Vestígios espaciais revelados no tesouro da idade do bronze

O Tesouro de Vilhena, uma coleção rara e enigmática que remonta à Idade do Bronze, sempre fascinou historiadores e entusiastas da arqueologia. Descoberto por José María Soler em 1963, nas terras de Vilhena, na Espanha, este tesouro composto por 59 peças, entre pulseiras, tigelas e outros artefatos, tem intrigado a comunidade acadêmica há décadas. A presença peculiar de ferro entre os materiais preciosos sempre foi motivo de especulação e curiosidade, desafiando as noções convencionais sobre a tecnologia da época. No entanto, um novo estudo lança luz sobre esse mistério, revelando uma conexão cósmica inesperada.

Com sua composição diversificada de ouro, prata, âmbar e, surpreendentemente, ferro, o Tesouro de Vilhena é verdadeiramente singular. Consideradas as peças de ferro mais antigas encontradas na região, esses artefatos datam de aproximadamente 3.000 anos atrás, desafiando as noções anteriores sobre a presença desse metal na Idade do Bronze. O enigma se aprofunda quando consideramos a ausência de evidências claras sobre quem os produziu e como foram utilizados.

Um estudo recente, liderado por pesquisadores do Museu Arqueológico Nacional, da Autoridade de Desenvolvimento do Portão de Diriyah (Arábia Saudita) e do Instituto de História CSIC, lançou nova luz sobre o Tesouro de Vilhena. Publicado na renomada revista Trabajos de Prehistoria, a pesquisa revela uma descoberta surpreendente: a presença de elementos cósmicos nas peças.

Análises minuciosas realizadas no Curt-Engelhorn-Centre of Archaeometry gGmbH revelaram que duas das peças do tesouro – uma pulseira e uma pequena semiesfera oca, possivelmente parte de um cetro ou cajado – foram perfuradas utilizando ferro meteórico. Antes da invenção dos métodos de fundição, o ferro meteórico era considerado um material precioso, sendo a única fonte desse metal durante a Idade do Bronze.

Os resultados do estudo indicam que a tampa da semiesfera, adornada com uma folha de ouro, foi confeccionada com ferro meteórico, com uma composição química comparável ao meteorito Mundrabilla, que caiu na Terra há menos de um milhão de anos. Essa descoberta sugere que as peças do Tesouro de Vilhena são as primeiras atribuíveis ao ferro meteórico na Península Ibérica, datando do final da Idade do Bronze.

O Tesouro de Vilhena continua a desafiar nossas noções convencionais sobre a história e tecnologia antigas. A descoberta do ferro meteórico entre esses artefatos não apenas revela uma fascinante conexão com o cosmos, mas também lança nova luz sobre as habilidades tecnológicas e a criatividade dos antigos artesãos. À medida que continuamos a explorar os mistérios do passado, o Tesouro de Vilhena permanecerá como um testemunho da habilidade humana e da intriga cósmica que permeia nossa história.