No coração da Região Metropolitana de Curitiba, um agricultor inovador tem dado passos significativos para transformar a agricultura em um negócio mais sustentável e rentável. Clóvis Motin, um produtor rural de Colombo, encontrou na combinação de técnicas de cultivo hidropônico e energia solar a solução ideal para minimizar custos e maximizar a produtividade de sua propriedade.
Em um cenário onde os custos de produção agrícola são desafiadores, a adoção de tecnologias sustentáveis se revela não apenas uma escolha ambientalmente consciente, mas também uma estratégia econômica inteligente.
Clóvis Motin, que há cerca de um ano optou por instalar um sistema fotovoltaico em sua propriedade, viu uma oportunidade clara de reduzir os altos custos com energia elétrica, essenciais para o funcionamento de sua operação hidropônica.
Em sua propriedade, que antes era administrada por seu pai, Motin modernizou práticas agrícolas tradicionais, adotando o cultivo hidropônico para a produção de hortaliças como alface, rúcula, agrião e cebolete. Esse método requer um fornecimento constante de água e nutrientes, o que implica em um consumo elevado de energia.
“O sistema hidropônico exige que o motor que irriga a plantação funcione a cada 10 minutos”, explica Motin. Com o gasto energético se aproximando de R$ 2 mil mensais, o agricultor viu na energia solar uma oportunidade para uma redução significativa desses custos. Por meio do programa RenovaPR e do Banco do Agricultor Paranaense, Motin conseguiu financiar a instalação das placas solares a juro zero, com um prazo de pagamento de até dez anos.
A decisão de Motin já mostrou resultados positivos: “Hoje, a conta de luz caiu para cerca de R$ 300 por mês”, relata o agricultor, uma economia de mais de 85%. O excedente de energia produzido pelas placas solares cobre não apenas a necessidade da propriedade rural, mas também as demandas de sua residência e até de sua casa na praia. “Eu fiz o sistema um pouco maior do que o necessário, prevendo futuras ampliações das estufas ou a instalação de uma câmara fria no barracão”, comenta Motin, mostrando sua visão de longo prazo.
Além da economia, as placas fotovoltaicas instaladas na propriedade de Motin têm uma garantia de 25 anos, oferecendo uma solução energética duradoura. “Em até quatro anos, pretendo quitar o financiamento, e terei cerca de duas décadas de uso praticamente sem custos adicionais”, calcula. Essa perspectiva é particularmente importante para agricultores como Motin, que precisam de previsibilidade e controle sobre seus custos operacionais para manter a competitividade no mercado.
A escolha pelo cultivo hidropônico foi uma resposta de Motin aos desafios climáticos e de mercado. As hortaliças hidropônicas são cultivadas em estufas, o que proporciona um ambiente controlado, protegido das intempéries e com menor uso de recursos como água e fertilizantes. “O cultivo hidropônico é mais eficiente e permite uma maior produtividade com menos insumos”, destaca Motin. Além disso, o produto final é mais durável, garantindo maior frescor ao consumidor.
Segundo dados da Embrapa, embora ainda não existam estatísticas oficiais sobre a produção de hortaliças em ambientes protegidos no Brasil, a tendência é de crescimento. Especialistas apontam que o cultivo hidropônico oferece vantagens significativas em comparação com métodos tradicionais, especialmente em regiões sujeitas a condições climáticas adversas. “Com o aumento da frequência de eventos climáticos extremos, o plantio em campo aberto torna-se cada vez mais arriscado”, afirma Ítalo Moraes Rocha Guedes, pesquisador em Cultivo Protegido de Hortaliças.
Motin não apenas adotou a energia solar, mas também investiu em placas fotovoltaicas bifaciais, que captam a luz solar dos dois lados. “Isso significa que as placas estão carregando mesmo em dias nublados, utilizando a claridade que é refletida do solo”, explica. Além disso, com o uso de um aplicativo, ele consegue monitorar o desempenho das placas em tempo real, garantindo que o sistema funcione de maneira otimizada.
Essa abordagem tecnológica e sustentável tem permitido a Motin manter a competitividade e a viabilidade econômica de sua operação, mesmo em tempos de desafios econômicos para o setor agrícola. “Muitos agricultores estão abandonando a profissão devido aos altos custos de produção. Com o cultivo hidropônico e a energia solar, conseguimos plantar menos, com mais eficiência, e vender toda a produção”, reflete.
A experiência de Clóvis Motin é um exemplo inspirador de como os agricultores podem adotar práticas sustentáveis e inovadoras para se manterem competitivos e rentáveis. A integração de energias renováveis e técnicas agrícolas avançadas não só melhora a sustentabilidade ambiental das operações, mas também contribui para a resiliência econômica dos produtores.
À medida que mais agricultores adotam tecnologias como a energia solar e o cultivo hidropônico, é provável que vejamos uma transformação significativa no setor agrícola do Paraná e de todo o Brasil. O programa RenovaPR, que apoia a instalação de sistemas de geração distribuída em propriedades rurais com juros reduzidos, é um passo importante nesse caminho.