Túmulo do Príncipe Waserif Re é encontrado em Saqqara e intriga arqueólogos

As areias de Saqqara, uma das necrópoles mais antigas do Egito, acabam de revelar mais um de seus segredos milenares. Arqueólogos egípcios anunciaram a descoberta do túmbulo do príncipe Waserif Re, filho do rei Userkaf, integrante da Quinta Dinastia do Antigo Egito. A revelação, feita pelo renomado arqueólogo Zahi Hawass, lança luz sobre novos aspectos da realeza egípcia e os complexos rituais de sepultamento.

A equipe de escavação, liderada pelo Conselho Supremo de Antiguidades em parceria com a Fundação Dr. Zahi Hawass para Antiguidades e Patrimônio, encontrou, além do túmbulo, estátuas do Rei Djoser, sua esposa e suas dez filhas — integrantes da Terceira Dinastia. Curiosamente, os pesquisadores acreditam que essas estátuas estavam originalmente localizadas nas proximidades da Pirâmide de Degraus e foram transferidas para o novo local. Por quê? Ainda é um mistério.

Entre os itens mais impressionantes está uma porta falsificada feita de granito rosa, com 4,5 metros de altura por 1,14 metro de largura. A estrutura traz hieróglifos que registram os títulos reais e nomes dos membros da realeza, incluindo a inscrição “príncipe herdeiro” — possivelmente referindo-se a Waserif Re. Tão simbólica quanto funcional, a porta marca uma passagem simbólica entre o mundo dos vivos e o dos mortos.

Também foram localizadas oferendas circulares de granito vermelho, com quase um metro de diâmetro, e uma estátua de granito preto medindo 1,17 metro. Essa última traz hieróglifos apontando para nomes e títulos ligados à 26ª Dinastia, levantando a hipótese de que o túmbulo tenha sido reutilizado durante o Período Tardio, entre a 26ª e 31ª Dinastias.

Outro achado inédito chamou a atenção dos arqueólogos: 13 estátuas sentadas em bancos com encosto, todas talhadas em granito rosa. Aparentemente, elas representam mulheres ligadas aos homens enterrados nos túmbulos. Algumas estão incompletas, outras, mais altas, possivelmente indicam uma hierarquia entre as esposas.

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Na frente dessas esculturas femininas, havia estátuas masculinas de granito preto com 1,35 metro de altura. A disposição e os materiais empregados sugerem um cuidado estético e ritualístico que ainda está sendo estudado.

Saqqara tem se revelado uma verdadeira joia arqueológica nos últimos anos. Localizada a sudoeste de Gizé, essa necrópole foi utilizada durante várias fases do Antigo Egito e tem oferecido descobertas quase que ininterruptas. Técnicas de escavação modernas, aliadas a colaborações internacionais, têm permitido avanços impressionantes no entendimento da sociedade egípcia antiga.

As escavações continuam, e com elas, a esperança de desvendar os mistérios por trás das transferências de estátuas, reutilização de túmbulos e os complexos jogos de poder e simbolismo entre as dinastias. O Egito antigo, como sempre, segue nos surpreendendo.

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