FIESC debate desafios e investimentos nos portos de Santa Catarina

Nesta terça-feira, 1º de outubro, a Câmara de Transporte e Logística da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC) promoveu um encontro estratégico para debater a situação dos portos catarinenses. Com a participação de industriais e agentes de comércio exterior, o evento teve como objetivo discutir os desafios e gargalos que estão impactando as operações portuárias, além de identificar oportunidades de investimentos e melhorias para o setor.

A reunião ocorre em um momento de incertezas logísticas e dificuldades operacionais, especialmente em portos importantes como Itajaí, Itapoá e São Francisco do Sul, que enfrentam problemas de capacidade e infraestrutura.

Diante das dificuldades enfrentadas por indústrias de setores como madeira, móveis, metalmecânica e equipamentos elétricos, que relatam prejuízos com cobranças de taxas de “detention” e “demurrage” — penalidades aplicadas quando há atraso na devolução de contêineres e na estadia de cargas no porto —, a reunião na FIESC se mostrou essencial para buscar soluções conjuntas e assegurar a competitividade das exportações catarinenses. Além disso, foram abordados investimentos futuros para adequar a infraestrutura portuária do estado às demandas crescentes e às projeções de crescimento.

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Os portos de Santa Catarina têm papel fundamental no escoamento de mercadorias e no crescimento econômico do estado. No entanto, nos últimos meses, as operações portuárias têm enfrentado gargalos significativos, que afetam diretamente a cadeia logística e o desempenho das exportações e importações. Entre os principais desafios estão:

  1. Falta de Capacidade Operacional: O Porto de Itajaí, um dos mais movimentados do estado, vem sofrendo com a lentidão no processamento de contêineres devido à falta de capacidade operacional após o conflito trabalhista e a demora na retomada das operações de contêineres. Esse problema se reflete em atrasos e dificuldades no escoamento de produtos, impactando diretamente o planejamento logístico das indústrias.
  2. Taxas de Detention e Demurrage: Indústrias de diferentes setores têm enfrentado custos elevados decorrentes das taxas de detention e demurrage, que são aplicadas quando o contêiner é mantido por mais tempo do que o acordado. Essas taxas têm gerado prejuízos expressivos, além de aumentar os custos logísticos das empresas, diminuindo a competitividade dos produtos catarinenses no mercado internacional.
  3. Impacto de Conflitos Globais: A escalada do conflito no Oriente Médio também contribuiu para a desorganização das cadeias logísticas e o aumento do custo de transporte marítimo. Com o aumento da volatilidade no mercado global, muitos armadores redirecionaram seus navios para rotas alternativas, o que resultou em escassez de contêineres e em um aumento no tempo de espera para o atendimento nos portos.

Durante a reunião, representantes das indústrias e operadores portuários discutiram esses entraves e possíveis estratégias para superá-los. Um dos pontos destacados foi a necessidade de investimentos urgentes em infraestrutura e equipamentos para ampliar a capacidade de operação dos portos catarinenses e, assim, atender à crescente demanda do mercado.

Apesar dos desafios atuais, os portos catarinenses vislumbram um futuro promissor, com projetos de investimentos que visam modernizar e expandir suas operações. Durante a reunião na FIESC, foram apresentados os seguintes investimentos:

  • Porto Itapoá: Anunciou um investimento de R$ 500 milhões para a aquisição de novos equipamentos e a expansão da área de operações, o que permitirá aumentar a capacidade de movimentação de cargas e melhorar a eficiência das operações. Com isso, o Porto Itapoá reforça sua posição como um dos principais terminais portuários do estado, preparado para atender a demanda futura.
  • Portonave: A Portonave, localizada em Navegantes, está destinando R$ 1 bilhão para adequar o cais e receber navios de maior porte, com até 400 metros de comprimento. Essa ampliação visa preparar o porto para atender a novas linhas internacionais e consolidar a infraestrutura necessária para operações de grande porte.
  • Aprofundamento do Canal de Acesso à Baía da Babitonga: Os portos de Itapoá e São Francisco do Sul receberam recentemente a licença para a obra de aprofundamento do canal de acesso à Baía da Babitonga, que terá um investimento de R$ 300 milhões. Esse projeto é fundamental para permitir a navegação de embarcações maiores e aumentar a competitividade dos portos catarinenses no cenário internacional.

Esses investimentos são essenciais para fortalecer a infraestrutura portuária do estado e atrair novos negócios, criando um ambiente favorável para o crescimento econômico e a geração de empregos.

Apesar das dificuldades enfrentadas atualmente, as perspectivas para o setor portuário catarinense são positivas. A FIESC, juntamente com outros órgãos e entidades, está empenhada em atrair mais investimentos e garantir que os portos do estado possam operar em sua capacidade máxima. A ideia é não apenas resolver os gargalos imediatos, mas também criar uma base sólida para o crescimento sustentável no longo prazo.

Ana Carolina Estevão Albuquerque, executiva da empresa de logística Maersk, e Ricardo Ramos, do Terminal Portuário Barra do Rio, reforçaram a importância de um trabalho conjunto entre o setor público e privado para superar os desafios e melhorar a eficiência logística. Durante suas apresentações, ambos destacaram a necessidade de um planejamento estratégico de longo prazo, que inclua investimentos contínuos e inovação tecnológica.

A FIESC tem desempenhado um papel ativo na busca por soluções para os desafios enfrentados pelo setor portuário e logístico de Santa Catarina. A entidade se mantém em constante diálogo com representantes do governo e do setor privado, promovendo eventos e encontros como o realizado nesta terça-feira, que buscam alinhar estratégias e identificar oportunidades de melhoria.

O presidente da FIESC, Mario Cezar de Aguiar, destacou a importância de tratar os problemas logísticos de forma proativa, envolvendo todos os atores da cadeia produtiva. “Santa Catarina possui um potencial logístico extraordinário, mas é essencial que os gargalos sejam solucionados para que possamos atingir nossa plena capacidade de crescimento e competitividade”, afirmou Aguiar.

Além disso, o deputado Carlos Humberto, presente no evento, ressaltou a relevância da aproximação com agentes do comércio exterior e investidores para atrair novos recursos e alavancar projetos de infraestrutura. “Temos grandes atrativos no estado catarinense, prontos para receber investimentos. Com um esforço conjunto, podemos transformar Santa Catarina em um hub logístico e portuário de excelência na América do Sul”, concluiu o deputado.