O mistério de Msoura: o enigmático círculo de pedras no norte do Marrocos

Aninhado no norte do Marrocos, a cerca de 15 quilômetros a sudeste de Asilah, encontra-se uma das joias arqueológicas mais enigmáticas do país: o círculo de pedras de Msoura, também conhecido como Mzoura.

Perto da vila de Chouahed, este sítio histórico é composto por 167 monólitos que circundam um imponente túmulo. A estrutura única e as lendas que a cercam fazem de Msoura um ponto de grande interesse para arqueólogos e turistas.

O círculo de pedras de Msoura é uma formação impressionante. O túmulo central mede 58 metros de comprimento, 54 metros de largura e atinge uma altura de 6 metros. Entre os monólitos que circundam o túmulo, um se destaca por sua altura, conhecido como El Uted ou “o pino”, com mais de 5 metros de altura, enquanto a altura média dos outros monólitos é de cerca de 1,5 metros. Essa estrutura monumental sugere que o local teve uma importância significativa para as pessoas que o construíram.

Uma das lendas mais fascinantes associadas ao círculo de pedras de Msoura é a de Anteu, um gigante da mitologia grega. Segundo a lenda, Msoura é o túmulo de Anteu, filho de Poseidon e Gaia, que foi morto por Hércules. Esta conexão mitológica sugere que o local possa ter sido reconhecido e reverenciado desde a antiguidade, adicionando uma camada de mistério e fascínio ao sítio arqueológico.

O círculo de pedras de Msoura remonta ao período do Reino da Mauritânia, por volta do século IV ou III a.C. Este reino, localizado no noroeste da África, abrangia partes do atual Marrocos e Argélia. Acredita-se que Msoura pode ter sido um local de importância ritual ou funerária, refletindo as práticas e crenças culturais da época.

A descoberta e o estudo de Msoura oferecem valiosas informações sobre a história antiga do Marrocos e as práticas culturais dos povos que habitaram a região. A estrutura e a disposição dos monólitos sugerem um planejamento e uma execução sofisticados, indicando um nível significativo de organização social e habilidade técnica.

Arqueólogos têm estudado Msoura há décadas, tentando desvendar os segredos de sua construção e uso. A pesquisa sugere que os monólitos podem ter sido transportados de pedreiras distantes, exigindo um grande esforço coletivo. Além disso, a precisão da disposição das pedras indica um conhecimento avançado de geometria e astronomia, sugerindo que o local pode ter tido significados astronômicos ou calendáricos.

A associação de Msoura com a lenda de Anteu adiciona um elemento de mito e mistério ao local. Na mitologia grega, Anteu era um gigante invencível enquanto permanecia em contato com sua mãe, Gaia, a Terra. Hércules, ao descobrir essa fraqueza, levantou Anteu do chão e o estrangulou no ar. A lenda afirma que Msoura é o túmulo onde Anteu foi enterrado após sua derrota.

Embora a lenda de Anteu seja claramente mitológica, sua associação com Msoura destaca a longa tradição de mitos e lendas associadas a locais significativos. Esses mitos podem ter sido uma forma de conferir legitimidade ou sacralidade ao local, conectando-o a figuras e histórias poderosas da antiguidade.

O Reino da Mauritânia, que existiu entre o século IV a.C. e o século I d.C., era um reino berbere que eventualmente se tornou um estado cliente do Império Romano. O reino desempenhou um papel importante na história antiga do noroeste da África, servindo como uma ponte cultural entre o Mediterrâneo e a África subsaariana.

Acredita-se que Msoura pode ter sido um centro ritual ou funerário significativo durante o período do Reino da Mauritânia. A disposição dos monólitos e a imponência do túmulo sugerem que o local pode ter sido usado para cerimônias importantes, possivelmente incluindo ritos de passagem, celebrações astronômicas ou enterros de elite.

Os 167 monólitos que cercam o túmulo de Msoura variam em tamanho, mas sua disposição geométrica precisa sugere um planejamento cuidadoso. A presença do monólito El Uted, com mais de 5 metros de altura, destaca-se como um ponto focal da estrutura. A função exata desses monólitos ainda é objeto de estudo, mas eles podem ter servido como marcadores cerimoniais ou delimitadores de um espaço sagrado.

Msoura é frequentemente comparada a outros círculos de pedras ao redor do mundo, como Stonehenge na Inglaterra. Embora existam diferenças significativas em termos de design e função, essas comparações ajudam a contextualizar Msoura dentro de uma tradição global de construção de monumentos megalíticos.

A preservação e o estudo contínuo de Msoura são essenciais para a compreensão da história antiga do Marrocos e do Reino da Mauritânia. Esforços de conservação são necessários para proteger o sítio da erosão e de outras formas de degradação. Além disso, a pesquisa arqueológica contínua pode revelar mais sobre a função e a importância de Msoura.

Msoura tem o potencial de se tornar um importante destino turístico, atraindo visitantes interessados em história e arqueologia. Programas educativos e interpretativos podem ajudar a aumentar a conscientização sobre a importância do local e incentivar a preservação do patrimônio cultural do Marrocos.

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