ajudar no controle dos sintomas.
Nos casos em que as medidas preventivas não são suficientes para controlar as alergias sazonais, o tratamento médico se torna essencial. O SUS oferece tratamento inicial nas Unidades Básicas de Saúde, com acompanhamento e orientações sobre o uso correto de medicamentos antialérgicos. Se necessário, o paciente pode ser encaminhado a um especialista, como um alergologista ou pneumologista.
Um dos tratamentos mais eficazes para alergias graves é a imunoterapia, que consiste em aplicar doses controladas do alérgeno ao qual o paciente é sensível. Esse tratamento ajuda o corpo a desenvolver uma tolerância ao alérgeno e a reduzir a intensidade das reações alérgicas ao longo do tempo.