Usar VPN para acessar sites bloqueados pode comprometer sua cibersegurança

A suspensão do X no Brasil, em decorrência de uma determinação judicial, fez com que muitos brasileiros buscassem alternativas para continuar utilizando a plataforma. A VPN rapidamente se tornou uma das soluções mais populares, permitindo aos usuários mascarar suas localizações e acessar o X como se estivessem em outro país. No entanto, além da multa diária de R$ 50 mil imposta pelo ministro Alexandre de Moraes para quem descumprir a ordem, os usuários que recorrem às VPNs para acessar a rede social podem estar colocando suas informações pessoais e dados em risco.

O que é uma VPN e como ela funciona?

Uma VPN (Rede Privada Virtual) é uma ferramenta que cria um “túnel” criptografado entre o dispositivo do usuário (seja ele um smartphone, tablet ou computador) e um servidor remoto. Isso oculta o endereço IP do usuário, tornando sua localização e identidade virtual mais difíceis de rastrear. Ao usar uma VPN, o tráfego de internet passa por esse túnel seguro até o servidor VPN, que por sua vez acessa o site ou serviço desejado. O servidor remoto atua como intermediário, permitindo ao usuário contornar bloqueios geográficos, como o imposto ao X no Brasil.

Além de permitir o acesso a conteúdos bloqueados, as VPNs são amplamente utilizadas para garantir a privacidade online. Elas ocultam o endereço IP real do usuário e criptografam seus dados, tornando mais difícil para provedores de internet, anunciantes e hackers monitorarem as atividades online. O uso de VPNs também se popularizou durante a pandemia, quando muitas empresas adotaram o trabalho remoto e seus funcionários precisaram acessar redes internas corporativas de forma segura.

A importância da privacidade na era digital

Privacidade online é uma das principais preocupações dos usuários que utilizam VPNs. Na prática, a ferramenta esconde o endereço IP, impedindo que sites e serviços coletem dados sobre a localização geográfica e outros detalhes pessoais. Além disso, ao criptografar o tráfego de internet, as VPNs tornam mais difícil que hackers ou terceiros interceptem e roubem informações sensíveis, como senhas e dados bancários.

No entanto, é importante destacar que o uso de VPNs deve ser feito com cuidado, pois elas não garantem uma proteção absoluta contra todas as ameaças cibernéticas. Além disso, a escolha de um provedor confiável é crucial para garantir que seus dados permaneçam seguros e não sejam coletados ou vendidos a terceiros.

Quais são os riscos do uso de VPNs?

Embora as VPNs ofereçam uma camada adicional de segurança e privacidade, elas não estão isentas de riscos. De acordo com o especialista em segurança digital, Wanderson Castilho, o uso de VPNs pode ser perigoso se o serviço não for configurado corretamente ou se o provedor de VPN for de baixa qualidade. “Por ser um aplicativo, assim como qualquer outro, ela pode conter vírus na hora do download”, explica Castilho. Isso significa que baixar uma VPN de uma fonte não confiável pode resultar na instalação de malwares ou outros tipos de software malicioso em seu dispositivo.

Aqui estão alguns dos principais riscos associados ao uso de VPNs:

1. Falsos sentimentos de segurança

Muitos usuários acreditam que, ao utilizar uma VPN, estão completamente protegidos contra todos os tipos de ameaças online. Isso não é verdade. Embora a VPN criptografe o tráfego de dados, ela não protege contra vírus, malware ou ataques de phishing. Se o usuário clicar em um link malicioso ou baixar um arquivo infectado, a VPN não será capaz de impedir a contaminação do dispositivo.

2. Servidores VPN não confiáveis

Um dos maiores perigos no uso de VPNs é escolher um provedor de VPN que não seja confiável. Muitos serviços gratuitos ou de baixo custo podem coletar e armazenar dados de seus usuários, incluindo o histórico de navegação, endereços IP e informações pessoais. Esses dados podem ser vendidos a terceiros, como empresas de marketing ou, pior ainda, podem cair nas mãos de hackers. Por isso, é essencial escolher um provedor de VPN com histórico comprovado de segurança e uma política de privacidade clara e transparente.

