Fenômenos devastadores alcançaram Rio Bonito do Iguaçu, Guarapuava, Candói e Laranjeiras do Sul, no Paraná, além de Xanxerê e Dionísio Cerqueira, em Santa Catarina. Cinco pessoas morreram, mais de 430 ficaram feridas, 125 famílias perderam suas casas e ao menos 60 residências foram danificadas, segundo autoridades locais.
Uma sequência de tornados de grande intensidade atingiu o Sul do Brasil na tarde de sexta-feira, 7 de novembro de 2025, provocando destruição em diversas cidades do Paraná e de Santa Catarina. O fenômeno, originado a partir de uma frente de tempestade com características de supercélulas, surpreendeu meteorologistas pela força e pela extensão dos danos registrados. No Paraná, o município de Rio Bonito do Iguaçu foi o mais atingido, com cinco mortes confirmadas — quatro na própria cidade e uma em Guarapuava — além de mais de 430 pessoas feridas.
As rajadas de vento, que chegaram a ultrapassar os 200 km/h, arrancaram telhados, derrubaram postes e árvores, destruíram boa parte da infraestrutura urbana e deixaram a cidade sem energia elétrica. Com cerca de 14 mil habitantes, Rio Bonito do Iguaçu enfrentou um cenário de calamidade: aproximadamente 80% da área urbana sofreu algum tipo de dano. Equipes de resgate tiveram de montar um hospital de campanha para atender as vítimas, enquanto a Defesa Civil confirmou que 28 pessoas ficaram desabrigadas, cerca de mil foram desalojadas e outras dez mil foram diretamente afetadas pela tragédia.
O Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar) classificou o tornado preliminarmente como de categoria F2, com ventos variando entre 180 e 250 km/h, mas não descartou a possibilidade de reclassificação para F3, devido à gravidade dos estragos. Além de Rio Bonito do Iguaçu, as cidades de Candói, Laranjeiras do Sul e Guarapuava também registraram danos e interrupções no fornecimento de energia elétrica.
Em Santa Catarina, o município de Xanxerê, no Oeste do estado, também foi duramente atingido por ventos e chuvas intensas. O vendaval provocou destelhamentos, quedas de árvores e postes, e causou prejuízos significativos à rede elétrica. A Defesa Civil informou que cerca de 125 famílias buscaram lonas junto ao Corpo de Bombeiros para proteger suas residências. Os bairros Esportes, Colatto, Centro, São Jorge, Frederico Ferronatto, Bortolon e Vila Sésamo foram os mais afetados. Apesar dos danos materiais, não houve registro de feridos.
Três centros de educação infantil da rede municipal sofreram danos estruturais, e as equipes da prefeitura atuaram na limpeza de vias, distribuição de telhas e orientação à população para evitar riscos de acidentes durante os reparos.
No extremo-oeste catarinense, Dionísio Cerqueira também decretou situação de emergência após ser atingido por um tornado por volta das 16h30. As comunidades Jorge Lacerda e Gleba União foram as mais prejudicadas, com cerca de 60 residências danificadas — uma delas totalmente arrancada pelos ventos. Houve ainda destelhamentos, queda de árvores e danos em uma escola, uma igreja e uma empresa de ônibus. Duas pessoas ficaram feridas, cerca de 30 ficaram desalojadas, mas não houve desabrigados. Cinco estradas municipais foram interditadas devido à queda de árvores e destroços.
Diante da gravidade da situação, a prefeitura de Dionísio Cerqueira publicou decreto permitindo contratações emergenciais e solicitando apoio dos governos estadual e federal. As equipes municipais e voluntários trabalham na desobstrução de vias, levantamento de danos e assistência às famílias atingidas.
De acordo com meteorologistas, os tornados foram gerados a partir de uma linha de instabilidade provocada por um ciclone extratropical, fenômeno caracterizado pela combinação de ar quente e úmido com correntes frias em níveis elevados da atmosfera. O meteorologista Piter Scheuer explicou que as supercélulas formadas nesse tipo de sistema são capazes de produzir ventos destrutivos e queda de granizo em grande escala.
Embora alertas de tempo severo tenham sido emitidos com antecedência, a velocidade e a força do fenômeno surpreenderam os moradores. As autoridades estaduais e municipais continuam mobilizadas em ações de resgate, assistência e reconstrução, enquanto a população permanece em alerta diante da possibilidade de novas tempestades nos próximos dias.



