Segundo Jaqueline Scholz, do Instituto do Coração (Incor) em São Paulo, o uso do cigarro eletrônico traz efeitos cardiovasculares no corpo do usuário e pode até chegar a coágulos, infarto e derrame cerebral.
O Profissão Repórter desta terça-feira (19) alertou para os riscos do uso do cigarro eletrônico, conhecido como vape ou pod, que quadruplicou no país nos últimos quatro anos.
A médica cardiologista Jaqueline Scholz, do Instituto do Coração (Incor) em São Paulo, trabalha com o tratamento do tabagismo há 30 anos e acompanhou de perto a chegada do cigarro eletrônico:
“Foi inventado por volta de 2004 e 2005 por um chinês que morava nos EUA, e seu pai morreu de uma doença relacionada ao cigarro. Ele também fumava e tinha a intenção de criar um produto menos nocivo”.
Veja fotos das diferentes gerações dos cigarros eletrônicos
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Veja modelos de cigarros eletrônicos, da primeira até a quarta geração.
A partir da quarta geração, o cigarro eletrônico ganhou essências de diversos sabores e uma substância chamada sal de nicotina, que potencializa a absorção dessa substância pelo organismo.
“Na quarta geração (atual) você tem novos usuários, porque é sal de nicotina, a capacidade de criar a dependência desse produto é extremamente elevada em relação ao cigarro convencional. Muito aroma, não tem fumaça, não tem cheiro ruim”, explica Jaqueline.
Efeitos
A cardiologista Jaqueline fez um estudo com 32 pessoas que fumavam exclusivamente o cigarro eletrônico, em que conseguiu perceber um dano notório no corpo dos usuários.
“Em pessoas que estão usando o produto há 3 meses, eu já encontrei que eles estavam fumando o equivalente a mais de um maço de cigarro por dia”.
No estudo, Jaqueline também conseguiu observar efeitos cardiovasculares do uso do cigarro eletrônico:
Aumento da pressão arterial;
Aumento da constrição dos vasos sanguíneos – eles se apertam e o sangue circula menos;
Aumento da agregação de plaquetas, com risco de formação de coágulos, que podem entupir os vasos;
Risco de infarto e de derrame cerebral.
“Eu diria para um adolescente que não comece (a fumar vape), que isso aí você vai ficar dependente, viciado. E para parar vai ser um transtorno, vai ter que procurar ajuda, tratamento”, ressalta a doutora.