Pesquisadores na Alemanha se depararam com uma descoberta que mistura história e mistério: um túmulo de pedra circular da era romana foi encontrado completamente vazio durante obras na vila de Wolkertshofen, na Baviera. A estrutura, com cerca de 12 metros de diâmetro, foi datada de aproximadamente dois mil anos e surpreendeu os arqueólogos por seu formato imponente e por não conter qualquer vestígio humano em seu interior.
Segundo o Escritório Estadual de Preservação de Monumentos da Baviera, o túmulo foi erguido às margens de uma antiga estrada romana, possivelmente como parte de um complexo funerário. O formato circular, aliado ao arranjo simétrico das pedras talhadas, indica que o monumento foi cuidadosamente planejado e possuía grande importância simbólica. Próximo à fundação, os pesquisadores identificaram uma base quadrada que provavelmente sustentava uma estátua ou uma lápide decorativa.
Essa combinação de elementos — o círculo e o quadrado — era comum em estruturas dedicadas a figuras de alto prestígio social durante o Império Romano. “A tumba era um lugar de lembrança e uma expressão de status”, informou o comunicado oficial do órgão bávaro.

Um túmulo sem corpo
A ausência de restos mortais dentro do túmulo levantou a hipótese de que se trate de um cenotáfio — uma tumba simbólica construída para homenagear alguém sepultado em outro local. Esse tipo de monumento era frequente entre as elites romanas, especialmente para honrar militares, governadores ou cidadãos notáveis que morreram longe de casa.
Apesar de existirem construções semelhantes na Itália e em partes da Europa Central, encontrar um exemplar desse porte na Alemanha é considerado “extremamente raro”. A maioria dos túmulos romanos da região pertence a períodos anteriores e apresenta características arquitetônicas distintas.
Fragmentos revelam novas pistas
A descoberta começou de forma inesperada, quando trabalhadores encontraram fragmentos de cerâmica antiga durante obras na área. As escavações foram imediatamente interrompidas e uma equipe de arqueólogos foi acionada. Poucos dias depois, as escavações revelaram a fundação de pedra circular e o quadrado adjacente. Os vestígios cerâmicos encontrados próximos à estrutura ajudaram a datar o sítio, situando-o na época em que a região integrava a província romana da Récia, uma das fronteiras mais ativas do império.
Os pesquisadores acreditam que o monumento pode ter sido erguido entre os séculos I e II d.C., um período de forte presença romana na Baviera.

A tumba vazia de Wolkertshofen oferece aos arqueólogos um vislumbre raro da cultura funerária romana e das práticas simbólicas associadas à morte e à memória. Mesmo sem ossadas, a estrutura em si representa uma preciosidade arqueológica — tanto pelo tamanho quanto pelo excelente estado de conservação.
Agora, os especialistas planejam realizar análises geofísicas e estudos de solo para tentar descobrir se o monumento teve uso posterior ou se foi abandonado logo após sua construção. Há também o interesse em examinar possíveis inscrições perdidas, que poderiam revelar a identidade da pessoa homenageada.
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