O filme “Utøya 22 de Julho”, dirigido por Erik Poppe e lançado em 2018, é uma dramatização impactante de um dos eventos mais trágicos da história da Noruega: o ataque terrorista realizado por Anders Behring Breivik em 22 de julho de 2011. O longa-metragem busca retratar os momentos de horror vividos pelos jovens que estavam no acampamento da Liga da Juventude Trabalhista na ilha de Utøya, onde 69 pessoas foram brutalmente assassinadas.
A narrativa em tempo real
Diferente de outros filmes baseados em eventos reais, “Utøya 22 de Julho“ adota um formato inovador ao narrar os acontecimentos em tempo real. A câmera segue a jovem protagonista fictícia, Kaja, interpretada pela atriz Andrea Berntzen, enquanto ela luta para sobreviver e encontrar sua irmã mais nova durante o ataque. O filme não foca no terrorista, mas sim nas vítimas, trazendo uma perspectiva humana e angustiante.
A direção de Erik Poppe
O diretor Erik Poppe, conhecido por sua sensibilidade cinematográfica, optou por uma abordagem sem cortes evidentes, o que amplia a imersão do espectador. Essa escolha faz com que o público experimente a mesma sensação de desespero vivida pelos jovens que estavam na ilha. O filme foi gravado em um único plano-sequência de 72 minutos, sem trilha sonora, aumentando a tensão e o realismo da narrativa.
A diferença entre “Utøya 22 de Julho” e “22 de Julho” da Netflix
No mesmo ano do lançamento de “Utøya 22 de Julho”, a Netflix também produziu um filme sobre o ataque, intitulado “22 de Julho”, dirigido por Paul Greengrass. Enquanto o filme da Netflix foca nos eventos antes e depois do atentado, explorando a investigação e o julgamento do terrorista, “Utøya 22 de Julho” concentra-se exclusivamente na experiência das vítimas durante o massacre, tornando-se uma obra ainda mais angustiante e realista.
O impacto do filme
Desde sua estreia, “Utøya 22 de Julho” recebeu aclamação da crítica pela forma respeitosa e intensa com que retratou a tragédia. O filme foi exibido no Festival de Berlim, onde foi elogiado pela coragem ao abordar um evento tão doloroso de maneira sensível e realista. No entanto, também gerou debates sobre o impacto psicológico de reencenar um ataque tão recente e traumático.
Um filme necessário?
Embora assistir “Utøya 22 de Julho” seja uma experiência angustiante, o filme cumpre um papel essencial ao manter viva a memória das vítimas e alertar sobre os perigos do extremismo. Ele não busca sensacionalismo, mas sim uma reflexão sobre como eventos como esse podem acontecer e o impacto devastador que causam em indivíduos e sociedades.
“Utøya 22 de Julho” é um filme que desafia o espectador a encarar um dos momentos mais tristes da história moderna sob a ótica de quem viveu o terror. Com uma abordagem inovadora e um realismo intenso, a obra cinematográfica se estabelece como um dos registros mais comoventes sobre a tragédia na Noruega, cumprindo um papel crucial na conscientização sobre o extremismo e suas consequências.