O centro histórico de Roma, conhecido por abrigar séculos de arte e arquitetura, foi palco de uma tragédia nesta segunda-feira (3). A Torre dei Conti, uma das construções medievais mais imponentes da capital italiana, sofreu um colapso parcial durante obras de restauração financiadas pela União Europeia. O acidente resultou na morte de Octav Stroici, um operário romeno de 66 anos que ficou preso sob os escombros por mais de 11 horas. A tragédia reacendeu o debate sobre a segurança em projetos de restauração de monumentos históricos e as condições de trabalho em estruturas antigas e frágeis.
Colapso inesperado
O desabamento ocorreu pela manhã, quando o contraforte central da torre cedeu, provocando o colapso de parte da base. Três trabalhadores conseguiram escapar ilesos, e um quarto foi hospitalizado com ferimentos leves. Stroici, no entanto, ficou preso sob toneladas de entulho, iniciando uma operação de resgate que mobilizou dezenas de bombeiros, engenheiros e equipes médicas.
Os socorristas enfrentaram um cenário de altíssimo risco. A estrutura da torre apresentava instabilidade e desmoronava em trechos sucessivos, o que obrigou as equipes a interromper a operação diversas vezes. Segundo o porta-voz do Corpo de Bombeiros, Luca Cari, a prioridade era evitar novos colapsos enquanto tentavam alcançar o operário.
Durante a tarde, os bombeiros utilizaram guindastes e tubos de sucção para remover cuidadosamente os escombros. Stroici chegou a manter contato com os socorristas, recebendo oxigênio por meio de uma máscara enquanto esperava ser libertado.
O prefeito de Roma, Lamberto Giannini, declarou que a operação foi “um trabalho de extrema precisão e paciência”, pois cada movimento podia provocar novos deslizamentos. “A cada vez que libertávamos uma parte do corpo da vítima, mais destroços caíam sobre ela”, relatou.
Após longas horas de resgate, Stroici foi retirado dos escombros ainda com vida, mas sofreu uma parada cardíaca dentro da ambulância. Apesar dos esforços da equipe médica, o operário faleceu a caminho do hospital. O Ministério das Relações Exteriores da Romênia lamentou publicamente a morte e prestou solidariedade à família, destacando a coragem do trabalhador.
Diante da tragédia, a Procuradoria de Roma abriu uma investigação por “desastre culposo e homicídio doloso”. As autoridades querem apurar se houve falhas na supervisão das obras ou negligência na avaliação estrutural do edifício.
Um símbolo da Roma medieval
Construída no início do século XIII, a Torre dei Conti é um dos últimos testemunhos da Roma feudal. Erguida por ordem do Papa Inocêncio III, o monumento foi dedicado à poderosa família Conti e chegou a medir entre 50 e 60 metros de altura. Séculos de terremotos, no entanto, reduziram sua estrutura para os atuais 29 metros, ainda imponentes sobre a Via Cavour, a apenas 1,5 quilômetro do Coliseu.
Desabitada desde 2006, a torre vinha sendo restaurada desde junho deste ano, em um projeto de cerca de US$ 8 milhões (R$ 42,8 milhões) custeado pela União Europeia. O objetivo era transformá-la em um museu histórico, com obras de modernização elétrica, hidráulica e de iluminação, além da retirada de materiais tóxicos como o amianto.
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