A história egípcia continua a se revelar de maneiras inesperadas e fascinantes. Recentemente, uma descoberta arqueológica subaquática no rio Nilo lançou nova luz sobre a civilização dos antigos faraós.
Durante uma expedição de mergulho ao sul de Aswan, arqueólogos franco-egípcios desenterraram gravuras rupestres que retratam diversos faraós egípcios, juntamente com inscrições hieroglíficas. Esta descoberta, em uma área inundada pela construção da Grande Represa de Aswan, oferece uma janela única para o passado e destaca a importância contínua de Aswan na história do Egito.
Aswan, situada perto da antiga fronteira sul do Egito, sempre teve um papel crucial na história egípcia. Além de ser um ponto estratégico de defesa, a cidade abrigava vários templos importantes, como o Templo de Philae e o Templo de Abu Simbel, que celebravam a glória dos deuses e dos faraós. A construção da Grande Represa de Aswan entre 1960 e 1970 trouxe progresso e desenvolvimento, mas também resultou na inundação de várias áreas arqueológicas, que agora, décadas depois, começam a revelar seus segredos submersos.
A equipe conjunta franco-egípcia, composta por arqueólogos, historiadores e mergulhadores especializados, embarcou em uma expedição para identificar e registrar inscrições e gravuras que sobreviveram debaixo d’água. O trabalho envolve mergulhar até os artefatos remanescentes, utilizando fotografias, vídeos e fotogrametria para documentar as descobertas. A fotogrametria, em particular, é uma técnica avançada que permite criar modelos digitais em 3D dos objetos, fornecendo uma visão detalhada e precisa das gravuras e inscrições.
As gravuras recentemente encontradas retratam alguns dos faraós mais notáveis das dinastias XVIII e XXVI. Entre eles estão Amenhotep III, Thutmose IV, Psamtik II e Apries. Embora o comunicado do Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito tenha fornecido poucas informações sobre o conteúdo exato das inscrições, os funcionários confirmaram que as gravuras estão bem preservadas, apesar de terem passado décadas submersas.
Amenhotep III, um dos faraós mais proeminentes do Novo Reino, reinou durante um período de grande prosperidade e paz. Seu reinado foi marcado por grandiosas construções, incluindo o famoso Templo de Luxor e a Colossal Estátua de Memnon. Thutmose IV, seu antecessor, também é conhecido por suas contribuições significativas, incluindo a conclusão do obelisco de Karnak. As representações desses faraós nas gravuras submersas oferecem novos insights sobre sua iconografia e a arte do período.
Psamtik II e Apries, faraós da dinastia XXVI, governaram durante um período de renascimento cultural e artístico no Egito. Psamtik II é lembrado por suas campanhas militares bem-sucedidas e Apries, por sua complexa relação com os gregos e sua eventual deposição. As inscrições que acompanham suas gravuras podem conter informações valiosas sobre suas políticas e interações com outras culturas.
A fotogrametria tem sido uma ferramenta essencial para os arqueólogos nesta expedição. Ao tirar dezenas de fotos de um objeto de diferentes ângulos, a equipe consegue criar modelos tridimensionais precisos, permitindo uma análise detalhada das gravuras e inscrições sem a necessidade de remover os artefatos de seu local submerso. Esta técnica não só preserva o contexto original das descobertas, mas também facilita a partilha de informações com a comunidade científica global e o público.
A descoberta inicial é apenas o começo. Os arqueólogos acreditam que há muito mais a ser encontrado na área submersa ao sul de Aswan. À medida que o trabalho continua, é provável que novas gravuras, inscrições e possivelmente outros artefatos sejam revelados, cada um contribuindo para um entendimento mais profundo da civilização egípcia antiga.
O sucesso da expedição também destaca a importância da colaboração internacional na arqueologia. A combinação de conhecimentos e técnicas de diferentes países não só enriquece a pesquisa, mas também promove uma maior apreciação e preservação do patrimônio cultural global.
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