Em janeiro deste ano, a região Norte do Brasil foi sacudida por dois terremotos de significativa magnitude, marcando um episódio sem precedentes na história sismológica do país. O mais notável desses eventos foi registrado no dia 21 de janeiro, com uma intensidade de 6,6 graus na escala Richter, sendo classificado como o maior tremor de terra já documentado em território brasileiro.
Contrariando a expectativa inicial, os epicentros desses abalos sísmicos não tiveram sua origem no solo brasileiro. Conforme elucidado pelo renomado sismólogo Bruno Collaço, do Centro de Sismologia da USP, os fenômenos foram desencadeados na região da Cordilheira dos Andes, em uma ocorrência comumente denominada de “sismos andinos”. A propagação desses tremores resultou em sua percepção e impacto em solo brasileiro, mesmo tendo sua fonte primária a milhares de quilômetros de distância.
O tremor de 21 de janeiro, focalizado na cidade de Tarauacá, no estado do Acre, ocorreu em uma profundidade surpreendente, ultrapassando os 600 quilômetros abaixo da superfície terrestre, conforme dados fornecidos pelo Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS). Esta profundidade excepcional mitigou consideravelmente os danos materiais e ambientais, preservando a região amazônica de impactos significativos na fauna, flora e nos cursos d’água.
Embora menos frequentes e menos intensos do que os eventos recentemente observados, os tremores de terra de baixa magnitude são fenômenos relativamente comuns em território brasileiro. Segundo o Centro de Sismologia da USP, abalos de magnitude 2 e 3 ocorrem semanalmente, em média, com profundidades em torno de 5 quilômetros. Regiões como Ceará, Rio Grande do Norte, sudeste de Minas Gerais e o interior de São Paulo são áreas frequentemente afetadas por esses eventos naturais.
A explicação para a ocorrência desses tremores remonta às pressões exercidas sobre as rochas da crosta terrestre, um fenômeno intrinsecamente ligado à dinâmica geológica do planeta. Enquanto tal fenômeno é considerado parte natural do ciclo da Terra, especula-se também sobre a influência de fatores antropogênicos, como a possível indução de tremores por atividades em reservatórios de hidrelétricas, embora esta correlação seja notoriamente complexa de ser comprovada.
Em resumo, os eventos sísmicos ocorridos em janeiro deste ano no Norte do Brasil oferecem uma oportunidade para compreendermos melhor a dinâmica geológica da região e reforçam a importância da vigilância e preparação para situações de emergência, mesmo em áreas historicamente menos propensas a esses fenômenos.