3. Infiltração de malware

Outra preocupação é que alguns serviços de VPN, especialmente aqueles oferecidos gratuitamente, podem vir com malware embutido no software. Ao baixar e instalar o aplicativo, o usuário inadvertidamente instala também programas maliciosos que podem roubar dados pessoais, rastrear atividades online ou mesmo bloquear o acesso ao dispositivo (no caso de ataques de ransomware).

4. Vulnerabilidade a ataques cibernéticos

Se o provedor de VPN não tiver um nível de segurança adequado em seus servidores, os dados dos usuários podem estar expostos a ataques cibernéticos. Hackers podem explorar vulnerabilidades nos servidores da VPN para acessar informações pessoais, como credenciais de login e dados financeiros. Um exemplo comum é o ataque de “Man-in-the-Middle” (Homem no Meio), onde um invasor intercepta o tráfego entre o usuário e o servidor VPN.

5. Redução na velocidade da conexão

Outro problema frequentemente relatado pelos usuários de VPN é a diminuição na velocidade da conexão. Isso acontece porque o tráfego de internet precisa ser roteado por um servidor remoto, o que pode aumentar a latência e reduzir a largura de banda disponível. Esse impacto na velocidade é particularmente notável em atividades que demandam alta capacidade de rede, como streaming de vídeo ou jogos online.

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VPN

Precauções e boas práticas ao usar VPNs

Apesar dos riscos, o uso de VPNs pode ser seguro desde que sejam seguidas algumas boas práticas. O especialista Wanderson Castilho ressalta que a chave para usar VPNs com segurança é garantir que a ferramenta esteja configurada corretamente e escolher um serviço confiável. “Se a VPN estiver configurada da maneira correta, ela vai funcionar sem problema nenhum. Ninguém que estiver fora da sua rede vai conseguir ver suas conexões”, afirma.

Aqui estão algumas dicas para usar VPNs de maneira segura:

1. Escolha um provedor confiável

Opte por VPNs com boa reputação e que ofereçam uma política de privacidade clara. Dê preferência a serviços pagos, pois eles tendem a oferecer melhores recursos de segurança e não dependem de práticas de coleta e venda de dados para financiar suas operações.

2. Atualize sempre o software

Mantenha sua VPN sempre atualizada para garantir que quaisquer vulnerabilidades de segurança sejam corrigidas. Isso é importante não apenas para a VPN, mas também para todos os softwares e aplicativos que você utiliza em seus dispositivos.

3. Combine a VPN com outras ferramentas de segurança

A VPN é apenas uma camada de proteção. Para uma segurança mais robusta, combine seu uso com outras ferramentas, como um bom antivírus, firewall e práticas seguras de navegação, como evitar clicar em links suspeitos e fazer downloads apenas de fontes confiáveis.

4. Evite VPNs gratuitas

Embora as VPNs gratuitas possam parecer tentadoras, elas geralmente vêm com limitações, como velocidades mais baixas, limite de dados e, o mais preocupante, falta de transparência em relação ao uso dos dados dos usuários. Prefira serviços pagos que ofereçam garantias em relação à privacidade e segurança.

5. Desconfie de políticas de “registro zero”

Algumas VPNs afirmam ter uma política de “no-log” (sem registro), o que significa que não armazenam nenhuma informação sobre as atividades dos usuários. No entanto, é importante investigar a credibilidade dessas afirmações, já que nem todas as empresas seguem essa política à risca.

Conclusão

As VPNs são ferramentas poderosas que podem garantir maior privacidade online e permitir o acesso a conteúdos bloqueados geograficamente. No entanto, seu uso inadequado ou a escolha de um provedor de VPN não confiável pode comprometer gravemente a cibersegurança do usuário. Para utilizar uma VPN de forma segura, é essencial optar por um serviço confiável, configurá-lo corretamente e combiná-lo com outras práticas de segurança digital. Com as devidas precauções, a VPN pode ser uma aliada na proteção de sua privacidade, mas é importante entender que ela não é uma solução definitiva para todos os riscos cibernéticos.

Fonte: CNN Brasil