Os países islâmicos possuem uma abordagem única em relação às finanças, baseada nos princípios da lei islâmica, conhecida como Sharia. Esses princípios têm influência significativa sobre o sistema financeiro e afetam o uso do cartão de crédito e débito nesses países. Neste artigo, exploraremos como é o uso do cartão em países islâmicos, bem como as alternativas financeiras compatíveis com a Sharia.
1. Princípios da Sharia e o uso do cartão:
A Sharia proíbe o pagamento e a recepção de juros (riba) e atividades relacionadas a jogos de azar (maysir). Esses princípios afetam o uso tradicional do cartão de crédito, que envolve o pagamento de juros sobre saldos pendentes. Portanto, os cartões de crédito tradicionais podem não ser tão comuns ou amplamente aceitos em países islâmicos, especialmente em áreas mais conservadoras.
2. Cartões de débito e pré-pagos:
Em países islâmicos, os cartões de débito e pré-pagos são mais comuns e amplamente utilizados em comparação aos cartões de crédito. Os cartões de débito permitem que os usuários façam compras e saques usando o saldo disponível em sua conta bancária, evitando assim o pagamento de juros. Os cartões pré-pagos funcionam de maneira similar, porém, exigem que o usuário carregue o cartão com um valor pré-determinado antes de utilizá-lo.
3. Cartões de crédito compatíveis com a Sharia:
Para atender à demanda de consumidores que desejam um cartão de crédito compatível com os princípios da Sharia, alguns bancos em países islâmicos oferecem cartões de crédito baseados em conceitos financeiros islâmicos. Esses cartões geralmente são chamados de “cartões de crédito conformes à Sharia” ou “cartões de crédito halal”. Eles operam de acordo com os princípios da Sharia, evitando a cobrança de juros, e podem oferecer benefícios alternativos, como programas de recompensas baseados em doações para caridade.
4. Alternativas financeiras compatíveis com a Sharia:
Além dos cartões de débito e cartões de crédito compatíveis com a Sharia, existem outras alternativas financeiras disponíveis em países islâmicos. Alguns exemplos incluem:
a) Murabaha: É um tipo de contrato de compra e venda onde o banco adquire o produto desejado pelo cliente e o vende a ele com uma margem de lucro pré-determinada, em vez de cobrar juros.
b) Takaful: É um conceito de seguro islâmico baseado em princípios de cooperação e compartilhamento de riscos, em vez de cobrar prêmios de seguro que são considerados equivalentes a juros.
c) Wakala: É um contrato de agência onde o cliente nomeia um agente (Wakil) para gerenciar seus fundos ou investimentos em seu nome. O Wakil recebe uma taxa pré-acordada pelos serviços prestados.
5. Influência da tecnologia e Fintechs:
Assim como em outras partes do mundo, a tecnologia e as fintechs estão desempenhando um papel significativo na evolução do sistema financeiro nos países islâmicos. As fintechs têm se concentrado em desenvolver soluções financeiras inovadoras, que se alinham aos princípios da Sharia e atendem às necessidades específicas dos consumidores muçulmanos.
Por exemplo, estão surgindo plataformas digitais que oferecem serviços de pagamento eletrônico compatíveis com a Sharia, permitindo transações sem a cobrança de juros. Essas soluções incluem aplicativos de pagamento baseados em tecnologia blockchain, que fornecem transparência e segurança nas transações financeiras.
Além disso, as fintechs também estão trabalhando no desenvolvimento de plataformas de financiamento colaborativo (crowdfunding) e investimentos baseados em princípios islâmicos. Essas plataformas conectam investidores a empreendedores em busca de financiamento, seguindo as diretrizes da Sharia, como a proibição de investimentos em setores como álcool, jogos de azar e produtos relacionados à carne suína.
Conclusão:
O uso do cartão em países islâmicos é influenciado pelos princípios da Sharia, que proíbem o pagamento e recebimento de juros. Os cartões de crédito tradicionais podem ser menos comuns, enquanto os cartões de débito e pré-pagos são mais amplamente utilizados. Além disso, alguns bancos oferecem cartões de crédito compatíveis com a Sharia, que evitam a cobrança de juros e podem oferecer benefícios alternativos.
No entanto, a evolução tecnológica e o surgimento das fintechs têm impulsionado a criação de soluções financeiras inovadoras, que atendem aos princípios islâmicos. Plataformas digitais, fintechs e aplicativos de pagamento estão oferecendo alternativas compatíveis com a Sharia, enquanto o crowdfunding e investimentos baseados em princípios islâmicos estão ganhando popularidade.
À medida que a tecnologia continua a avançar, é provável que surjam mais soluções financeiras compatíveis com a Sharia, proporcionando aos consumidores muçulmanos opções financeiras alinhadas com seus valores e crenças.