No final do ano passado, surgiu um frenesi nas redes sociais com rumores sobre um suposto “apocalipse da internet”, atribuído a um evento solar extremo. Embora tenha sido prontamente desmentido como uma falsa notícia sensacionalista, o debate sobre as consequências de uma tempestade geomagnética de grande magnitude continua aceso entre cientistas e especialistas. O que aconteceria se a Terra fosse atingida por uma ejeção de massa coronal (CME) de proporções catastróficas? E quais são as chances reais de um verdadeiro “apocalipse da internet”?
Desde o “Evento Carrington” em 1859, apenas três eventos solares extremos foram registrados na história moderna. No entanto, a possibilidade de um evento semelhante está no radar dos cientistas, especialmente após um estudo liderado pela cientista Sangeetha Abdu Jyothi. O estudo apontou que uma tempestade solar de grande escala poderia não apenas afetar redes elétricas e comunicações tradicionais, mas também causar estragos na infraestrutura da internet global.
As estações de fibra óptica regionais podem estar relativamente seguras, mas os cabos submarinos que atravessam continentes são altamente vulneráveis. Esses cabos, essenciais para a conectividade global, são suscetíveis a danos devido aos repetidores eletrônicos que amplificam o sinal ao longo do trajeto. Uma interrupção generalizada da internet poderia ser desencadeada por uma tempestade solar extrema, potencialmente resultando em blecautes de longa duração.
Apesar das preocupações, especialistas como Peter Becker da Universidade George Mason e do Laboratório de Pesquisa Naval dos EUA estão desenvolvendo sistemas de alerta para prevenir danos causados por eventos solares. Seu projeto visa alertar a população cerca de 18 horas antes da chegada das partículas solares ao campo magnético terrestre, oferecendo um tempo crucial para desligar dispositivos e mitigar danos.
O monitoramento contínuo da atividade solar e a análise de CMEs em direção à Terra são componentes essenciais desses esforços preventivos. Becker enfatiza a importância do alerta precoce como uma forma de proteção e sugere que medidas de fortalecimento da infraestrutura da internet são necessárias a longo prazo, embora representem um desafio econômico significativo.
Embora a possibilidade de um “apocalipse da internet” seja um cenário extremo, não podemos ignorar os riscos associados a eventos solares de grande magnitude. A preparação e o investimento em medidas preventivas são fundamentais para fortalecer a resiliência da infraestrutura global de comunicações. À medida que avançamos em uma era cada vez mais dependente da conectividade digital, a conscientização e a ação proativa são essenciais para enfrentar os desafios impostos pelo ciclo solar intenso.