Uma super tempestade solar, ocorrida há mais de 14 mil anos, foi identificada como a mais intensa já registrada na história do planeta. O fenômeno foi, simplesmente, 500 vezes mais forte do que a maior tempestade solar registrada na era moderna.
O alerta vem de um estudo publicado na renomada revista científica Earth and Planetary Science Letters, liderado por pesquisadores da Universidade de Oulu, na Finlândia. Essa descoberta coloca em perspectiva os riscos que essas tempestades representam para a civilização atual, altamente dependente de tecnologia.
Tempestade solar deixou marcas nas árvores dos alpes
Os pesquisadores descobriram os vestígios desse evento extremo ao analisar os anéis de crescimento de árvores antigas nos Alpes franceses. Eles identificaram um aumento súbito na concentração de carbono-14 por volta do ano 12.350 a.C., um claro indicativo de uma atividade solar muito além dos padrões normais.
Esse tipo de radiação é resultado direto da interação entre prótons de altíssima energia, liberados durante ejeções de massa coronal (CME), e a atmosfera da Terra. Quando esses prótons atingem nosso planeta, geram reações nucleares que deixam cicatrizes químicas nos anéis das árvores e nos sedimentos naturais.
O que é uma tempestade solar e por que ela é tão perigosa?
Uma tempestade solar ocorre quando o Sol libera uma enorme quantidade de partículas carregadas e radiação, geralmente através de explosões solares ou ejeções de massa coronal. Esses eventos podem impactar severamente a Terra, afetando satélites, redes elétricas, sistemas de navegação, comunicação e até internet.
Embora as auroras boreais registradas em maio de 2024 tenham sido as mais intensas em décadas — talvez até nos últimos 500 anos, segundo especialistas —, elas são insignificantes diante da potência desse evento ocorrido há milênios.
Evento foi centenas de vezes mais potente que qualquer outro
De acordo com Ksenija Gorbunova, autora principal do estudo, essa super tempestade representa um risco real para o mundo moderno, especialmente devido à nossa dependência de infraestrutura elétrica e tecnológica.
As simulações feitas com base nos dados coletados indicam que essa tempestade foi cerca de 18% mais intensa do que o evento de 775 d.C., que até então era considerado o maior da história conhecida. E, quando comparada à maior tempestade registrada na era dos satélites — em 2005 —, o evento de 12.350 a.C. foi simplesmente 500 vezes mais forte.
Há registros de outras super tempestades solares na história
Embora esse tenha sido o mais intenso, outras tempestades solares de grande magnitude já foram identificadas em diferentes períodos históricos, como nos anos 994 d.C., 663 a.C., 5259 a.C. e 7176 a.C.. No entanto, nenhuma se compara, em escala e intensidade, ao chamado “Evento 12350 a.C.”, que aconteceu antes mesmo do início do Holoceno, o período de estabilidade climática que permitiu o desenvolvimento da civilização humana.
Um alerta para o presente e para o futuro
O estudo reforça que tempestades solares desse porte, embora extremamente raras, não são impossíveis de acontecer novamente. E se algo semelhante ocorresse nos dias atuais, o impacto seria devastador para satélites, sistemas GPS, redes de energia, comunicação e até o funcionamento da internet mundial.
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