O novo sistema comercial digital da Celesc, denominado Conecte, tem sido alvo de fortes críticas por consumidores catarinenses desde sua implementação. As principais queixas incluem atrasos na emissão e entrega das faturas de energia elétrica, além da dificuldade em resolver demandas nas unidades de atendimento presencial da companhia.
Esses transtornos foram pauta central na reunião da Comissão dos Direitos do Consumidor e do Contribuinte e de Legislação Participativa da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc), realizada na manhã desta quarta-feira (12).
Com mais de 3,5 milhões de consumidores atendidos no estado, a Celesc acumulou 1.876 reclamações no site Reclame Aqui apenas em 2024. A insatisfação levou o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) a exigir esclarecimentos da empresa em fevereiro deste ano. Entre os principais problemas relatados pelos clientes estão contas de energia acumuladas, falhas na emissão de boletos e dificuldades para contato via canais onlines.
Durante a reunião na Alesc, o presidente da Celesc, Tarcísio Rosa, e outros representantes da companhia foram questionados sobre a origem das falhas e as soluções previstas. Segundo o deputado Mário Motta (PSD), que presidiu o encontro, o objetivo do debate foi avaliar o impacto financeiro e a repercussão negativa do Conecte para a estatal.
“O consumidor não pode ser prejudicado por uma transição mal planejada. São situações que deveriam ter sido antecipadas, projetadas e calculadas”, criticou o parlamentar, mencionando o investimento de mais de R$ 100 milhões na criação do novo sistema.
Conecte, inovação ou problema?
O Conecte foi lançado com a promessa de modernizar o atendimento da Celesc, unificando mais de 80 serviços em uma agência digital e em um aplicativo. A empresa destacou que o projeto envolveu mais de 250 profissionais ao longo de dois anos, além de 3 mil usuários treinados e 36 mil testes realizados antes da implementação. No entanto, as falhas operacionais geradas pela mudança vêm gerando insatisfação.
Tarcísio Rosa reconheceu os transtornos, mas garantiu que o processo faz parte de uma transformação digital sem precedentes no setor elétrico brasileiro. “Sempre deixamos claro que o usuário catarinense não teria prejuízos”, afirmou. O presidente da Celesc também estabeleceu um prazo para a normalização do sistema: “Até 30 de abril, pretendemos equacionar todos os problemas.”
Próximos passos e impactos para o consumidor
Diante da pressão dos parlamentares e do Ministério Público, a Celesc precisará adotar medidas urgentes para solucionar as falhas do Conecte e restaurar a confiança dos consumidores. As mudanças na estatal ocorrem em um contexto de crescente digitalização dos serviços públicos, que exige equilíbrio entre inovação e eficiência.
Enquanto a empresa trabalha para corrigir os problemas, a expectativa dos consumidores é que os serviços voltem à normalidade o mais rápido possível. Para muitos catarinenses, a confiabilidade na prestação de um serviço essencial como a energia elétrica está em jogo.