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Transtornos alimentares explodem entre adultos: o que a ansiedade e a rotina digital estão causando no corpo e na mente

O aumento rápido dos casos preocupa especialistas, que apontam a pressão estética, o impacto das redes sociais e o estresse constante como fatores que agravam o problema.

A nova face dos transtornos alimentares entre adultos

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O avanço dos transtornos alimentares entre adultos vem surpreendendo especialistas em saúde mental e nutrição. Antes mais associados à adolescência, quadros como bulimia, compulsão alimentar, anorexia e novas formas de descontrole alimentar agora atingem pessoas entre 25 e 55 anos com frequência crescente. O fenômeno envolve múltiplos fatores, mas ganha força em um cenário marcado por ansiedade crônica, jornadas exaustivas e pressão para atender a padrões estéticos alimentados pela rotina digital.

Hospitais e clínicas relatam aumento de adultos buscando atendimento emergencial devido a episódios de compulsão, jejuns prolongados ou comportamentos purgativos. O uso intenso de redes sociais — especialmente plataformas visuais — tem influência decisiva no agravamento desses quadros. Fotos editadas, “corpos perfeitos”, dietas extremas e desafios alimentares viralizados criam um ambiente no qual a autocrítica e a insatisfação corporal se tornam parte do dia a dia.

Especialistas afirmam que o impacto emocional tende a se intensificar quando a pessoa já vive sob forte carga de estresse, seja no trabalho, na vida familiar ou nas relações sociais. Para muitos adultos, a comida acaba se transformando em válvula de escape, controle ou punição — mecanismos que, com o tempo, configuram um transtorno alimentar que exige tratamento especializado.

Como a ansiedade e a vida digital vêm remodelando a relação dos adultos com a comida

Ansiedade constante: o gatilho invisível por trás dos transtornos

Os transtornos alimentares têm um denominador comum: a perda de controle, seja comendo demais, comendo de menos ou alternando ciclos extremos. O aumento dos níveis de ansiedade entre adultos brasileiros — impulsionado por incertezas econômicas, excesso de trabalho, pressão por produtividade e múltiplas responsabilidades — cria um ambiente propício para o surgimento desses distúrbios.

A ansiedade altera hormônios responsáveis pelo apetite, dificultando a percepção de fome e saciedade. Em alguns casos, o corpo responde com compulsão; em outros, com aversão alimentar. A mente, por sua vez, busca compensações rápidas: comida para aliviar, jejum para “recuperar”, exercício exagerado para “compensar” — sempre em padrões que fogem do equilíbrio saudável.

Segundo entidades médicas, o número de adultos diagnosticados com algum transtorno alimentar dobrou na última década. O perfil mudou: hoje, muitos pacientes trabalham, têm família, vida social ativa e não se encaixam no estereótipo clássico desses transtornos. Isso dificulta o reconhecimento do problema.

Quando o trabalho e a rotina acelerada moldam comportamentos alimentares

Pular refeições, comer na frente do computador, substituir comida por café ou energéticos e tentar dietas restritivas como forma de “compensar o tempo perdido” se tornaram hábitos comuns. A soma de:

  • pouco sono,
  • longos períodos sentado,
  • pressão por resultados,
  • estresse constante

forma um círculo vicioso em que o corpo responde com episódios de compulsão ou restrição alimentar.

Profissionais de saúde destacam que a compulsão alimentar é hoje o transtorno mais comum entre adultos brasileiros, muitas vezes acompanhado de ganho rápido de peso, culpa intensa e isolamento.

Redes sociais: beleza filtrada, dietas perigosas e novas formas de adoecimento silencioso

A vida digital trouxe uma pressão estética ampliada. Vídeos de rotinas “perfeitas”, dietas milagrosas, corpos inalcançáveis e exercícios extremos criam um modelo de comparação contínua. Mesmo adultos seguros profissionalmente e financeiramente relatam afetos negativos com a própria imagem.

Além disso, surgiram novas expressões de transtornos alimentares associados ao universo digital, como:

  • Vigorexia: obsessão por músculos e treino excessivo.
  • Ortorexia: obsessão por comer apenas “alimentos 100% saudáveis”.
  • Cibercompulsão alimentar: episódios desencadeados por estímulos visuais de comida na internet.
  • Jejuns extremos promovidos por influenciadores sem respaldo científico.

Pesquisas mostram que o tempo de exposição às redes está diretamente ligado ao aumento da insatisfação corporal e à adoção de comportamentos alimentares disfuncionais.

