O verão está chegando e, com ele, volta a mesma pergunta: “Este ano vai ter horário de verão?”. Para quem esperava o retorno dessa mudança no relógio, a resposta é negativa. O governo federal confirmou que o Brasil não adotará o horário de verão em 2024, mantendo a rotina fixa que foi estabelecida nos últimos anos.
A decisão divide opiniões, mas se baseia em estudos recentes que mostram que a economia de energia se tornou irrelevante e que as mudanças no fuso podem prejudicar a saúde das pessoas.
Desde que o horário de verão foi suspenso em 2019, muita gente comemorou por não precisar mais passar pelo processo de adaptação. No entanto, alguns setores da sociedade ainda sentem falta das tardes mais longas, especialmente nas regiões Sul e Sudeste, onde o sol se põe mais cedo. Mesmo assim, a prioridade do governo é manter o relógio biológico da população alinhado e evitar impactos na saúde, com foco no bem-estar e na produtividade ao longo do ano.
A decisão de não retomar o horário de verão tem como base fatores econômicos e de saúde. Originalmente, a medida foi criada para economizar energia, aproveitando ao máximo a luz natural no fim do dia. No entanto, com o tempo, essa economia deixou de ser relevante. O avanço das lâmpadas LED, que consomem menos energia, e o aumento do uso de ar-condicionado durante os dias quentes fizeram com que o impacto da mudança no relógio fosse praticamente nulo.
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) já havia apontado que o horário de verão não fazia mais sentido como estratégia para reduzir o consumo de eletricidade. Com os novos hábitos da população e o aumento da demanda por energia à noite, a economia ficou tão pequena que não justificava os transtornos causados pela mudança no relógio.
Além das questões econômicas, os impactos na saúde se tornaram um dos principais argumentos contra o retorno do horário de verão. A alteração no relógio, embora pequena, pode bagunçar o ciclo biológico e afetar o bem-estar de muitas pessoas. Problemas como insônia, cansaço excessivo e até riscos cardiovasculares estão entre as preocupações dos especialistas.
Segundo a médica especialista em sono Ana Beatriz Moura, o corpo humano leva tempo para se adaptar a mudanças no fuso horário, e esse processo pode ser desgastante para muitas pessoas. “Embora pareça simples, essa alteração mexe com o relógio biológico e pode causar uma espécie de jet lag, impactando o desempenho no trabalho e na escola, além da saúde mental.”
A Associação Brasileira de Medicina do Sono (ABMS) também reforçou que manter um horário fixo é mais saudável, especialmente para quem já tem dificuldades para dormir ou problemas de saúde preexistentes.
Desde que o Brasil suspendeu o horário de verão, a decisão vem dividindo opiniões. Muitas pessoas celebram a estabilidade na rotina, aliviadas por não precisarem mais se ajustar à mudança de horário. “Sempre demorava uma semana para meu corpo entender o novo horário. Agora, com o horário fixo, me sinto mais descansada e produtiva”, conta Gabriela Santos, que trabalha em São Paulo.
Por outro lado, há quem sinta falta das tardes mais longas, especialmente nas regiões Sul e Sudeste, onde o verão é sinônimo de parques, praias e atividades ao ar livre após o expediente. “Eu adorava sair do trabalho e ainda pegar sol. A sensação de que o dia era mais longo fazia toda a diferença”, diz Vinícius Almeida, morador de Porto Alegre.
A suspensão do horário de verão também gerou discussões sobre seu impacto na economia, especialmente no comércio e no turismo. Empresários do setor de bares e restaurantes apontam que as tardes mais longas costumavam aumentar o movimento e incentivar o consumo. No turismo, a possibilidade de aproveitar mais tempo de luz solar impulsionava atividades ao ar livre e eventos.
Contudo, o impacto positivo no comércio e no turismo não foi suficiente para convencer o governo a retomar a prática. A Confederação Nacional do Comércio (CNC) reconheceu que, apesar do benefício, a estabilidade no horário traz mais vantagens para a saúde e ajuda na organização do mercado de trabalho.
O que dizem outros países?
Enquanto o Brasil decidiu suspender o horário de verão, outros países ainda mantêm a prática, como os Estados Unidos, Canadá e boa parte da Europa. No entanto, o debate sobre seus efeitos continua crescendo. Na União Europeia, por exemplo, a abolição do horário de verão chegou a ser discutida em 2021, mas a decisão foi adiada para novas análises.
Em muitos lugares, a mudança no relógio ainda faz sentido para ajustar a demanda energética e proporcionar mais tempo útil durante o dia. No entanto, a pressão popular contra a prática tem aumentado, especialmente em razão dos impactos na saúde.
Com a confirmação de que não haverá horário de verão em 2024, o Brasil segue no caminho da estabilidade horária, algo que muitos especialistas acreditam ser mais saudável e eficiente. A decisão beneficia quem trabalha em escritórios, escolas e indústrias, facilitando a adaptação e o planejamento diário, sem interrupções causadas pela mudança de fuso.
O governo já sinalizou que, por enquanto, a medida não será revista, mas não descarta que o tema volte a ser discutido no futuro, caso surjam novos estudos ou cenários que justifiquem a volta do horário de verão. Por enquanto, a rotina fixa parece ter se consolidado como a preferência da maioria dos brasileiros.