Conseg planeja ações educativas com escolas, conselhos tutelares e autoridades para alertar famílias e proteger adolescentes
Na manhã de segunda-feira (23), o Conselho Comunitário de Segurança da Tri Fronteira (Conseg), promoveu uma reunião estratégica que reuniu diretores de escolas, secretários de educação e conselheiros tutelares dos municípios de Dionísio Cerqueira, Barracão e Bom Jesus do Sul.
O encontro, realizado no Consórcio Intermunicipal da Fronteira (CIF), teve como objetivo estabelecer uma ação conjunta e coordenada para combater o uso crescente de cigarros eletrônicos entre adolescentes da região, um problema que vem ganhando proporções preocupantes.
João Belmonte, presidente do Conseg, abriu a reunião destacando a urgência do tema e a necessidade de mobilização ampla.
“O cigarro eletrônico está entrando com facilidade nas escolas, muitas vezes de forma silenciosa e disfarçada. Precisamos agir com rapidez e eficiência, unindo informação, legislação e o apoio de toda a comunidade para proteger nossos jovens. A campanha que será realizada em agosto contará com uma série de atividades, incluindo palestras educativas, presença de profissionais da saúde, das forças de segurança e, sobretudo, a participação ativa das famílias, que são peças fundamentais no combate ao problema”, explicou João.
A iniciativa conta com o respaldo do Ministério Público, das polícias e das direções escolares, que reconhecem a gravidade do avanço do vape entre os adolescentes e a necessidade de uma resposta articulada.
Durante a reunião, foi definido que o mês de agosto será o marco regional para a campanha educativa, com três encontros comunitários programados para os municípios da Tri Fronteira.
Em Dionísio Cerqueira, a palestra ocorrerá no dia 12 de agosto, às 19h, no CTG local. Em Bom Jesus do Sul, o evento está marcado para o dia 14, também às 19h, no pavilhão municipal. O encerramento da campanha será realizado em Barracão, no dia 20 de agosto, às 19h, no pavilhão da cidade.
A população está sendo convocada a participar em massa, com ênfase especial nos pais e responsáveis, para que compreendam os riscos à saúde associados ao uso do cigarro eletrônico e aprendam a apoiar os jovens a evitar esse hábito nocivo.
A diretora Elisangela Batista, do Colégio Estadual Doutor Mário A. T. de Freitas, em Barracão, compartilhou os desafios enfrentados no ambiente escolar em relação ao uso do vape.
“Já acionamos o conselho tutelar diversas vezes. Temos registros de alunos que utilizam os banheiros da escola para fumar escondido. Isso vai muito além de uma questão disciplinar; trata-se de um risco grave à saúde dos estudantes”, relatou. Ela destacou que, apesar da proibição nacional da comercialização do cigarro eletrônico, muitos jovens conseguem acesso com facilidade, muitas vezes sem ter consciência dos danos que estão causando a si mesmos.
Elisangela enfatizou a importância do apoio das autoridades locais para o enfrentamento do problema.
“O promotor já nos orientou que temos respaldo legal para apreender o cigarro eletrônico e acionar a delegacia. Registramos boletins de ocorrência e convocamos os pais para que respondam por essa situação. Estamos fazendo o possível dentro da escola, mas é fundamental que a comunidade e as famílias estejam engajadas para que possamos realmente fazer frente a esse desafio”, concluiu.
O uso de cigarros eletrônicos entre adolescentes é uma questão que preocupa especialistas em saúde pública no Brasil e no mundo. Estudos indicam que esses dispositivos contêm nicotina em níveis elevados, além de outras substâncias tóxicas que podem causar dependência e danos graves à saúde, incluindo problemas respiratórios e aumento do risco de câncer. Além disso, o vape pode funcionar como porta de entrada para o tabagismo tradicional, ampliando o problema do consumo de tabaco entre jovens.
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu a comercialização do cigarro eletrônico desde 2009, e a importação para uso pessoal também é vedada. A legislação brasileira prevê punições severas para quem comercializa ou oferece esses produtos a menores de idade, incluindo penas de reclusão e multas.
Recentemente, a Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal aprovou o projeto que endurece as penalidades para quem vende ou distribui cigarros eletrônicos a crianças e adolescentes, especialmente em áreas próximas a escolas e espaços frequentados por jovens.
A campanha unificada da Tri Fronteira pretende transformar o mês de agosto em um período de intensa mobilização social, reflexão e conscientização sobre os riscos do cigarro eletrônico. A iniciativa reforça a importância de uma atuação integrada entre escolas, famílias, órgãos de segurança pública e poder público para proteger a saúde e o futuro das novas gerações.
Além das palestras e encontros comunitários, a campanha contará com materiais educativos distribuídos nas escolas, ações em redes sociais e parcerias com entidades locais para ampliar o alcance da mensagem. O objetivo é criar um ambiente de diálogo aberto e construtivo, onde jovens possam entender os perigos do vape e encontrar apoio para resistir à pressão social e ao consumo.
A mobilização da Tri Fronteira é um exemplo de como a cooperação entre diferentes setores da sociedade pode gerar resultados efetivos no enfrentamento de problemas complexos que afetam a saúde pública e o bem-estar das comunidades. Com informação, prevenção e participação cidadã, é possível construir um futuro mais saudável para os adolescentes e suas famílias.
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Estudante da área de saúde, Crysne Caroline Bresolin Basquera é especialista em produção de conteúdo local e regional, saúde, redes sociais e governos.