Em um achado que impressiona tanto pela beleza quanto pelo valor histórico, parte de um bracelete de ouro viking foi encontrada na Ilha de Man, lançando uma nova luz sobre o legado nórdico que permeia a região. O fragmento foi localizado durante a primavera de 2025 por Ronald Clucas, experiente detectorista de metais, e oficialmente reconhecido como Tesouro segundo a Lei do Tesouro da Ilha de Man de 2017.
De acordo com o Manx National Heritage, o artefato pesa 27,26 gramas e se destaca pelo trabalho minucioso: oito fios de ouro trançados formam a joia, revelando a perícia de um ourives nórdico habilidoso. Estima-se que a peça date de um período entre 1000 e 1100 d.C.
“Fiquei sem palavras ao encontrar esse lindo fragmento de ouro”, relatou Clucas, que integra a Sociedade de Detectores de Manx. “Descobrir ouro da Era Viking é realmente algo muito especial.”
Essa não foi a primeira vez que Clucas encontrou tesouros escondidos. Celebrando cinco décadas de atuação com detectores de metais, ele já havia desenterrado um lingote de prata e outro de chumbo em 2005. No entanto, esta nova descoberta, ele afirma, supera todas as anteriores.
Segundo Allison Fox, curadora de arqueologia do Manx National Heritage, a raridade do ouro viking em relação à prata o tornava ainda mais valioso, tanto do ponto de vista econômico quanto simbólico. “Joias como essa funcionavam como reservas de riqueza, itens de troca e objetos de prestígio”, explicou. “Este fragmento de bracelete foi cortado em duas ocasiões, indicando que pode ter sido utilizado em pelo menos duas transações distintas.”
Os cortes na joia também refletem a complexidade das economias vikings, onde barras de ouro e moedas coexistiam como formas complementares de valor. “Esses itens não eram apenas acessórios sofisticados — eles eram literalmente a moeda que circulava na época”, completou Fox.
O mistério do enterro
A razão pela qual o bracelete foi enterrado permanece envolta em especulação. Teria sido ocultado para proteção, esquecido em um acidente ou talvez depositado como uma oferenda aos deuses nórdicos? “Jamais saberemos ao certo”, disse Fox. “Mas o fragmento permaneceu soterrado por séculos, até o momento em que foi redescoberto.”
A influência dos vikings na Ilha de Man remonta ao século IX, quando chegaram inicialmente como comerciantes e depois se estabeleceram, deixando marcas indeléveis na política e na cultura local. Um reflexo vivo desse legado é o Tynwald, o parlamento da ilha, considerado uma das instituições parlamentares mais antigas do mundo, com raízes que remontam à governança viking.
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