Durante recentes escavações no Vale do Jordão, em Israel, uma equipe de arqueólogos da Universidade de Haifa fez uma descoberta extraordinária: um conjunto de moedas raras datadas de mais de 2.000 anos, remontando à dinastia Hasmoneu, que governou o antigo Reino da Judeia entre 140 a.C. e 37 a.C. O achado, considerado um dos mais significativos do período, lança nova luz sobre a história e a cultura da época.
As moedas encontradas pertencem ao período do rei Alexandre Janeu, que governou a Judeia entre 104 a.C. e 76 a.C. A dinastia Hasmoneu ficou marcada por sua luta pela independência do Império Selêucida, culminando na revolta dos Macabeus e na fundação de um reino próspero, mas de vida curta. Alexandre Janeu foi um governante emblemático desse período, conhecido tanto por suas campanhas militares quanto por suas reformas econômicas e religiosas.
Essas moedas não apenas representam um objeto de valor econômico, mas também são cápsulas do tempo, registrando símbolos e inscrições que revelam detalhes do poder e da cultura daquela sociedade. Cada moeda possui uma estrela de oito pontas e uma inscrição em aramaico que diz “Rei Alexandre Ano 25”, indicando o 25º ano de seu reinado, correspondente a 79 a.C. No verso, uma âncora e inscrições em grego reafirmam o vínculo cultural e político com o Mediterrâneo.
A descoberta foi feita em Nahal Tirzah, uma rota antiga que ligava viajantes a um importante posto avançado conhecido como Fortaleza de Alexandrion. As moedas estavam escondidas junto a uma parede, possivelmente em um saco de couro que se desintegrou com o tempo. A localização sugere que o tesouro pode ter pertencido a um comerciante que operava na estação de passagem, um local movimentado onde mercadorias e dinheiro eram trocados.
Além das moedas, o sítio arqueológico revelou estruturas bem preservadas, incluindo um banho ritual (mikveh) e um reservatório de água. Esses achados indicam que a estação era um ponto de descanso bem equipado para viajantes da época.
Segundo o arqueólogo Dr. Shai Bar, líder da equipe de escavação, o conjunto de moedas oferece uma oportunidade única de entender o período hasmoneu com maior precisão. “Esse espaço ficou ativo por um período limitado de tempo. As moedas nos fornecem uma cápsula do tempo muito precisa, algo raro em arqueologia”, explicou.
A descoberta também reforça a relevância do reinado de Alexandre Janeu, não apenas como governante, mas como figura histórica central em uma época de transformação para a Judeia. Suas moedas ilustram a fusão cultural e religiosa que caracterizou seu governo, com símbolos que remetem tanto à tradição judaica quanto à influência helenística.
Curiosamente, a descoberta ocorreu durante a celebração de Hanukkah, o que levou os arqueólogos a apelidarem o achado de “milagre arqueológico de Hanukkah”. O feriado comemora a vitória dos Macabeus contra o Império Selêucida e a rededicação do Segundo Templo em Jerusalém, eventos que marcaram o início da dinastia Hasmoneu.
O rei Alexandre Janeu, descendente direto de Mattathias, líder da revolta dos Macabeus, desempenhou um papel significativo na consolidação do reino fundado por seus ancestrais. Para os membros da equipe de escavação, encontrar o tesouro durante Hanukkah foi uma experiência que uniu história e espiritualidade.
Esse achado enriquece nossa compreensão do período hasmoneu, iluminando aspectos da vida econômica, cultural e religiosa do reino. Além disso, ressalta a herança cultural do Vale do Jordão, uma região com importância histórica que transcende os séculos.
A descoberta das moedas reforça a importância de preservar sítios arqueológicos e investir em pesquisas que conectem o passado ao presente. Para os arqueólogos, cada peça encontrada não é apenas um objeto, mas um fragmento de uma narrativa maior que ajuda a contar a história da humanidade.