Viagem ao centro da Terra pelas tocas pré-históricas das preguiças gigantes da Amazônia

Imagine uma jornada no tempo que nos leva a uma época em que criaturas gigantes, como as preguiças que pesavam até cinco toneladas, que vagavam pela Terra.

Agora, graças a uma descoberta incrível e tecnologia de ponta, as pessoas podem fazer uma viagem virtual à maior paleotoca já registrada no Brasil. Localizada em um distrito remoto de Porto Velho, essa paleotoca tem mais de 10 mil anos e revela segredos fascinantes sobre o passado pré-histórico do Brasil.

O Serviço Geológico do Brasil (SGB) empreendeu uma missão audaciosa para mapear e compartilhar com o mundo essa maravilha pré-histórica.

A paleotoca tem, até agora, 600 metros de extensão, com túneis e bifurcações que atingem alturas surpreendentes de até 3 metros em alguns pontos. Mas a tecnologia moderna está prestes a revelar que a paleotoca é muito maior do que se pensava inicialmente.

Segundo o engenheiro cartógrafo Fábio Costa, a ideia é utilizar equipamentos de alta precisão para medir com exatidão as dimensões da paleotoca. Isso pode revelar detalhes e registros que são invisíveis a olho nu, proporcionando uma visão única desse antigo habitat.

A história por trás dessa descoberta é fascinante por si só. O geólogo Amilcar Adamy, que passou mais de uma década explorando e mapeando essa paleotoca, encontrou-a pela primeira vez em 2010, em uma propriedade privada em Vista Alegre do Abunã, um distrito de Porto Velho. A primeira visita foi limitada a apenas 10 metros devido à incerteza do que estava além.

No entanto, anos depois, com mais preparação, a equipe retornou e começou a desvendar os segredos da paleotoca. Finalmente, conseguiram mapear todo o trajeto feito até agora de 600 metros.

Inicialmente, pensava-se que o local era uma caverna e que talvez tivesse sido habitado por garimpeiros ou paleoíndios. No entanto, estudos posteriores e contribuições de outros pesquisadores revelaram que se tratava de uma paleotoca, possivelmente escavada por preguiças gigantes ou criptodontes, antepassados dos tatus.

As dimensões da paleotoca apontam para a ação de animais muito maiores do que um tatu, tornando essa descoberta ainda mais intrigante.

A paleotoca encontrada em Porto Velho ganha mais significado quando conectada aos fósseis das preguiças-gigantes encontrados no rio Madeira, em Rondônia. Esses gigantes pré-históricos, que mediam cerca de 6 metros de comprimento e pesavam até 5 toneladas, foram extintos há mais de 10 mil anos durante a “Era do Gelo”.

Seus descendentes, as preguiças que conhecemos hoje, são muito menores em comparação, com menos de 1 metro de comprimento.

A ligação entre a paleotoca e essas criaturas colossais oferece uma visão fascinante da vida na pré-história e das adaptações que esses animais fizeram para sobreviver.

paleotoca

Para identificar uma paleotoca, há características distintas que a diferenciam de uma caverna comum:

– Sistema complexo de túneis.

– Bifurcações que permitem a entrada e saída do animal.

– Formato semicircular abobadado.

– Marcas de garra nas paredes.

Entrar na paleotoca requer se arrastar inicialmente, mas rapidamente se transforma em um espaço onde é possível andar em pé. É um labirinto de túneis e bifurcações, além de ser o lar de mosquitos e morcegos. A razão para tantos túneis é a maneira como esses animais gigantes escavavam, criando essas estruturas complexas para facilitar sua locomoção.

O projeto de mapeamento da paleotoca em Porto Velho é uma combinação de habilidades humanas e tecnologia de ponta. Engenheiros cartógrafos e um laser scanner terrestre foram fundamentais para essa tarefa. O laser scanner cria uma nuvem de pontos detalhados, que descrevem com precisão a superfície da paleotoca em 3D, revelando todos os seus detalhes.

Um laser aéreo acoplado em um drone também foi utilizado para retirar a vegetação e permitir uma visão clara do terreno. Isso é crucial para entender o comportamento do solo e as nuances da paleotoca.

Os primeiros projetos cartográficos da paleotoca devem ser concluídos em cerca de 30 a 40 dias, de acordo com os engenheiros. No entanto, a verdadeira emocionante jornada está por vir: a criação de um passeio em realidade aumentada que permitirá que pessoas do mundo todo explorem essa incrível paleotoca virtualmente.

O objetivo dos pesquisadores é tornar o conhecimento sobre a paleotoca universal e gerar material para futuros estudos científicos. Esse projeto marca o fechamento da carreira do geólogo Amilcar Adamy, que vê seu trabalho se transformar em uma realidade virtual acessível a todos.

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A descoberta e mapeamento da maior paleotoca do Brasil é uma jornada emocionante que nos conecta ao passado pré-histórico da Terra. Essa paleotoca revela segredos sobre criaturas gigantes que viveram há mais de 10 mil anos, oferecendo uma visão única da história da vida na Amazônia. Com tecnologia de ponta e a determinação de pesquisadores como Amilcar Adamy, agora todos podem se aventurar nessa incrível viagem virtual pelo tempo. A paleotoca de Porto Velho é mais do que uma caverna antiga; é um portal para o passado fascinante de nosso planeta.