Fragmentos de um foguete V-2, uma das armas mais emblemáticas da Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial, foram identificados recentemente no sudeste da Polônia, em uma área historicamente ligada aos testes desses mísseis. O achado ocorreu nas proximidades do atual Parque Histórico de Blizna, local que serviu como campo experimental do programa balístico alemão após a intensificação dos bombardeios aliados em território germânico.
A descoberta foi feita por integrantes da Associação de Entusiastas Militares da região de Podkarpackie, que atuavam em conjunto com autoridades locais e grupos especializados em detecção de artefatos históricos. Entre os itens localizados estão componentes típicos do V-2, como partes da turbobomba, injetores do sistema de propulsão e um cone balístico em estado de conservação considerado raro para esse tipo de material.
De acordo com informações divulgadas pelo portal Heritage Daily, a ogiva estava enterrada no solo junto a segmentos do segundo estágio do foguete, que se chocou com a estrutura principal no momento do impacto. Por se tratar de uma ogiva de treinamento, sem carga explosiva ativa, não houve detonação, o que favoreceu a preservação dos fragmentos. O material será incorporado ao acervo do Parque Histórico de Blizna, onde passará a integrar a exposição permanente dedicada ao período da guerra.
O local de Blizna teve papel estratégico no desenvolvimento do programa de mísseis do Terceiro Reich, especialmente após o ataque aliado ao centro de pesquisas de Peenemünde, em 1943. A importância do campo de testes é evidenciada pelas visitas de figuras centrais do regime nazista, incluindo líderes da SS e o próprio Adolf Hitler, que acompanhavam de perto a evolução do armamento.
Projetado sob a liderança do engenheiro Wernher von Braun, o foguete V-2, conhecido tecnicamente como Aggregat-4, entrou para a história como o primeiro míssil balístico guiado de longo alcance. Também foi o primeiro artefato criado pelo ser humano a ultrapassar a Linha de Kármán, limite convencional entre a atmosfera terrestre e o espaço.
Entre 1944 e 1945, milhares de V-2 foram lançados contra cidades e alvos militares aliados, provocando a morte de cerca de 9 mil pessoas. Esse número, no entanto, não contempla as vítimas do processo de fabricação dessas armas, marcado pelo uso de trabalho forçado e prisioneiros de campos de concentração, um dos capítulos mais sombrios do legado tecnológico e humano do programa nazista.
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