Um tesouro subaquático de 2.400 anos altera o que se sabe sobre a antiguidade

Em um achado sem precedentes, arqueólogos descobriram o naufrágio intacto mais antigo do mundo nas profundezas da costa da Bulgária. Este navio mercante grego, datado de aproximadamente 2.400 anos atrás, oferece uma janela rara para a engenharia naval e a vida marítima na antiguidade. Com 23 metros de comprimento, a embarcação era um elo vital entre colônias gregas e mediterrâneas, navegando pelas águas do Mar Negro. A excepcional preservação do navio, incluindo leme, bancos e até partes do porão, é um testemunho da habilidade dos antigos gregos e um convite para revisitar o que sabemos sobre a navegação naquela era.

A notável conservação do navio deve-se às condições exclusivas encontradas a mais de 2 mil metros abaixo da superfície do mar. Nessa profundidade, a escassez de oxigênio cria um ambiente quase hermético, permitindo que materiais orgânicos resistam à deterioração por milênios. Este fenômeno raro oferece aos cientistas uma oportunidade única de estudar construções navais da antiguidade com detalhes surpreendentes.

A descoberta foi possível graças ao avanço tecnológico. Um projeto inovador, utilizando câmeras de alta resolução originalmente desenvolvidas para a exploração submarina de petróleo, agora acopladas a robôs (ROVs), mapeou o leito marinho com precisão inédita. Essa tecnologia permitiu aos pesquisadores visualizar e documentar o naufrágio de forma detalhada, incluindo a criação de imagens 3D da embarcação.

A importância deste achado é imensurável. Conforme expresso por Jon Adams, líder da pesquisa e professor na Universidade de Southampton, esta descoberta desafia nossa compreensão da construção naval e das práticas de navegação na antiguidade. Curiosamente, o design do navio tem grande semelhança com representações encontradas em vasos gregos antigos, como um famoso do Museu Britânico, datado de cerca de 480 a.C., que ilustra Ulisses e as ninfas marítimas.

Este naufrágio é apenas uma das muitas descobertas feitas pelo Projeto Arqueológico Marítimo do Mar Negro, que já identificou 67 navios naufragados na região, datando de várias eras, desde a antiguidade até o século 17. Cada descoberta fornece valiosas informações sobre o comércio, a tecnologia e a cultura das civilizações que navegaram pelo Mar Negro.

A descoberta do navio mercante grego na costa da Bulgária não é apenas um marco arqueológico; é um portal para o passado, oferecendo insights inestimáveis sobre a vida e a tecnologia de 2.400 anos atrás. Este naufrágio intacto desafia nossas percepções e enriquece nosso entendimento da história marítima. Com o apoio necessário para continuar as explorações e pesquisas, quem sabe quais outros segredos antigos serão desvendados das profundezas do Mar Negro?