Recentemente, em final de fevereiro de 2025, autoridades egípcias anunciaram uma significativa descoberta: o túmulo do faraó Tutmés II.
Este achado é considerado um marco histórico, sendo o primeiro sepulcro real encontrado no Egito desde a descoberta da câmara funerária de Tutancâmon em 1922, que foi encontrada em condições excepcionais.
A escavação foi conduzida por uma colaboração entre a New Kingdom Research Foundation, uma instituição britânica, e o Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito. O local da descoberta está situado nos Vales Ocidentais, parte do famoso Vale dos Reis, na margem ocidental do Rio Nilo, próximo à antiga Tebas, hoje conhecida como Luxor.
A descoberta do Túmulo
A entrada do túmulo, inicialmente identificada como C4, foi localizada em outubro de 2022 na região de Wadi Gabbanat el-Qurud, a cerca de 2,4 quilômetros do Vale dos Reis. Os pesquisadores acreditavam que esta sepultura poderia pertencer a uma das esposas da dinastia tutmósida, devido à sua proximidade com os túmulos das esposas de Tutmés III e da rainha Hatshepsut, a única mulher a governar como faraó.
Entre os itens encontrados, destacam-se fragmentos de gesso decorados com inscrições em azul e motivos de estrelas amarelas. Piers Litherland, líder da expedição e pesquisador do Instituto McDonald de Pesquisa Arqueológica da Universidade de Cambridge, expressou grande entusiasmo ao descobrir que a câmara funerária apresentava cenas do Amduat, um texto religioso dedicado aos reis, o que foi um forte indicativo de que se tratava de um túmulo real.
Duas características arquitetônicas reforçaram esta hipótese: uma escada larga, comum nas entradas de sepulturas reais, e uma câmara funerária decorada de maneira elaborada. Além disso, os arqueólogos encontraram artefatos, como fragmentos de jarros de alabastro, com inscrições que confirmaram a identidade do túmulo como pertencente a Tutmés II e sua esposa, Hatshepsut, que também era sua meia-irmã.
O reinado de Tutmés II
Poucos registros documentam o governo de Tutmés II, que subiu ao trono jovem e é muitas vezes referido como “o falcão no ninho”. Seu reinado, que ocorreu entre 1493 a.C. e 1479 a.C., é considerado relativamente breve, com algumas estimativas apontando para apenas quatro anos. Ele foi casado com Hatshepsut, com quem teve uma filha, Neferure; seu sucessor, Tutmés III, era filho de uma esposa secundária.
Após a morte precoce de Tutmés II, Hatshepsut assumiu a regência de Tutmés III. Inicialmente, ela se apresentou como uma rainha viúva, mas, ao longo de sete anos, consolidou seu poder político e se tornou faraó, adotando o nome de Maatkare Hatshepsut. Sua iconografia era marcadamente masculina, refletindo o papel que ocupou.
Embora o reinado de Tutmés II tenha sido eclipsado pelo de seu pai, que expandiu o império até a Mesopotâmia, o legado de Hatshepsut é notável por suas realizações arquitetônicas, como o magnífico templo de Deir el-Bahari, e por suas expedições comerciais, especialmente para a terra de Punt, que trouxeram um período de paz e prosperidade ao Egito.
A múmia de Tutmés II
A múmia de Tutmés II não foi encontrada no túmulo, pois foi removida na antiguidade para evitar que fosse saqueada. Durante o Terceiro Período Intermediário do Egito, sacerdotes da XXI Dinastia realocaram várias múmias, incluindo a de Tutmés II, para esconderijos. Sua múmia foi descoberta em 1881 e atualmente está no Museu Nacional de Civilização Egípcia, no Cairo.
Além disso, o conteúdo do túmulo foi transferido para uma segunda sepultura antes do sexto ano do reinado de Tutmés III, devido a inundações que afetaram a construção original. A atual missão arqueológica também encontrou um depósito de fundação intacto, sugerindo que um segundo túmulo pode estar escondido na mesma área.
Com essas novas informações, os pesquisadores questionam a identidade do corpo CG61066, encontrado no Royal Cache em 1881. Embora tenha sido identificado como Tutmés II com base em características familiares, a múmia exposta apresenta indícios que podem indicar que não se trata do faraó.
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