Vulcão entra em erupção e gera 300 tremores na Islândia

A Islândia despertou sob tensão nesta quarta-feira, 16 de julho, com uma nova erupção vulcânica na cratera de Sundhnúkur, na região da península de Reykjanes. O fenômeno geológico, que veio na esteira de uma sequência impressionante de aproximadamente 300 terremotos, escancarou fissuras na crosta terrestre e reacendeu o temor de impactos ambientais e sanitários na região.

O episódio teve início por volta das 3h56 no horário local (0h56 em Brasília), segundo comunicado das autoridades islandesas. A principal atividade sísmica foi registrada entre as áreas de Stóra-Skógfell e Sýlingarfell, sugerindo o surgimento de um túnel de magma com cerca de 6,5 quilômetros de extensão sob o solo da península.

Fissuras e fluxo de lava se espalham na região

O evento vulcânico abriu duas fissuras visíveis. A maior delas, com aproximadamente 2,4 quilômetros, concentra a maior parte da atividade eruptiva. Uma segunda abertura, menor, mede cerca de 500 metros. O fluxo de lava segue em direção leste e, até o momento, não apresenta ameaça imediata às estruturas urbanas ou infraestruturas locais.

Apesar disso, o espetáculo da natureza não deixa de assustar. Imagens divulgadas pelo Departamento de Proteção Civil da Islândia mostram o solo rompido pela lava incandescente, que escorre em forma de rios flamejantes e transforma a paisagem em um verdadeiro cenário apocalíptico.

Vulcão entra em erupção e gera 300 tremores na Islândia
Foto: Departamento de Defesa Pública da Polícia Estadual

O que dizem os especialistas sobre o magma acumulado

Conforme apontado por análises publicadas no Live Science, a erupção foi antecipada por uma elevação considerável no volume de magma sob a região de Svartsengi. Calcula-se que esse acúmulo corresponda a dois terços do volume de erupções anteriores, o que levou os geólogos a sugerirem que o magma atingiu a superfície antes de atingir sua capacidade máxima de pressão subterrânea – fator que explicaria o início precoce da atividade eruptiva.

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Entre os fenômenos mais curiosos e preocupantes associados à erupção está a formação dos chamados “cabelos de bruxa” – delicadas fibras de vidro vulcânico, geradas pelo resfriamento brusco da lava em contato com o ar. Levadas pelo vento, essas fibras podem causar irritações na pele, nos olhos e no sistema respiratório. Por isso, as autoridades alertam a população local para evitar áreas próximas e utilizar equipamentos de proteção se for preciso sair de casa.

Vulcão entra em erupção e gera 300 tremores na Islândia
Foto: Departamento de Defesa Pública da Polícia Estadual

Poluição gasosa afeta cidades vizinhas

Além dos riscos físicos, a erupção provocou um aumento significativo nos níveis de gases tóxicos, especialmente dióxido de enxofre (SO₂), em diversos municípios da península, como Reykjanesbær, Vogar, Sandgerði e Garð. A presença desse gás no ar levou os órgãos de saúde a recomendar o isolamento doméstico, com janelas fechadas e suspensão do uso de sistemas de ventilação que tragam ar externo.

O dióxido de enxofre, segundo a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), é um poluente de alta periculosidade, capaz de provocar tosse, chiado no peito, produção de catarro, agravamento de quadros asmáticos e doenças respiratórias crônicas. Crianças, idosos e pessoas com doenças pulmonares ou cardíacas são os grupos mais vulneráveis a esse tipo de contaminação.

O Escritório Meteorológico da Islândia, em parceria com a Guarda Costeira, segue monitorando todos os desdobramentos do evento vulcânico. Um novo mapa de risco está em elaboração e será divulgado em breve para orientar moradores e autoridades quanto às possíveis mudanças na direção da lava ou nos ventos que transportam a poluição gasosa.

A erupção de Sundhnúkur se soma a uma série de episódios registrados nos últimos anos na mesma península, consolidando Reykjanes como uma das áreas de maior instabilidade geológica da Islândia. Geólogos e especialistas continuam acompanhando os dados em tempo real, sem descartar a possibilidade de novas fissuras ou até mesmo outra erupção nas próximas semanas.

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