Uma nova descoberta arqueológica está reacendendo o interesse na rica história do Egito antigo. Durante escavações no lado oeste do templo principal em Sohag, arqueólogos encontraram um pilone completo de um templo ptolomaico, descrito como um marco significativo.
Essa revelação foi feita pela missão arqueológica conjunta egípcia-alemã, liderada pelo Dr. Mohamed Ismail Khaled, do Conselho Supremo de Antiguidades do Egito, em colaboração com a Universidade de Tübingen, na Alemanha. O templo, localizado na antiga cidade de Athribis, é dedicado ao deus Min-Re, à deusa leoa Repyt e ao filho deles, o deus-criança Kolanthes.
A descoberta é notável não apenas pela preservação do pilone, mas também pelos detalhes encontrados, como textos hieroglíficos e representações de figuras mitológicas. O local, que já revelou diversos artefatos, continua a surpreender pesquisadores, lançando luz sobre o período ptolomaico, uma era marcada pela fusão das culturas grega e egípcia.
O pilone recém-descoberto mede impressionantes 51 metros de largura e é dividido em duas torres, cada uma com 24 metros de largura, separadas pelo portão de entrada. Essa estrutura monumental servia como a fachada do templo, simbolizando a grandiosidade e a importância cultural da construção. Durante a limpeza do portão principal, textos hieroglíficos foram encontrados decorando tanto a fachada externa quanto as paredes internas.
Cenas representando Ptolomeu VIII, considerado um possível fundador do templo, interagindo com a deusa Repyt e seu filho foram desenterradas, fornecendo detalhes sobre a dinâmica religiosa e política do período. Além disso, o nome da Rainha Cleópatra III foi identificado em cartuchos gravados, reforçando a conexão histórica entre os governantes ptolomaicos e o templo.
O período ptolomaico (305-30 a.C.) foi um dos mais fascinantes da história do Egito. Após a conquista de Alexandre, o Grande, e a ascensão de Ptolomeu I Sóter, o Egito tornou-se um centro de intercâmbio cultural entre as tradições gregas e egípcias. Os governantes dessa dinastia adotaram trajes faraônicos e práticas religiosas locais enquanto introduziam a língua e a arte gregas na região.
A descoberta do pilone de Batlmy oferece uma visão mais detalhada desse período, permitindo aos pesquisadores compreender melhor as complexas relações entre a religião, a política e a cultura do Egito ptolomaico.
Os textos hieroglíficos encontrados no templo são uma fonte inestimável de informações. Eles não apenas detalham a história e as funções do templo, mas também oferecem pistas sobre os rituais realizados em homenagem aos deuses Min-Re e Repyt. Um dos achados mais intrigantes é a representação de Repyt ao lado do deus da fertilidade Min, cercados por divindades menores que, segundo especulações, poderiam ser usadas para medir o tempo durante a noite.
Esses textos também mencionam eventos significativos do reinado de Ptolomeu VIII, cujas descobertas são relativamente raras. Ele é retratado como um político astuto, apesar de descrições gregas que o caracterizam como cruel e degenerado.
A inclusão do nome de Cleópatra III nos cartuchos é especialmente significativa. Essa rainha desempenhou um papel fundamental na história ptolomaica, e sua menção no templo sugere sua importância na manutenção do poder e da devoção religiosa da dinastia.
Além disso, a câmara sul do templo, descoberta anteriormente por uma missão britânica, complementa os novos achados. A entrada para essa área é decorada com textos hieroglíficos e cenas que reforçam a presença de Repyt como padroeira do templo.
A missão arqueológica egípcia-alemã tem trabalhado em Athribis há mais de uma década. Durante esse período, foram descobertos componentes importantes do templo principal, incluindo óstracos com textos em demótico, copta e hierático. Esses achados oferecem uma visão ampla da vida religiosa e administrativa do local, destacando a importância de Athribis como centro de culto.
No topo de um lance de escadas, os pesquisadores encontraram um objeto desconhecido que pode ter servido para fins rituais ou administrativos. Essa descoberta levanta questões sobre o uso do espaço e os eventos que ocorreram no templo ao longo dos séculos.
A descoberta do pilone de Batlmy marca um avanço significativo na arqueologia egípcia. Ela não apenas enriquece nosso entendimento do período ptolomaico, mas também reforça a importância de Sohag como um centro cultural e religioso ao longo da história.
Com o apoio do Conselho Supremo de Antiguidades e da Universidade de Tübingen, a equipe planeja continuar as escavações, explorando áreas ainda não descobertas do templo. Essa colaboração promete revelar novos segredos, lançando luz sobre a história antiga e os complexos entrelaçamentos culturais que definiram o Egito ptolomaico.
A descoberta do pilone completo do templo ptolomaico em Sohag representa mais do que um marco arqueológico; é um lembrete poderoso da riqueza cultural do Egito antigo e da importância de preservar sua herança. À medida que as escavações continuam, espera-se que novos achados aprofundem nossa compreensão desse período fascinante, conectando o presente a um passado repleto de mistério e esplendor.