O vinagre de maçã voltou a ganhar destaque nas redes sociais como um possível aliado do emagrecimento. Defendido por influenciadores, dietas alternativas e até por algumas abordagens naturais, o ingrediente é frequentemente apontado como capaz de reduzir o peso corporal e a gordura abdominal. Mas até que ponto essa promessa tem respaldo científico? Especialistas e estudos recentes ajudam a separar o que é evidência do que ainda é especulação.
Produzido a partir da fermentação do suco da maçã, o vinagre de maçã surge quando os açúcares da fruta passam por duas etapas de transformação. Na primeira, bactérias e leveduras convertem o açúcar em álcool. Em seguida, bactérias específicas transformam esse álcool em ácido acético, principal composto ativo do vinagre. É justamente esse ácido que concentra os possíveis efeitos metabólicos associados ao produto, segundo nutricionistas como Jessica Cording e Vanessa Rissetto.
Quando o assunto é emagrecimento, os especialistas são claros: não existe atalho comprovado. A perda de peso ocorre quando o organismo gasta mais calorias do que consome, o chamado déficit calórico, que depende de alimentação equilibrada e prática regular de atividade física. Dentro desse contexto, o vinagre de maçã pode até exercer um papel complementar, mas está longe de ser uma solução isolada.
As evidências científicas sobre o tema ainda são limitadas. Muitos estudos apresentam amostras pequenas, curta duração e ausência de grupos de controle adequados. Ainda assim, algumas pesquisas chamaram a atenção. Uma revisão recente que analisou dez ensaios clínicos com quase 800 pessoas com sobrepeso ou diabetes tipo 2 observou que os participantes que consumiram vinagre de maçã tiveram uma redução de peso ligeiramente maior do que aqueles que não utilizaram o produto. No entanto, os protocolos variaram bastante, dificultando conclusões definitivas.
Outro estudo mais amplo, publicado em 2025 na revista Nutrients, avaliou 861 adultos e identificou reduções modestas no peso corporal e na circunferência da cintura entre os participantes que incluíram o vinagre de maçã na rotina diária. Vale destacar que, nesses casos, o consumo do vinagre esteve associado a orientações nutricionais e estímulo à prática de exercícios físicos, fatores que, por si só, já favorecem o emagrecimento.
Além da possível influência no peso, o vinagre de maçã também tem sido estudado por seus efeitos sobre a saúde metabólica. Pesquisas sugerem que ele pode contribuir para um melhor controle da glicemia, ajudando a reduzir picos de açúcar no sangue após as refeições. Isso ocorre, em parte, porque o ácido acético pode retardar o esvaziamento gástrico, prolongando a sensação de saciedade e reduzindo o apetite ao longo do dia.
Apesar desses potenciais benefícios, especialistas alertam para o uso consciente. Consumir vinagre de maçã puro não é recomendado, pois pode causar irritações na boca, no esôfago e no estômago, além de agravar quadros de refluxo. Para quem não apresenta sensibilidade gastrointestinal, a orientação mais comum é diluir uma ou duas colheres de sopa em um copo de água e ingerir antes das refeições. Também é indicado optar por versões orgânicas e menos processadas.
Em resumo, a ciência não confirma o vinagre de maçã como um produto milagroso para emagrecer. Ele pode, no máximo, atuar como um coadjuvante dentro de um estilo de vida saudável. Sem mudanças na alimentação, no nível de atividade física e nos hábitos diários, o efeito tende a ser mínimo. Como em qualquer estratégia de saúde, o equilíbrio continua sendo o principal ingrediente.

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