A anomalia da soja, conhecida como podridão dos grãos e sementes e quebramento das hastes, é um dos maiores desafios enfrentados pelos produtores de soja na região Sul do Brasil. Causada por um complexo de patógenos, principalmente dos gêneros Diaporthe/Phomopsis e Colletotrichum, essa doença tem gerado uma queda significativa na produtividade das lavouras, com perdas de até 50% em diversas propriedades nos últimos três anos.
A podridão de vagens na soja manifesta-se através do escurecimento interno das vagens e dos grãos, apodrecimento e abertura de grãos e vagens, além do enrugamento de grãos e sementes. Já o quebramento de hastes apresenta sintomas como alongamento excessivo da haste, necrose e tombamento das plantas, interrompendo o enchimento de grãos e reduzindo drasticamente a produtividade. Esses sintomas têm causado preocupação entre os produtores, afetando diretamente a rentabilidade das lavouras.
Para entender melhor essa anomalia, a Syngenta, em parceria com a Embrapa e a Universidade de Passo Fundo, conduziu um estudo detalhado. Segundo o Líder do Portfólio de Fungicidas da Syngenta, a principal conclusão foi que tanto a podridão de grãos e sementes quanto o quebramento de hastes são causados por um complexo de fungos, com predomínio dos gêneros Colletotrichum spp. e Diaporthe spp.. Esse estudo permitiu traçar boas práticas de manejo para reduzir e controlar ambas as doenças.
As condições climáticas desempenham um papel crucial na disseminação da anomalia da soja. Lucas Navarini, doutor em Fitopatologia pela Universidade Federal de Santa Maria, explica que altas temperaturas e umidade elevada durante o período crítico da doença favorecem a incidência dos patógenos. Contudo, ele enfatiza que a epidemiologia é mais influenciada por estresses no hospedeiro do que por relações climáticas.
Para mitigar os danos causados pela anomalia, a Syngenta recomenda o uso de fungicidas específicos. O manejo efetivo inclui fungicidas para controle de Diaporthe e Antracnose, com destaque para produtos à base de Carboxamidas, especialmente contendo Solatenol. Fungicidas como ALADE, MITRION e ELATUS mostraram-se eficazes no controle da doença. Além do controle químico, práticas de manejo como a associação de multissítios em todas as aplicações e o monitoramento constante da lavoura são essenciais.
Um dos maiores desafios foi unificar a comunidade científica para concluir que a anomalia é causada por fungos. O investimento no estudo teve um papel fundamental para o avanço da sojicultura brasileira, municiando os produtores com informações essenciais para enfrentar a anomalia da soja. A parceria entre instituições privadas, governamentais e fundações de pesquisa, como a Embrapa, Fundação MT e Universidade de Passo Fundo, foi crucial para o desenvolvimento do estudo e a identificação de soluções.
O estudo realizado pela Syngenta e parceiros analisou dados de laboratórios coletados em campos de diferentes regiões, durante as últimas três safras. A principal conclusão foi que a anomalia da soja, manifestada como podridão de grãos e sementes e quebramento de hastes, é causada por um complexo de fungos dos gêneros Colletotrichum spp. e Diaporthe spp.. As práticas de manejo recomendadas incluem o uso de fungicidas à base de Solatenol, que se mostraram eficazes na redução dos danos.
Reunir pesquisadores renomados e elaborar um trabalho coeso que comprovasse a causa fúngica da anomalia foi um grande desafio. A discordância inicial na comunidade científica agrícola no Brasil foi superada com comprovações científicas, resultando em um consenso que ajuda na compreensão do problema e no desenvolvimento de manejos mais assertivos.
As condições climáticas, como o alto volume de chuvas causado pelo El Niño, contribuem para a disseminação e agravamento da anomalia da soja. Navarini destaca que a epidemiologia é influenciada por estresses no hospedeiro, mas condições de clima abafado e úmido durante o enchimento de grãos favorecem a incidência dos patógenos.
Outros fatores que podem interferir na ocorrência da anomalia incluem a predisposição da planta e as práticas de manejo adotadas. É essencial que os agricultores monitorem constantemente suas lavouras e considerem que a anomalia não se espalha apenas pelo contato com o Mato Grosso ou por sementes. A espécie altamente virulenta de Diaporthe causa danos econômicos significativos, e a doença tem se manifestado de maneira abrangente, afetando culturas de soja em diversas regiões produtoras.