A sensação de inadequação como combustível para o transtorno

Ao ver corpos considerados ideais sendo exibidos diariamente, muitos adultos passam a acreditar que precisam se encaixar nesses padrões para serem aceitos. A sensação de inadequação gera:

  • vergonha do próprio corpo,
  • restrição alimentar sem orientação,
  • busca por soluções rápidas e perigosas,
  • frustração constante,
  • recaídas que agravam o transtorno.

Esse ciclo se torna difícil de romper sem ajuda profissional.

Tratamento, prevenção e caminhos para uma relação saudável com a comida

Como identificar sinais de alerta

Os transtornos alimentares se manifestam de maneiras distintas, mas alguns sinais chamam atenção:

  • comer escondido ou em grande velocidade;
  • alternar jejum com episódios intensos de compulsão;
  • vergonha extrema do próprio corpo;
  • exercícios físicos excessivos e além do recomendado;
  • dieta altamente restritiva ou “sem exceções”;
  • culpa ou sofrimento após comer;
  • uso de laxantes, vômitos autoinduzidos ou medicações sem prescrição.

Muitos adultos mascaram seus sintomas com argumentos como “estou só tentando ser saudável” ou “só estou focado em melhorar o corpo”.

A importância da rede de apoio e da busca por profissionais

O tratamento envolve uma equipe multidisciplinar, geralmente composta por:

  • psicólogos,
  • psiquiatras,
  • nutricionistas,
  • endocrinologistas.

A abordagem inclui terapia cognitiva, reorganização alimentar, acompanhamento médico e, em alguns casos, medicação. A família e os amigos desempenham papel fundamental ao perceber sinais e incentivar a busca por ajuda.

Prevenção: como a vida offline pode ajudar mais do que parece

Para especialistas, pequenas mudanças de rotina fazem diferença:

  • reduzir o tempo nas redes sociais;
  • priorizar refeições presenciais e sem distrações;
  • adotar exercícios moderados e com prazer;
  • criar rotinas de sono;
  • buscar hobbies fora do ambiente digital;
  • conversar abertamente sobre emoções, corpo e autoestima.

Ninguém está imune aos efeitos da vida acelerada. Cuidar da relação com a comida significa também cuidar da própria saúde emocional.

Quando a tecnologia ajuda, e não atrapalha

Aplicativos de meditação, rotinas guiadas de relaxamento, ferramentas de controle de ansiedade e acompanhamento psicológico online podem ser aliados quando usados de forma equilibrada. A chave está em evitar conteúdos tóxicos e optar por plataformas que promovam bem-estar real, e não comparação.

Transtornos alimentares explodem entre adultos: o que a ansiedade e a rotina digital estão causando no corpo e na mente

Perguntas Frequentes (FAQ)

1. Transtornos alimentares são comuns apenas entre jovens?
Não. Hoje, adultos entre 25 e 55 anos representam uma parcela crescente dos diagnósticos.

2. Como saber se tenho compulsão alimentar?
Episódios repetidos de perda de controle, comer rápido, vergonha e culpa após comer são sinais importantes.

3. Redes sociais podem causar transtornos alimentares?
Elas não “causam” sozinhas, mas aumentam riscos, especialmente pela comparação constante e pressão estética.

4. Transtornos alimentares têm cura?
Têm tratamento. Com acompanhamento adequado, a maioria das pessoas melhora significativamente.

5. Exercícios excessivos também podem ser transtorno?
Sim. Quando usados como compensação alimentar, podem indicar vigorexia ou comportamento compulsivo.

6. Dietas muito restritivas são perigosas?
Sim. Além de prejudicar a saúde física, podem desencadear episódios de compulsão e transtornos graves.

7. Ansiedade e transtornos alimentares estão relacionados?
Estão profundamente ligados. A ansiedade altera a regulação emocional e pode levar a quadros de compulsão ou restrição.

8. Quando devo procurar ajuda?
Sempre que a relação com a comida causar sofrimento, culpa, isolamento ou perda de controle.

Conclusão

O avanço dos transtornos alimentares entre adultos mostra que a saúde mental, a autoestima e a relação com o corpo estão profundamente conectadas ao ritmo digital e às pressões do cotidiano. A ansiedade e o consumo constante de padrões inalcançáveis têm adoecido pessoas de todas as idades, profissões e realidades. Reconhecer os sinais e buscar apoio profissional são passos essenciais para quebrar o ciclo.

Para continuar acompanhando temas de saúde, comportamento e qualidade de vida, o leitor pode acessar outros conteúdos produzidos pelo Jornal da Fronteira.

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