O Egito nunca decepciona quando o assunto são descobertas arqueológicas de tirar o fôlego. E, desta vez, os holofotes estão novamente voltados para a mítica necrópole de Dra Abu el-Naga, na margem oeste de Luxor, uma das áreas mais sagradas do Antigo Egito. É lá que pesquisadores acabam de encontrar três tumbas esculpidas na rocha, pertencentes a membros da elite do Novo Império, uma das épocas mais poderosas da história egípcia.
Esses achados incríveis ocorreram bem próximos de locais emblemáticos como o Vale dos Reis e os grandiosos templos de Karnak e Luxor, reforçando a importância desta região como centro funerário de nobres e altos funcionários da corte faraônica.
Quem foram os donos das tumbas?
Mesmo que os túmulos estejam parcialmente danificados, os arqueólogos conseguiram identificar quem foram os ocupantes dessas sepulturas. Duas delas datam da 18ª Dinastia, início do Novo Império. Uma delas pertenceu a Baki, que ocupava o cargo de supervisor dos celeiros, uma função vital no controle dos grãos e da economia da época.
O segundo túmulo, ainda sem nome completamente decifrado — identificado apenas pela inicial “S” —, foi de um homem que exercia um cargo de altíssima responsabilidade: supervisor do Templo de Amon no oásis, além de prefeito do oásis do norte e também escriba, um dos ofícios mais respeitados na sociedade egípcia.
A terceira sepultura é um pouco mais recente, do período conhecido como “ramséssida”, quando faraós da 19ª e 20ª dinastias governaram o Egito, todos levando o nome Ramsés. Ela pertenceu a Amum-em-Ipet, um importante funcionário ligado ao Templo de Amon e suas propriedades.
O que foi encontrado dentro das tumbas?
Mesmo bastante degradada, a tumba de Amum-em-Ipet surpreendeu os arqueólogos pela preservação de parte de sua arquitetura: um pequeno pátio, um corredor e um nicho funerário, cuja parede foi rompida ainda na Antiguidade, provavelmente para reutilização. O grande destaque está nas pinturas murais, que retratam de forma incrivelmente viva um banquete funerário e uma procissão, revelando os rituais e tradições funerárias daquele período.
As outras duas tumbas seguem o padrão típico das sepulturas de nobres do Novo Império: pátios abertos e poços funerários, onde geralmente são depositados os corpos e os objetos mais preciosos. E, sim, alguns artefatos já começaram a surgir — como estatuetas pintadas e bens funerários, que oferecem pistas valiosas sobre a vida e as crenças dos antigos egípcios.
O detalhe mais empolgante dessa descoberta é que os poços funerários ainda não foram completamente escavados. E é exatamente nesses locais que, historicamente, surgem os objetos mais surpreendentes — muitas vezes carregados para lá por sedimentos, água da chuva ou até abandonados por saqueadores da Antiguidade.
A expectativa dos arqueólogos é que, nos próximos meses, novos artefatos, inscrições e possivelmente até sarcófagos venham à tona, trazendo mais peças para o quebra-cabeça fascinante da história egípcia.
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Conclusão
Essa descoberta em Dra Abu el-Naga reforça como o Egito ainda guarda segredos enterrados há milênios. Cada escavação é uma oportunidade de desvendar não só os mistérios do passado, mas também entender como viviam, trabalhavam e celebravam os que moldaram uma das civilizações mais fascinantes que já existiu. E com os poços funerários ainda aguardando investigação completa, não há dúvidas: ainda vem muita surpresa por aí.
Fonte: smithsonianmag.com